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2 de novembro de 2009

Consciência de forma e de classe num romance visceralmente paulista, por Chico Lopes

Uma noção que parece arraigada nas fileiras da crítica literária, hoje em dia, causa a impressão contínua de que há duas correntes editoriais em atividade: uma em que os escritores cuidariam de enredos, personagens e histórias bem contadas e outra em que a preocupação seria acima de tudo com a linguagem, a invenção e a fragmentação narrativa sem preocupação com linearidade. Dentro deste raciocínio, a primeira daria em livros populares, candidatos a best-sellers superficiais e descartáveis ou então irremediavelmente anacrônicos com seu realismo inteligível, e a segunda desembocaria em livros lidos só pelo autor e seus no máximo cinco ou seis amigos de algum boteco em moda, com volumes destinados a formar pilhas fracassadas em garagens particulares desses escritores que, decididamente, jamais poderiam aspirar a ser conhecidos. Porque a qualidade que suporiam ter seria violentamente desmentida por resultados em livros de peito estufado, mas estruturalmente pífios, ou talvez bons, mas inatamente impopulares.

A divisão tem suas verdades, mas em certa medida é estanque - há muita gente procurando contar boas histórias sem abrir mão das liberdades e conquistas formais obtidas pela modernidade literária e há muitos livros ditos experimentais, ousados ou "transgressivos" que são simples e irremediavelmente chatos, paradoxalmente envelhecidos em sua diluição das vanguardas, destinados a "morrer na praia" menos por injustiça do mercado editorial que pela sua presunção e seu descuido metido a vanguardeiro - a julgar por eles e pelas declarações de seus autores, todos uns gênios injustiçados e ressentidos, o Mercado (assim, com maiúscula) é, decididamente, um vilão hediondo.

Por isso a situação no mundo literário parece tão controversa e tensa - há grupelhos e egos demais, patotas que exigem adesão ou condenam o resistente à morte e à invisibilidade de tal modo que escritores mais sérios e cuidadosos, com exigências mais profissionais, são vistos como vendidos ao tal difuso Mercado ou violentamente condenados por amadores displicentes que não amam senão a literatura que eles próprios fazem e acham de uma importância descomunal renegar todas as outras.

Tudo isso tem sido um terreno propício demais à clássica e óbvia "inversão dos valores" e prolonga o clima tenso que sempre se verificou na chamada "vida literária" brasileira, com gerações e escolas, pedantes e intuitivos se digladiando, rangendo dentes, bradando calúnias e clamando vinganças e cometendo notórias e cegas injustiças. Raramente conseguindo chegar a um patamar estável de profissionalismo (que dispensaria muitas polêmicas ardentes e fúteis), o escritor brasileiro simplesmente interessado em escrever bem parece totalmente perdido em meio a tantos tiroteios de gente que se improvisa literata prematuramente demais e quer justificar sua mediocridade e displicência na razão ou na histeria. Sair chamuscado é praticamente infalível.

Daí, surpreendo-me quando encontro a primeira obra de ficção de uma autora que, decididamente, parece não se importar muito com esses antagonismos e futilidades endêmicos. Ela é Ivone C. Benedetti e o livro se chama "Immaculada" (edição da Martins Fontes, 379 páginas).

O livro pode dar a impressão superficial de se filiar a um tipo mais tradicional de leitura com sua capa e aspecto sóbrio. Mas eu o peguei e não consegui largá-lo. Porque, acima de tudo, é um romance bem contado e tem esse mérito nada desprezível de ter uma história com começo, meio e fim que de modo algum é desinteressante ou "careta". É apenas uma excelente história. E seus personagens estão longe de qualquer maniqueísmo - mesmo seu quase monstruoso personagem principal, que ocupa mais espaço que a própria personagem-título, é um ser humano de quem de vez em quando sentimos compaixão. A escritura de Benedetti é sutil e não tipifica - sempre que se pensa que um dado personagem cairá no clichê, ele se prova vivo, contraditório e matizado e até mais compreensível, à luz do contexto histórico, do que se imaginaria. Por outro lado, em livros ditos inventivos e experimentais, sem enredo ou direção que não os caprichos de linguagem do "inventor", não raro encontramos personagens mais estereotipados que nos livros mais tradicionalmente armados como este. Os que em geral acusam os livros com enredo e personagens definidos de retrógrados não saberiam construir coisas assim, não têm o cuidado e a humildade da verdadeira arte literária.

* * *

Ivone C. Benedetti, que primeiro dedicou-se ao magistério e depois às traduções (de italiano e francês), constrói seu enredo com paciência e congruência. E, além de tudo, escreveu um romance visceralmente paulista, cuja história, cobrindo os fins dos anos 20, a revolução de 32, a tomada de poder por Getúlio (que descontenta facções poderosas da elite paulistana) e avançando sutilmente no tempo e no espaço, traz um panorama que mexe com quem, de uma geração mais recuada, informada e politizada, nasceu no interior ou na capital do estado. Além de tudo, há um vaivém sutil dos personagens entre campo e cidade, mostrando aquilo de que a gente vem suspeitando intuitivamente há muito tempo - que o coronel do campo, prepotente, autoritário, machista e racista ao cubo, continua vivo na alma de grande parte no empresário moderno que forma, junto com outros "jagunços envernizados", grupos influentes de pressão e lobbies junto aos políticos, das grandes cidades. Entre a injustiça e o atavismo, o passo é curto.

Francisco, advogado e fazendeiro, é bem isso. Sem nenhuma comparação com o "São Bernardo", de Graciliano Ramos, ele é o homem que "fez coisas ruins que deram lucro e coisas boas que deram prejuízo", o Paulo Honório dono de terras e triturador de almas prepotente e egoísta que não consegue enxergar um palmo além de seus interesses. Ademais, tem sua Madalena na mulher, Lucinha, o que resulta em episódios dramáticos e absorventes na primeira parte.

Só na segunda parte é que veremos surgir Immaculada e entenderemos a razão de seu nome ter valido para título do romance. Na primeira parte, a ambientação em fazendas paulistas dos anos 20 e 30 é muito correta, do ponto de vista sociológico e reconstituição histórica, Benedetti tem perícia nas descrições e a criação de uma atmosfera fica garantida por todos os cuidados bem visíveis de uma autora sem pressa. Mas, saltando para a cidade grande, ela não é menos habilidosa.

