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7 de novembro de 2009

No dia 11/11/2009 haverá sorteio de livros, totalmente grátis, aos leitores do Verdes Trigos. Participe

No dia 11/11, em comemoração aos 11 anos do VerdesTrigos, haverá sorteio de livros.

1) " Ira Implacável ", numa gentileza do autor Luis Eduardo Matta

2) " Mistérios em Floripa ", autografado pelo autor Rodrigo Capella, que gentilmente o encaminhará ao ganhador.

3) " De Cuba, com carinho ", numa gentileza da Editora Contexto.

4) "O futebol explica o Brasil ", numa gentileza da Editora Contexto.

5) " Uma gota de Sangue ", numa gentileza da Editora Contexto.

O sorteio ocorrerá dos livros ocorrerá na ordem acima.

Inscrições para o sorteio a partir do dia 08/11/2009

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Sorteio do livro "Uma Gota de Sangue" no dia 11/11

No dia 11/11, vamos sortear entre os leitores do VerdesTrigos o livro "Uma Gota de Sangue", numa gentileza da Editora Contexto.

Há 100 mil anos, poucas dezenas de seres humanos saíram da África. Seus descendentes, adaptando-se aos diferentes climas, desenvolveram inúmeras tonalidades de cor da pele. Um dia, alguns voltaram. Primeiro, como comerciantes, adquiriram cativos escravizados pelos próprios conterrâneos. Depois, como conquistadores, impuseram o poder de suas nações sobre a África, alegando que os primos que ficaram faziam parte de uma raça distinta. A curiosa ideia pegou. Sobreviveu à proclamação dos direitos humanos e à razão científica, difundindo-se no mundo da política. Pessoas de prestígio de todas as cores (até negros!) fingiram acreditar nela - e começaram a passar-se por líderes raciais. Hoje, a pretexto de fazer o bem, traçam-se fronteiras sociais intransponíveis, delineadas com as tintas de uma memória fabricada. Essa obra conta a história de um engano de 200 anos: o tempo da invenção, desinvenção e reinvenção do mito da raça. O nosso tempo.

Inscrições para o sorteio a partir do dia 08/11/2009

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5 de novembro de 2009

Sorteio do livro "De Cuba, com carinho" no dia 11/11

No dia 11/11, vamos sortear entre os leitores do VerdesTrigos o livro "De Cuba, com carinho", numa gentileza da Editora Contexto.

Yoani Sánchez escreve um dos blogs mais visitados do mundo, Generación Y, com vários milhões de acessos mensais, mas quase não consegue ser lida em Cuba, onde mora com seu marido Reinaldo Escobar e seu filho adolescente Teo. Quando eleita pela revista Time uma das mulheres mais influentes do mundo, ou quando recebeu o prêmio Ortega y Gasset, seus feitos não foram registrados, muito menos festejados pelo governo cubano. Mas ela não escreve sobre política. "De Cuba, com carinho" é um livro que narra a vida cotidiana de quem vive na ilha, sofre com a decadência da economia cubana, mas ama seu país. Alguém que não deseja que conquistas obtidas nas últimas décadas sejam jogadas fora, mas acha que o regime envelheceu junto com seus dirigentes.

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Cuba x Yoani Sánchez: Amanhã tem debate sobre liberdade de expressão em SP

A Editora Contexto dribla as autoridades cubanas e consegue entregar o livro De Cuba, com carinho e gravar um vídeo inédito com a sua autora, a blogueira Yaoni Sánchez, que foi impedida de deixar a ilha de Fidel para o lançamento da obra. A culpa dessa proibição está nas páginas do livro, que autora ainda não havia folheado. Com muita emoção, Yoani autografou dois exemplares que serão sorteados nesta sexta-feira (06/11), na Livraria Cultura do Cj. Nacional, às 19h, aos participantes do debate sobre "A Liberdade de expressão em Cuba", que poderão assistir ao depoimento da escritora. O evento terá a participação do senador Eduardo Suplicy, do jornalista Eugênio Bucci e do historiador Jaime Pinsky. A entrada é franca.