Dois personagens frutos do machismo, o velho Evaristo e seu filho também Evaristo, ilustram muito bem o que mencionei quanto à ausência de maniqueísmo e traços tipificados em Benedetti. São dois mulherengos, o filho de maneira mais debochada e óbvia que o pai - são os machões clássicos para quem as mulheres são uma distração e, caso independentes e infiéis, um senhor problema. Com eles, vamos vagar por uma região entre Botucatu e Ribeirão Preto, mergulhar no atavismo dos fazendeiros com suas "amigadas", sua arrogância de donos de consciências políticas e comerciantes de pequenas cidades num Brasil que muito lentamente deslocava seu eixo vital do campo para a cidade (e que até hoje não perdeu seu atavismo de atraso mental roceiro, sob muitos aspectos; o fantasma do Arcaico entre nós é muito vigoroso e isso torna o livro de Benedetti atual). O Evaristo filho se perde por puro sensualismo, lascívia, bebedeira, pusilanimidade e vadiagem irresponsável de filho de rico, mas não deixamos de compreendê-lo por isso - suas fraquezas são muito humanas. O Evaristo pai, até certa altura um vilão aparente, é mais simpático e vivo (o que resulta em sua atração sexual) que o personagem principal, seu filho Francisco, e assim Benedetti, habilidosamente, evita que o leitor se plante num terreno previsível. Tudo isso faz com que fiquemos presos à movimentação da narrativa, interessados o tempo todo.

Na segunda parte, veremos um movimento social e histórico definido, quando colonos italianos expulsos em decorrência de truculências e arbitrariedades dos fazendeiros do interior se fixam na capital e vão engrossar as fileiras da esquerda sindical e da oposição ao fascismo (se bem que não faltem os politicamente omissos ou direitistas) num mundo paulistano italianizado perfeitamente conhecido por todos nós que conhecemos primeiro, no interior, os emigrantes fixados nos cafezais paulistas, e depois, em São Paulo, os que provieram tanto das roças interioranas quanto da própria Itália com ambições mais citadinas pelo perfil industrial da metrópole, por assim dizer.

Não é surpreendente, no segundo caso, encontrar-se aí tipos que evocarão até o Matarazzo tão economicamente importante para a capital e variações. Francisco, numa ótima cena, se reencontra com um italiano conhecido de seu pai no campo (venerador de Mussolini) instalado como fornecedor de frios e iguarias e, não resistindo aos muitos queijos que ele lhe oferece numa longa conversa à noite, padecerá de uma intoxicação alimentar violenta que quase o matará de madrugada. Punido pela gula? Não apenas: a sutileza da escrita de Benedetti mostra que, afeito a tudo que é estrangeiro por achar mais refinado, assim como acha que só na capital há pessoas cultas o bastante para conversar com ele, o advogado, intoxicado por tanto produto importado, revela aí seu colonialismo grosseiro e primário. Na verdade, é um deslumbrado, um ingênuo diante daquele mundo "sofisticado", como é ingênua e pretensiosa culturalmente grande parte da classe dominante que ele frequenta.

Em lances de interesse político e econômico, a ainda garota Immaculada entrará como objeto de venda descarado, e será oferecida a Francisco, a esta altura viúvo da infortunada Lucinha, como esposa. Na verdade, ele está mais interessado é na sua mãe e quem lhe aponta a menina, ironicamente, é seu pai, com quem, aliás, num outro lance de decisiva ironia, a menina simpatiza muito mais. De equívoco em equívoco, de dominação em dominação, de homens realmente desejados a homens social e politicamente impostos a mulheres submissas, este é um livro em que o feminismo, militante ou não, encontrará muitos motivos para teses.

As mulheres estão escravizadas aos seus papéis domésticos decorativos e não podem dar um passo além daí e às vezes parecem autênticos zumbis teleguiados por patriarcas arbitrários - os adultérios e falhas que ficariam muito evidentes são encobertos hipocritamente por reclusões forçadas em conventos ou terminam em suicídios. Mulher como pessoa não existe, para esses homens - qualquer esboço de emancipação dá em tragédia (para elas) - classicamente, claro, eles têm as suas concubinas, vivem sua falocracia à vontade e uma delas, aliás, muito amada pelo Evaristo pai (e parece sinceramente amada), se prova de uma astúcia muito maior do que a das esposas oficiais. Uma outra, de classe baixa, italiana, Annunziata, que parece uma vilã tenebrosa, mostra uma tão completa consciência de classe diante dos desmandos da patroa, mãe de Immaculada, que sua manobra vitimizando Immaculada com ajuda de seu irmão, Paolo, sedutor italiano, não chega nem a parecer tão terrível. É, aliás, uma das grandes qualidades do romance a sua consciência de classe que, não forçando na ideologia, é dramaticamente utilizada e artisticamente muito coesa. Essa aguda consciência de classe faz com que o sentimentalismo untuoso típico de telenovela ou folhetim barato vá para o ralo, graças aos céus. Todo mundo parece consistente e lucidamente plantado em seus papéis sociais e econômicos e o mundo se divide entre empregados e patrões em posições hostis que correspondem à realidade.

Immaculada, na verdade, terá um papel aparentemente pequeno em toda a história, se comparado ao do advogado Francisco, seu marido. Aparentando uma passividade mórbida, ela será objeto de troca e não poderá amar quem verdadeiramente a atraiu como homem, Paolo, o irmão de Annunziata, senão de modo inocente e desajeitado, sendo premiada com uma revelação desalentadora mais à frente. Mas tampouco o "cafajeste" bonitão que Paolo parece ser é um personagem estereotipado e detestável. Ele tem uma centelha de consciência que malogra os planos da irmã. Immaculada, a despeito de sua rebeldia, é encaminhada para o casamento como para um matadouro e é tida como "sonsa" por Francisco, que a quer como ornamento social e instrumento de ascensão política e econômica, mas é assim, "sonsamente", que espalhará a sua subversão e seu veneno em atitudes que terão um peso decisivo na narrativa. O conceito implícito em seu nome, de pureza feminina ideal, é uma carga injusta e humanamente absurda que toda mulher, sob a tirania do patriarcalismo hipócrita, cristão-utilitário e mórbido do Brasil, bem conhece. Deixo isso, claro, para conhecimento dos leitores.

Este é um livro que recomendo a todos. Ivone está iniciando sua carreira de ficcionista muito bem, virá com um livro de contos provavelmente no próximo ano e elabora um segundo romance, sempre com as preocupações sócio-políticas que a orientam. Um romance digno de ser esperado por todos que conhecerem "Immaculada".

Chico Lopes é autor de "Nó de sombras" (IMS, SP, 2000), e de "Dobras da noite" (IMS, SP, 2004), contos prefaciados o primeiro por Ignácio de L.Brandão e o segundo por Nelson de Oliveira. Tradutor, publicou também nova tradução do clássico "A volta do parafuso", de Henry James (Landmark, SP, 2004). Tem vários livros inéditos de ficção, poesia e ensaio.

Mais sobre Chico Lopes, clique aqui. Mais CRÔNICAS ou ENSAIOS, clique aqui. Mais RESENHAS, clique aqui.

Email: franlopes54@terra.com.br

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8 de novembro de 2008

Faulkner, turista aprendiz

Romancista carioca parte do fantasma da visita de Faulkner ao Brasil por ocasião de um congresso em 1954

FÁBIO DE SOUZA ANDRADE - COLUNISTA DA FOLHA

EXPERIÊNCIA, OBSERVAÇÃO e imaginação a serviço da tentativa de "criar pessoas verossímeis em situações comoventes e críveis, da maneira mais comovente possível". Assim William Faulkner, o modernista de "O Som e a Fúria" e "Luz em Agosto", entrevistado para a "Paris Review", em 1956, definiu ferramentas e ofício do escritor. Um ou outro destes ingredientes poderia faltar ou comparecer em doses discretas, mas o bourbon ou o uísque, estes o cronista do sul-americano, de sua gente atormentada e assombrada pelas cicatrizes do escravismo, não dispensava.
Antonio Dutra, 34, historiador e romancista carioca, partiu do fantasma da visita de uma semana de Faulkner ao Brasil, por ocasião de um congresso de escritores, em 1954, para compor sua imagem do encontro entre o homem célebre e o burburinho da província. Dela não nos faltam vestígios, da memória infalível do jornalista e crítico Renard Perez, craque do "Correio da Manhã" de então, à lenda de uma entrevista etílica, concedida ou não, pouco importa, a um Paulo Francis já topetudo, mas ainda foca. 
A possibilidade do personagem célebre soar como um livro, estação repetidora de verbetes enciclopédicos, da qual a descrição do retrato de Faulkner por Cartier-Bresson, transportada de seu texto para a capa, por exemplo, escapa, é uma armadilha poderosa (que o diga o Rubem Fonseca, do mesmo mês de "Agosto", cuja trama policial sucumbe ante a necessidade de trocar em miúdos as intrigas palacianas que mataram Getúlio Vargas).
Por timidez respeitosa, Dutra detém-se na superfície opaca do viajante, enxergando, entediado, duplos de Chicago nos prédios de SP: seu Faulkner não vence o mito e o retrato do país sai documental.
DIAS DE FAULKNER
Autor: Antônio Dutra
Editora: Imprensa Oficial
Quanto: R$ 25 (136 págs.)

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28 de setembro de 2008

O romance familiar da barbárie, de Manuel da Costa Pinto

A SEGUNDA Guerra Mundial gerou (além, é claro, de 50 milhões de mortos) formas específicas de literatura, na tentativa de registrar e traduzir o impacto da barbárie. De um lado, relatos da Resistência por autores engajados na luta contra o fascismo, como Beppe Fenoglio, na Itália, ou Jean Bruller, na França. De outro, a chamada "literatura de testemunho", com memórias dos sobreviventes de campos de concentração, como Primo Levi ou Robert Antelme.

São textos que evitam o tom épico, como se a retórica bélica fosse inadequada a um conflito que dissolveu o heroísmo individual na frieza tecnológica. No caso da Espanha, que viveu um conflito considerado a ante-sala da Segunda Guerra, essa literatura assumiu feições um pouco diferentes -como se pode ler em "Os Girassóis Cegos", de Alberto Méndez, romance com episódios relacionados à Guerra Civil Espanhola.

Em primeiro lugar, trata-se de uma obra escrita por um autor nascido em 1941, quando o confronto entre os franquistas apoiados por Hitler e os republicanos já havia se encerrado. Ou seja, o tema continua latejando no imaginário espanhol a ponto de, em pleno século 21, gerar obras como essa e romances como "Soldados de Salamina", de Javier Cercas, e "Vinte Anos e Um Dia", de Jorge Semprún.

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25 de agosto de 2008

Romance moderno de Carlos Henrique Schroeder: A Rosa Verde, por Silas Corrêa Leite.

O romance moderno de Carlos Henrique Schroeder, "A Rosa Verde" (Editora da UFSC em parceria com a Editora UNERJ) que também é dramaturgo e roteirista, invoca memórias reinventadas ou um importante refluxo de certo arquivo neural em vetor recorrente, re-produzindo fatos estupendamente reais do histórico de um povo, de um tempo, de um lugar? Tudo isso e muito mais.

A década de trinta e suas rupturas institucionais, historicidades plantadas num gomo da vida sulista, traumas, seqüelas, barbaridades e memórias hospedeiras. Jaraguá do Sul, Santa Catarina, terra residencial do autor, palco e curtume de virações. Personagens e assassinatos, datações e contações, um romance peculiar que vai e volta na calça curta do tempo, com as releituras como cetras espinheiras que atiram flashs de acordo com a peculiar linguagem gostosamente viçosa do escritor em ritmo de pensagens feito prosa rica.

"Quando a economia capitalista entra em colapso, e a classe trabalhadora marcha para o poder, então os capitalistas se voltam para o fascismo" - diz Leo Huberman, in, História da Riqueza do Homem (Zahar Editora), e aqui o retrato em preto e branco é pintado entre o fim das oligarquias da era café-com-leite (São Paulo e Minas Gerais em panelas políticas) mais a proletária República Varguista e seus meandros danosos em antros de escorpiões, como a Ação Integralista Brasileira, da grave extrema-direita e seus chamados camisas-verdes. Tudo em terras de Santa Catarina. A nova classe dominante emergente pondo as mangas de fora.

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22 de agosto de 2008

Homem no escuro

August Brill tem 72 anos e se recupera de um acidente de carro. Acossado pela insônia, o crítico literário aposentado tenta espantar pensamentos indesejáveis e concebe um mundo paralelo e labiríntico, em que os Estados Unidos estão em guerra não com o Iraque, mas consigo mesmos, na esteira da eleição de 2000, que sagrou Bush filho presidente. Cruzando as memórias de um homem de 72 anos que viveu intensamente cada instante de sua vida com as realidades iníquas e violentas de um mundo em pé de guerra, e ainda por cima encontrando espaço para uma subtrama labiríntica de corte fantástico e orwelliano, Auster mostra aqui seu trabalho ficcional.