Yoani estará presente por meio de um depoimento gravado em vídeo, exclusivo para esse debate. Até o fim do mês passado a autora ainda não tinha segurado sua obra, até que a Contexto conseguiu entregar alguns exemplares, driblando as autoridades de Cuba. Dois deles foram autografados por ela e um será sorteado entre os presentes e o outro numa outra promoção na próxima semana. Lembrando que os cubanos não têm acesso à internet em suas casas e a qualidade das telecomunicações é precária.

Yoani Sánchez - A autora é formada em Filologia Hispânica. Mora em Havana, onde combina a sua paixão pelos computadores sendo webmaster, redatora e editora do portal Desde Cuba, no qual mantém seu blog Generación Y. Em 2007, foi eleita pela revista Time como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo, na categoria Heróis e Pioneiros.

Debate
Tema: Liberdade de expressão em Cuba
Debatedores: Eduardo Suplicy e Eugênio Bucci
Mediador: Jaime Pinsky
Local: Livraria Cultura do Cj. Nacional (Av. Paulista, 2073 - Jardins - São Paulo -SP)
Data e hora: 06 de novembro de 2009, às 19h
Lugares limitados - Entrada franca

Serviço
Livro: De Cuba, com carinho
Autora: Yoani Sánchez
Formato: 16x23 cm; 208 páginas
Preço: R$ 29,90

UP DATE - A Editora Contexto, gentilmente, encaminhou um exemplar de De Cuba, com carinho para a promoção de aniversário dos 11 anos do VerdesTrigos.

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Catálogo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand


O "Catálogo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand" objetiva trazer à luz do olhar curioso a expressão diversa da produção artística que surgiu e floresceu através dos tempos. O catálogo, em três volumes, abarca as obras do Masp, as quais foram objeto de diversas exposições e da apreciação de visitantes brasileiros e estrangeiros. O primeiro volume contempla a Arte Italiana, a Arte da Península Ibérica e a Arte da Europa Central. O segundo volume contempla a Arte Francesa, a Arte da Europa Setentrional e a Arte da Europa Oriental. O terceiro volume comtempla a Arte do Brasil, a Arte das Américas e Doações e Coleções.

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Rodrigo Capella lança décimo livro

O escritor e poeta, Rodrigo Capella, autor de "Transroca, o navio proibido", que está sendo adaptado para o cinema pelo diretor Ricardo Zimmer, acaba de lançar o seu décimo livro. Trata-se de "Mistérios em Floripa". Com muita ação e suspense, o décimo livro do autor é envolvente e pode ser lido em apenas uma tarde. Tudo começa no clássico do futebol catarinense (Avaí e Figueirense) e depois ganha as ruas de Florianópolis. Leia e ajude a desvendar quem matou o jogador Leleco, a estrela do Leão da ilha. O presidente do Avaí, Zunino, já recebeu um exemplar. Para você adquirir o seu, entre em contato com o autor pelo e-mail contato@rodrigocapella.com.br

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50 anos de carreira literária de Moacir C. Lopes

A partir de novembro de 2009, o grande romancista dos mares comemora 50 anos de carreira. Seu 1º romance Maria de cada porto foi publicado em 1959. Seu livro mais conhecido é A Ostra e o Vento, obra adaptada para o cinema nacional por Walter Lima Jr. O filme teve a aceitação popular com sucesso de público. O roteiro tem publicação da editora Rocco. Grandes autores e especialistas elogiaram sua obra, como Luís da Câmara Cascudo, Jorge Amado, Rachel de Queiroz, Antonio Olinto, Alceu Amoroso Lima, M Cavalcanti Proença, Wilson Martins, Fernando Py, Flávio Moreira da Costa, entre tantos outros, inclusive críticos estrangeiros. A editora Quartet vem editando e reeditando suas obras recentes e esgotadas.