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11 de junho de 2008

Dicionário Paulo Freire reúne 200 verbetes e 75 autores

Um dos títulos mais esperados do ano pelo nosso público leitor, O Dicionário Paulo Freire (Autêntica Editora, 448p. R$ 59,00). O livro reúne verbetes daquele que ainda é conhecido pelo caráter transformador do que pronunciava e pelo tom modificador que empregava às palavras: Paulo Freire. Com uma atuação fortemente marcada pela busca de uma sociedade mais justa por meio de uma educação humanizada, ele deixou para toda a eternidade seus pensamentos, que insistem em ser atuais com o passar dos anos. E é para compilar toda a riqueza do que acredita Paulo Freire, que 75 estudiosos decidiram produzir este dicionário de verbetes fundamentais para se pensar a Educação e, principalmente, os caminhos para uma pedagogia que atenda ao nosso anseio de dias melhores.

Coordenado por Danilo Streck, o projeto não se resume a apresentar em um único volume registros do pensamento freireano, sua biobibliografia e transportar o leitor ao conceito que as palavras ocupam na obra de Freire. Há ainda, uma preocupação maior: a de oferecer aos educadores e demais envolvidos com educação um dicionário que se vale também pelas entrelinhas que surgem do modo como o leitor se apropria do que há de mais pertinente sobre educação em geral, nas palavras dele, o maior educador nordestino, brasileiro, latino-americano de todos os tempos.

A seleção dos verbetes teve como referência o lugar que a palavra, expressão ou conceito ocupa na obra de Paulo Freire e a recorrência de seu uso. Há no Dicionário ainda palavras e conceitos menos usados por Freire, mas que têm um papel fundamental para compreender sua construção teórica.

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31 de maio de 2008

Vida de Paulo Coelho é mais curiosa que seus personagens, por Manuel da Costa Pinto.

POUCO depois da publicação do romance "O Zahir", o hotel parisiense Bristol rebatizou uma de suas iguarias com o nome "Chocolate quente de Paulo Coelho", em retribuição ao fato de o escritor ter ambientado ali uma das cenas do livro.
A homenagem seria seguida por um restaurante de Marrakech, no Marrocos, que incluiu em seu cardápio o "cuscuz à Paulo Coelho".
Essas celebrações gastronômicas, porém, são risíveis perto do reconhecimento pecuniário do emir de Dubai, que, em 2007, presenteou o autor de "O Alquimista" com uma mansão no valor de US$ 4,5 milhões -dádivas semelhantes contemplariam Pelé, o jogador David Beckham e o piloto Michael Schumacher.
Fatos como estes, relatados na biografia "O Mago", de Fernando Morais, não deixam dúvida: Paulo Coelho não é apenas um fenômeno editorial que suplantou Jorge Amado como escritor brasileiro mais conhecido no mundo; ele é o único escritor de qualquer língua a atingir celebridade planetária.

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7 de abril de 2008

A cinza dos afogados, por Manuel da Costa Pinto

Folha de S. Paulo - 05/04/2008 - por Manuel da Costa Pinto
Nos últimos anos, surgiram inúmeros artistas oriundos dos espaços sociais conflagrados, periferias e morros. Até um poderoso artefato narrativo como "Cidade Deus" foi qualificado, na primeira edição, de "romance etnográfico". Já a poesia não tem o álibi de uma trama costurada ou da denúncia social; seu valor está no corpo a corpo com as palavras. Por isso, tantas antologias de poetas da periferia valem apenas por trazerem poetas da periferia... E, também por isso, um poeta como Marcelo Ariel, autor de Tratado dos anjos afogados (Letra Selvagem, 216 pp., R$ 20), deve ser saudado. Não há qualquer condescendência em dizer que esse escritor negro, de 40 anos, mora em Cubatão, na baixada santista, onde vive de um "sebo itinerante". Pois se o livro reúne bom número de poemas sobre chacinas e presídios, o teor testemunhal se conecta a outros martírios e nos restitui ao coração de um fracasso maior, que funda a experiência poética moderna. >> Leia mais

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16 de março de 2008

Na cama com Bruna Surfistinha - Receitas de prazer e sedução, por Carla Coelho

"Você vai descobrir por que toda mulher tem o sonho de ser garota de programa por um dia e por que os homens são tão loucos pelo sexo anal. Você vai saber como tirar proveito da masturbação (sozinho ou acompanhado), aprender a explorar o corpo dele ou dela e encontrar prazer onde você jamais imaginava sentir".
Bruna Surfistinha não escreveu o terceiro livro simplesmente para ter mais um título no currículo, para ganhar ainda mais dinheiro ou para criar uma trilogia digna dos grandes nomes da literatura nacional. A autora afirma, várias vezes, que o livro é quase que uma obra de caridade para as pessoas que não são plenas em suas vidas sexuais.
"Garota de programa por um dia", "Aquecendo os motores", "Massagem para acender o tesão" e "O sexo começa pelo beijo", são apenas alguns dos capítulos do livro de 296 páginas que vai deixar muito "marmanjo" sentado por horas e horas praticando um hábito não muito comum para a população brasileira, ler.

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10 de fevereiro de 2008

DIAS & DIAS

"Estamos diante de um livro que não se consegue parar de ler", escreve José Mindlin na orelha deste romance de Ana Miranda. A história reúne três personagens centrais: Feliciana, uma jovem sonhadora e obstinada; o poeta romântico Antonio Gonçalves Dias, por quem ela nutre uma longa e intensa paixão, e o sabiá - não um sabiá específico, mas a espécie inteira, que na "Canção do exílio" simboliza a pátria distante.
A narrativa de Ana Miranda combina história e ficção para contar uma história sobre o amor, os costumes provincianos no interior do Brasil durante o século XIX, a descoberta da cultura indígena, a beleza da poesia e os mistérios da sensibilidade.
No romance, Feliciana toma conhecimento da vida íntima de Gonçalves Dias por meio das cartas enviadas pelo poeta a seu grande amigo Alexandre Teófilo de Carvalho Leal. Mostradas a Feliciana por Maria Luíza, esposa de Teófilo, as cartas registram muitas das questões existenciais do poeta. Feliciana descreve de forma emocionante a paixão que as cartas alimentam, e seu relato revela refinamentos da alma feminina. A trama tecida pela autora faz com que o leitor se identifique com Feliciana, uma mulher que desvenda o que sente por meio da escrita e da memória.
Os personagens menores - o pai de Feliciana, colecionador de sabiás; Adelino, um tímido professor apaixonado por Feliciana, e Natalícia, a doce e severa preceptora - conferem ao livro uma grande riqueza humana.
Antonio Gonçalves Dias (1823-1864) é o principal nome da poesia romântica brasileira. Além de "Canção do exílio", compôs os principais poemas da vertente indigenista do romantismo, entre eles "I-Juca-Pirama" e "Leito de folhas verdes". Com uma narrativa clara e simples, reproduzindo a linguagem do romantismo, Ana Miranda recorda mais uma vez a vida de um de nossos poetas - como fez também com Gregório de Matos em Boca do Inferno -, levando o leitor a uma viagem de encantamento lingüístico e conhecimento histórico. Dias & Dias recebeu o Jabuti na categoria romance, em 2003, e o premio da Academia Brasileira de Letras para romance brasileiro, no mesmo ano.

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13 de janeiro de 2008

Bilac, um jornalista bom de briga, por Adelto Gonçalves.

O poeta Olavo Bilac (1865-1918), a exemplo de outros parnasianos, foi condenado ao ostracismo depois que as idéias que redundaram na Semana de Arte Moderna de 1922, realizada no Teatro Municipal de São Paulo, insufladas pelos ventos que vinham da Europa, afirmaram-se na sociedade brasileira. Seu nome passou mesmo por sinônimo de passadismo, formalismo, oficialismo e alienação. E seus versos tornaram-se alvo de chacotas, tal como a produção de outros poetas que, ao seu tempo, o tiveram como paradigma. De fato, os versos bilaqueanos, hoje, são velharias que só atraem estudiosos e um ou outro leitor interessado em conhecer a história da Literatura Brasileira.
Mas o que, geralmente, não se sabe é que, além de autor de versos grandiloqüentes e enxundiosos, o "príncipe dos poetas brasileiros" foi cronista de excepcionais qualidades. Basta ver que, a partir de março de 1897, foi quem teve a responsabilidade de substituir o genial Machado de Assis (1839-1908) nas páginas da Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro. E o fez com igual brilho, a tal ponto que muitas de suas crônicas parecem mesmo saídas da pena do bruxo do Cosme Velho.
Quem tiver dúvidas já pode compará-las sem ter de remexer papéis velhos nos arquivos, pois o professor Antonio Dimas, da Universidade de São Paulo, acaba de lançar Bilac, o jornalista em que reuniu em dois extensos volumes a maior parte das crônicas bilaqueanas saídas em jornais e revistas do final do século 19 e início do 20. Num terceiro volume, o de menor extensão, com prefácio do professor Alfredo Bosi, o organizador reuniu dez excepcionais ensaios em que mostra que o Bilac cronista pouco tinha do poeta indiferente às necessidades cotidianas, imagem que ficou por conta da revisão histórica comandada pelos modernistas. ==>> LEIA MAIS

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5 de dezembro de 2007

MARCELO BIRMAJER: uma entrevista exclusiva para VerdesTrigos.

VerdesTrigos atravessou a fronteira da lingua portuguesa, é muito lido e acessado por visitantes de lingua espanhola: da Argentina, Uruguai, Paraguai ou Bolivia, entre outros. Motivo pelo qual temos recebido emails de visitantes destes paises amigos, que querem nos conhecer e também dar-se a conhecer. Da Argentina, tivemos a grata satisfação de ler "Histórias de Homens Casados", do escritor Marcelo Birmajer, cujo livro inicia com "Um conto de Natal". Absorvido pela prazerosa leitura, adquiri "El Once", em lingua espanhola, as histórias do bairro de Once, em Buenos Aires, onde se criou Marcelo Birmajer e onde se passa quase a totalidade de sua ficção. Em "El Once", o leitor encontra o retrato deste populoso e singular bairro portenho, tanto do ponto de vista afetivo e pessoal do autor.


Assim, através da jornalista argentina ZaiDe Moz, Verdes Trigos entrevista Marcelo Birmajer:

MARCELO BIRMAJER
EL ARTE DE CONTAR HISTORIAS
Escritor, periodista y guionista, Marcelo Birmajer nació en Buenos Aires un 29 de noviembre de 1966. Muy jóven publicò en el periòdico "Nueva Presencia" y fue corresponsal en Argentina de la revista israelí "Nueva Aurora".

LEIA A ENTREVISTA EXCLUSIVA (em espanhol)

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17 de novembro de 2007

Revista de Filosofia lançada pela Pós-Graduação em Filosofia da PUC-PR.

O dossiê sobre Filosofia do Renascimento traz, inicialmente, à reflexão os nexos intrínsecos entre imagem e conceito ilustrados pela metáfora da caça no artigo “Imagem e conceito: a metáfora da caça na Filosofia da Renascença”, de Luiz Carlos Bombassaro. Em seguida, a ironia, os ditos espirituosos e os ensinamentos de Epicuro são abordados no artigo “O Epicurismo de Erasmo”, de Luiz Paulo Rouanet. Ainda do mesmo filósofo, Sidnei Francisco do Nascimento analisa as propostas de educação do príncipe cristão e das crianças, sob o título de “Erasmo de Roterdam e a educação humanista cristã”. Por fim, Antonio Valverde, em “Mitologia, alegoria e ateísmo prático”, discute a convergência e a separação entre mito e história, e apresenta a interpretação alegórica baconiana de alguns mitos gregos.
O artigo “Práxis de Jesus e práxis da libertação à luz do Anticristo, de Nietzsche”, de Edelcio Ottaviani, apresentado originalmente em videoconferência realizada sob os auspícios dos Programas de Estudos Pós- Graduados em Filosofia da PUCPR e da PUC-SP, considera as concepções em oposição e desliza a argumentação para o universo da práxis da Libertação concreta como autoformação do sujeito. De autoria de Vincenzo di Matteo, “Metafísica e metapsicologia em confronto: Aristóteles e Lacan no Seminário VII opera a retomada crítica da metafísica em vista da metapsicologia psicanalítica, pelo viés ético. Se um dos temas centrais da filosofia contemporânea segue sendo o transcendental, Alberto M. Onate debate-o sob Husserl e Heidegger, em “O lugar do transcendental”. Oportuno, o problema político-filosófico da igualdade é objeto de análise do artigo “Igualdade – trajetórias de uma noção no pensamento e no imaginário político”, de José D’Assunção Barros. E Jaqueline C. Rossi completa o quadro com “A terceira forma de si espiritual hegeliana ilustrada com personagens de Goethe”, ao apresentar e discutir pontos convergentes entre a Fenomenologia do Espírito, de Hegel, e Os anos de aprendizagem de Wilhelm Meister, de Goethe.
A edição encerra-se com as resenhas de Nietzsche e Freud: eterno retorno e compulsão à repetição, de Rogério Miranda de Almeida, editado pela Loyola, em 2005, escrita por Valéria Ghisi e Crítica da religião e sistema em Kant: um modelo de reconstrução racional do Cristianismo, de Jair Antônio Krassuski. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2005, escrita por Daniel Omar Perez e Jorge Vanderlei Costa da Conceição. (Editorial)

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9 de novembro de 2007

“Elas ocuparam as redações”: Mulheres estão presentes em todas as áreas profissionais, por Carla Coelho.

O livro surgiu como uma tentativa de identificar as estratégias e os recursos utilizados pelas jornalistas para acelerar o processo de democratização do país, mas se transformou numa obra que conseguiu observar as estruturas das empresas de comunicação e a própria profissão de jornalista nas últimas décadas.
Ao analisar o papel das mulheres nas redações ocupando os espaços que anteriormente era apenas dos homens é possível delinear as transformações que aconteceram na sociedade, de uma forma bem mais ampla, nos últimos tempos.
As organizadoras da obra, Alzira Alves de Abreu e Dora Rocha, reuniram o depoimentos de dez mulheres jornalistas que marcaram e marcam presença na comunicação nacional e conseguiram provar que a partir de 1970, assim como em outras áreas, a mulher começa a galgar postos nas redações de todo o Brasil. + + +

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4 de novembro de 2007

As flores do jardim de nossa casa, do jornalista Marco Lacerda

Depois de um assalto, no dia em que fez 40 anos, dois amigos de Marco Lacerda o encontraram no apartamento em que morava nos Jardins, em São Paulo, e soltaram as cordas que o mantinham imobilizado sobre sua cama. Esse assalto com requintes de crueldade é o fio condutor da história que Marco conta em As flores do jardim da nossa casa: uma história que agarra o leitor pelo colarinho a partir da primeira página e o leva até a última, sem lhe dar um minuto de trégua para respirar.

O livro fala de dor e de afeto, de traições, de perdas, de drogas, de violência e de um crime no seio de uma família, que muda para sempre a vida de gente inocente. A história chega até hoje, depois de viajar pelo Brasil que ouvia Caetano Veloso e sonhava com a magia alucinante da São Francisco dos anos 60, enquanto a brutalidade da ditadura rolava solta nos porões da repressão. Com seu texto ágil, Marco envolve o leitor sem deixá-lo saber onde termina a realidade e onde começa a ficção, deixando-o perplexo, comovido, encantado, machucado e vazio com o final surpreendente.

Marco Lacerda é autor de Clube dos homens bonitos e do best seller Favela High Tech, que em breve chega às telas dos cinemas numa produção da Gullane Filme, que acaba de comprar os direitos de adaptá-lo para o cinema. Como jornalista, trabalhou em diversos jornais e revistas, foi correspondente de O Estado de S. Paulo nos Estados Unidos por oito anos, da Editora Abril por cinco anos no Japão, e de várias publicações brasileiras na Europa. Atualmente é o editor-geral do site www.miradaglobal.com, sobre assuntos latinoamericanos.

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24 de outubro de 2007

Carnavalha: Novo Romance de Nilto Maciel, por Francisco Carvalho.

De 1974 até agora, Nilto Maciel publicou dezenove livros de ficção e apenas um de poemas. O romance e o conto, conforme se pode observar, evidenciam as predileções do Autor, em seu longo itinerário de 33 anos nos domínios da literatura. Quem já leu seus livros de ficção terá notado, certamente, o cuidado do ficcionista na escolha dos nomes de seus personagens. Não seria nenhum despropósito pensar na elaboração de uma nomenclatura para todos esses figurantes que trafegam nas páginas de seus romances e histórias curtas. Zuza, Pedro Cabral, Eurico, Jesonias, Otávio, Noé, Alessandra, Cátia, Márcia, Aluísio, Orlando, Joice, Cida, Eleide, Cynthia, Ocelo e tantos e tantos outros que despertam a atenção do leitor para esse aspecto importante da carpintaria dos romances. Até os cachorros de Palma foram homenageados com apelidos que se destacam pelo seu ineditismo e originalidade: Alão, Brochote, Cafoto, Dentola etc.
O livro começa com a notícia da chegada de alguns rapazes e moças procedentes de Brasília. Eram funcionários públicos que vinham para as festas carnavalescas de Palma, cidade utópica criada pela imaginação de Nilto Maciel para o desenrolar dos acontecimentos do seu universo ficcional. Palma não deixa de evocar a legendária Macondo, palco das histórias fantásticas de Gabriel Garcia Márquez, em seu caudaloso romance Cem Anos de Solidão. Na página 15, o inusitado mostra o seu feitiço: “O galo cantou estridentemente. As galinhas correram, espantadas. Uma revoada de andorinhas encheu o céu dos quintais”. Só faltou acrescentar que ventos diluviais arrebataram crianças que sonhavam com os anjos enquanto dormiam. +++++

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3 de outubro de 2007

História da Noruega. Século XX: da Independência ao Estado de bem-estar social, por Urda Alice Klueger.


Tendo como cuidadoso revisor principalmente dos conceitos e fatos políticos daquele país, para que nada se perdesse na tradução do texto de Berge Furre, e também como prefacista, o renomado professor Jorge Gustavo Barbosa de Oliveira, sociólogo, escandinavista e professor de política internacional da Universidade Regional de Blumenau/Brasil, o primoroso Volume 1 da Coleção Norden, que vai nos trazer, basicamente, a Noruega do Século XX, vem recheado de detalhes e surpresas sobre como aquela sociedade agiu para vencer seus desafios e desembocar no novo milênio como uma das sociedades de maior bem-estar social do mundo atual.


Bergen Furre, o autor, além de historiador e político, é professor da Universidade de Oslo, e da sua produtiva carreira e impressionante biografia, ressaltamos o fato de pertencer ao Comitê Nobel, o que escolhe o detentor do Prêmio Nobel da Paz. +++++

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2 de setembro de 2007

Os mistérios de Barcelona, por Adelto Gonçalves


Em março, Barcelona surpreendeu-se com o lançamento do romance La ciudad sin tiempo, de Enrique Moriel. Em poucos meses, o livro vendeu cerca de 60 mil exemplares. E quem era Enrique Moriel? Na sobrecapa do livro, a editora informava que Moriel havia nascido no século passado em Barcelona e era autor de reconhecida trajetória, que havia cultivado os mais diversos gêneros literários. E que, a exemplo do protagonista de La ciudad sin tiempo, havia preferido ocultar sua verdadeira identidade, mas que, à diferença daquele, não pretendia fazê-lo indefinidamente.
Logo, os meios culturais da cidade descobriram que se tratava de um veterano escritor disfarçado atrás de um pseudônimo. Francisco González Ledesma (1927) era esse escritor, um jornalista que começara a escrever romances de Far West para Editorial Bruguera com o pseudônimo Silver Kane ainda na década de 40, para custear seus estudos de Direito. E que havia construído uma respeitável carreira literária ligada ao gênero policial, ou melhor, ao "romance negro", à boa maneira norte-americana, dividindo a preferência entre os amantes do gênero com Manuel Vázquez Montalbán (1939-2003) e Eduardo Mendoza (1943). ++++++



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25 de agosto de 2007

Aforismo como antídoto, por Manuel da Costa Pinto.


"O Mundo em uma Frase" permite ver o aforismo como gênero singular dentro da tradição das formas breves
EXISTEM LEITORES ávidos de romances e há quem prefira o extremo oposto, as fórmulas epigramáticas, a concisão das sentenças. Não se trata de profundidade, num caso, ou de preguiça intelectual, no outro. Afinal, cartapácios de 800 páginas podem conter tanto "Ana Karenina" quanto literatura de aeroporto; e se as frases lapidares servem de veículo aos lugares-comuns, também dão forma a um gênero de incontestável nobreza: o aforismo.
É esse o tema de "O Mundo em uma Frase: Uma Breve História do Aforismo", de James Geary. Com uma introdução sintética como convém (e na qual Geary se revela um espirituoso autor de agudezas), o livro é uma seqüência de verbetes em que desfilam os principais cultores das formas breves ao longo dos séculos. O critério de escolha de Geary é complacente e tem o mérito discutível de colocar Lao Tsé, Jesus e Maomé no mesmo balaio de Epicuro e Sêneca, de equiparar as máximas de La Rochefoucauld ao "estilo axiomático" de Wittgenstein. ++++

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12 de agosto de 2007

Hierosgamos, o primeiro capítulo


Hierosgamos, um romance de não-ficção, relata a saga moderna de um casal maduro em busca da intimidade, da realização sexual, da transformação profunda - material e espiritual - através do amor, em resumo: de um relacionamento ideal.
Tendo como cenário a contemporânea locação de chats da internet, o livro é, no entanto, atemporal, abordando o desejo primordial do ser humano de encontrar a felicidade cotidiana, no complexo exercício do encontro.
Hierosgamos é livremente inspirado no diálogo online real entre a autora, Noga Lubicz Sklar, e seu marido americano, o escritor, escultor e doutor em literatura inglesa Alan Sklar, e traduzido do material original em inglês. Os nomes reais foram mantidos para os protagonistas principais, sendo todos os demais fictícios, para privacidade das pessoas envolvidas.


Numa gentileza da Giz, baixe o primeiro capítulo do Hierosgamos. Aqui.


Ah! Veja também a orelha do livro, aqui.


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18 de julho de 2007

O amor zumbi, por Miguel Sanches Neto


A obsessão doentia de uma mulher por seu ex impulsiona o belo romance do argentino Alan Pauls


Saudado por gente de peso, como Ricardo Piglia e Roberto Bolaño, como um dos maiores escritores latino-americanos vivos, o argentino Alan Pauls, de 48 anos, demorou a se decidir pelo título de seu quarto romance. Pensou em chamá-lo de A Mulher Zumbi, por causa da natureza fantasmagórica de Sofía, cujo amor doentio pelo tradutor Rímini, seu ex-namorado, impulsiona a narrativa. Considerou um título curto, Ex, até chegar ao simples e definitivo O Passado (tradução de Josely Vianna Baptista; Cosac Naify; 478 páginas). "O amor é uma torrente contínua", diz um dos personagens, e este também seria um bom título: Torrente Contínua. Trata-se, afinal, de um romanção que se lê compulsivamente. O Passado é cheio de lacunas, descontinuidades e mudanças de trajetória - mas, a essa força desagregadora, Alan Pauls opõe o poder da memória, que garante alguma constância onde tudo se desfaz rapidamente. >>> leia mais


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11 de junho de 2007

Hierosgamos: o Cântico dos Cânticos de Noga


Noga Sklar deu-me o privilégio de escrever a orelha do seu inédito romance "Hierosgamos", a ser lançado na FLIP 2007 pela Giz Editorial. Foi uma leitura prazerosa e lúdica, que renovou em mim o ardente desejo de sempre viver um grande amor. A orelha está pronta, o livro está sendo levado à prensa: Sucesso e sorte à Noga, autora e personagem.



Noga Sklar confessa que não é o virtual a linha de força de sua ficção, mas o real, escrito de forma rápida e sem preconceitos. Do naipe de escritores que mesclam, de uma forma desvelada, vida e literatura, nos adianta que o seu romance é também autobiográfico. Penso que se desnudou em demasia, todavia, nos faz cúmplices na catarse vivida pelo gratificante encontro virtual, que se findou real. E o real vivido nos é entregue na forma lírica, sedutora e erótica de "Hierosgamos".
Depois de dois maridos, nenhum filho, anos de um "luto infindável", no limbo, ela sonha com a sorte de um amor tranqüilo, e ele está on line: um americano formado em literatura inglesa, que fez mestrado no Neguev, um filósofo romântico, que fala francês, hebraico e mestre em inglês, com alma de artista e sutilmente irônico. >>> Leia mais



Lançado na FLIP 2007, em Paraty. Já à venda

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3 de junho de 2007

Lima Trindade : mitos, desencantos e os mortos muito vivos, por Chico Lopes


Conheço Lima Trindade (Vivaldo, ou, para mim, apenas Valdo) desde alguns anos, quando comecei a publicar alguns ensaios sobre filmes e livros no seu site, Verbo 21, por onde muita gente nova, que está escrevendo, já passou. Lá, publiquei um conto, "Debaixo de praga", que depois iria se juntar a outros tantos na antologia "Cenas da favela", organizada por Nelson de Oliveira e recentemente lançada pela Geração Eitorial/Ediouro. Ele escreveu com perspicácia e brilho sobre meu livro "Nó de sombras" e me entrevistou quando do lançamento de "Dobras da noite". Também esteve aqui em Poços de Caldas e se revelou de uma grande simpatia, de um calor humano especial, um calor que poderia ser classificado de baiano se ele não fosse brasiliense residente em Salvador e se, felizmente, essa questão de calor e simpatia não transcendesse geografias e tribos.


Vivaldo faz resenhas literárias muito bem, é bom leitor, atento às nuances das obras, meticuloso na análise e nas leituras (sei que nunca emite opiniões sem ter um quadro bem definido de influências, referências e informações em sua cabeça; faz parte de sua honestidade intelectual patente). Demorou um tanto para estrear em livros publicados, o que lhe dava certa angústia. De modo que li "Todo Sol mais o Espírito Santo", livro da Ateliê Editorial (coleção LêProsa, de Marcelino Freire) antes que tivesse a forma atual. E percebi um talento que tateava, que procurava a melhor direção para desabrochar. O livro, quando me chegou, foi lido meio às pressas e acabou por sair de minhas mãos, em circunstâncias que acho, em retrospecto, até bem poéticas. Mas, insisti junto a Valdo que me mandasse outro exemplar, o que ele fez recentemente. E aí, a releitura me deu uma dimensão mais precisa desses contos e de sua organização.>>> Leia mais


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18 de maio de 2007

ABISMOS DE UMA REALIDADE SEM SAÍDAS, por José Aloise Bahia


Na página 92 de Formas breves, Ricardo Piglia observa uma de suas teses sobre o conto: "Kafka conta com clareza e simplicidade a história secreta, e narra sigilosamente a história visível, até convertê-la em algo enigmático e obscuro. Essa inversão funda o kafkiano". Os contos da antologia Dicionário de pequenas solidões, de Ronaldo Cagiano, bebem de maneira fértil nessa fonte citada por Piglia e outras mais - João Antonio, Samuel Rawet na narração e Augusto dos Anjos, Drummond e Torquato Neto na poesia, pois o autor também é poeta. Vai além: reproduz e revela de maneira implacável e lúcida o resto, a sobra de um Brasil trágico e dramático, cenas que povoam uma sombra ingrata e incômoda aos olhos do Planalto Central.


Dicionário de pequenas solidões é um labirinto descontente. Ficções profanas, extremas e brutais, castigadas pelas patologias de uma certa urbanidade, na qual transitam, lado a lado com a história oficial, personagens corroídos pelo silêncio, partidas, idas, vindas e o vazio de suas vidas ordinárias. Consumidos e cuspidos pela voraz realidade de um país que desconhece o seu povo. Desesperança pura.>>> Leia mais


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16 de maio de 2007

O interior de todos nós, por Vivaldo Lima Trindade.


Não há uma forte tradição na literatura brasileira em produzir autores de livros de suspense. Alguns bons escritores, como Machado de Assis e Ricardo Ramos, praticaram o gênero ocasionalmente em narrativas curtas. Edgar Allan Poe, nos E.U.A. foi um dos grandes mestres dessa arte. Manter uma narrativa que se baseie na suspensão de um segredo primordial para a história é uma formula comum à prosa policial, de terror e, nos tempos da Guerra Fria, de espionagem. Culminou ainda numa expressão de cunho mais popular recheada de muito sexo e morte, o pulp, de que no Brasil são exemplo aqueles livrinhos vendidos em banca, com capas berrantemente coloridas e papel jornal, espécie de entretenimento descartável. O difícil mesmo é encontrar esse suspense puro, desligado do policial e do terror, e que, ainda assim, exiba rigor formal, apuro de linguagem e alguma criatividade. Pois é esse o caso de Nó de Sombras (Instituto Moreira Sales, São Paulo, 2000), de Chico Lopes.


Já no prefácio, Ignácio de Loyola Brandão afirma sua originalidade, incômodo e emoção que a leitura dos dez contos do livro lhe proporcionou. E remete ao cinema como fonte de comparação, talvez pelo fato do autor ser um estudioso da matéria. Fala também de seu caráter de independência por não correr atrás da mídia, mesmo residindo fora dos grandes centros - ele mora em Poços de Caldas - e sabendo da importância desta para se construir uma carreira bem-sucedida, sua oposição à auto-ajuda e à influência opressiva de Rubem Fonseca. Na verdade, o significativo é a literatura de Chico Lopes e está na destreza com que ele utiliza as palavras, na exatidão com que constrói o seu mundo a partir de um cenário de cidade do interior e na investigação que faz da alma humana. >>>> Leia mais


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4 de maio de 2007

Nascido no Inferno, por Abrão Slavutsky


Primo Levi foi o primeiro escritor a narrar o cotidiano dos campos de concentração nazistas, onde foram assassinados 6,15 milhões de judeus. Mas ele foi mais do que isso. Sua obra é sobre a vida e a morte, a dor e a amizade nos seus limites. Ele segue na escrita o caminho do narrador que está imerso naquilo que narra, tendência que foi crescendo ao longo do século XX, com Isaac Babel e Ernest Hemingway. O que passou a definir o escritor foi a forma poética, metafórica, pela qual transmitiu o que viveu. Um exemplo seria a descrição da véspera da viagem que fez como prisioneiro da Itália para Auschwitz, em fevereiro de 1944: "Cada um se despediu da vida da maneira que lhe era mais convincente. Uns rezaram, outros se embebedaram; mergulharam alguns em nefanda, derradeira paixão. As mães, porém, ficaram acordadas para preparar com esmero as provisões para a viagem, deram banho nas crianças, arrumaram as malas, e, ao alvorecer, o arame farpado estava cheio de roupinhas penduradas para secar. Elas não esqueceram as fraldas, os brinquedos, os travesseiros, nem todas as pequenas coisas necessárias às crianças e que as mães conhecem tão bem. Será que vocês não fariam o mesmo? Se estivessem para ser mortos, amanhã, junto com seus filhos, será que hoje não lhes dariam de comer?"


Esse é um trecho do livro "É Isto um Homem?" - e o título tinha que ser uma pergunta, pois toda sua obra questiona quem é mesmo o homem, capaz de tanto mal e também de bons sentimentos. Gostamos de nos definir como homo sapiens, mas somos também homo demens. Nos agrada a imagem de sapiens, daquele que sabe, do mais evoluído da espécie. Já ser homo demens, louco, é chocante, e evitamos essa verdade que nos angustia. Como pôde nascer um escritor no maior dos infernos do século XX é um mistério. Sua obra pode ser lida como uma resposta a Theodor Adorno, que afirmou não ser possível escrever poesia depois de Auschwitz. >>>> Leia mais


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