Conheça toda a obra e vida do autor em
www.moacirclopes.com.br

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4 de novembro de 2009

Sorteio do livro "Ira Implacável" no dia 11/11

No dia 11/11, vamos sortear entre os leitores do VerdesTrigos o livro "Ira Implacável", numa gentileza do autor Luis Eduardo Matta

"O THRILLER BRASILEIRO QUE PREVIU A CRISE IRANIANA
Quem acompanha o noticiário internacional, deve estar a par da crise envolvendo o Irã e seu programa nuclear, que foi desenvolvido clandestinamente durante anos e descoberto há pouco tempo, gerando um grande debate internacional. O que muita gente não sabe é que toda essa crise foi descrita e antecipada cinco anos atrás pelo escritor brasileiro Luis Eduardo Matta em um de seus romances, o thriller de espionagem IRA IMPLACÁVEL, publicado em 2002 e um grande sucesso de 2003.

Autor do também thriller 120 HORAS, publicado no ano passado pela Editora Planeta e sucesso de público e de crítica, Luis Eduardo Matta escreveu IRA IMPLACÁVEL no final dos anos 90, antes dos atentados de 11 de Setembro de 2001. No livro, que aborda as relações internacionais no Oriente Médio, tendo Israel, Líbano, Irã e as Nações Unidas como cenários numa trama movimentada e tensa de ação e suspense, Matta conta com detalhes os bastidores do programa nuclear iraniano, quando a opinião pública internacional ainda estava longe de tomar conhecimento a respeito. O livro fala também de temas que estão na agenda internacional de hoje, como a guerra civil no Iraque e a guerra ao terrorismo que, em IRA IMPLACÁVEL, é simbolizado por Ali Ahmad, personagem inspirado nos temidos terroristas dos anos 70 como Abu Nidal e Carlos, o Chacal. (Ju Marques)"

Inscrições para o sorteio a partir do dia 08/11/2009

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2 de novembro de 2009

Dia 11/11/2009, Verdes Trigos completará 11 anos on line

 

"VerdesTrigos foi criada em 11/11/1998, numa noite de rara inspiração. Queria naquela época escrever um livro on line. Naquele tempo não havia ainda os blógues, mas eu imaginava escrever um livro com a participação do leitor, uma inusitada experiência que, tempos depois, Mário Prata realizou. Penso que o processo de criação é algo solitário, sem dar muita explicação, e o que eu pretendia fazer on line era escancarar o processo criativo. Gosto de estudar o processo criativo dos grandes autores, como Guimarães Rosa, Graciliano Ramos ou Machado de Assis, com todos os seus rabiscos, cortes, correções, trocas de títulos ou subtítulos.

Pretendia, então, também fazê-lo, mas em tempo real, onde os internautas pudessem acompanhar a criação e nela interferir através de comentários, críticas ou sugestões. Surgia, então, um embrião dos propagados blógues. Logo, no início, além de escrever o livro propriamente dito, comecei a comentar os livros e artigos que lia e que davam fundamentação ou serviam de inspiração ao livro. Muito interessante, todavia, o processo criativo ficou totalmente obsceno, escancarado. Preferi continuar o livro na solidão do quarto, na sua penumbra. Entretanto, dei seguimento à publicação de resenhas e ensaios literários.

Assim nasceu Verdes Trigos. Mais do que uma atitude, Verdes Trigos é um conceito filosófico, onde procuro cultivar a esperança num mundo melhor, que se passa pela leitura, pelo estudo e pela dedicação a estes bens imateriais que produzimos e consumimos". (Henrique Chagas)

[NOTA] "Agradeço de coração todos os que nestes 11 anos nos acompanham, nos ajudam e não nos deixam desanimar. Os e-mails recebidos, com mensagens de estímulo e apoio, as críticas e comentários construtivos, nos estimulam a continuar sempre. Meu abraço especial aos fiéis colaboradores, aos amigos que nos ajudam com textos, notas, scripts de programação, layout, design, css e imagens photoshopadas. Por tudo e a todos, meus sinceros agradecimentos. Em especialíssimo, meus agradecimentos àquela que me compreende e me divide com o VerdesTrigos. Alessandra, desde o inicio, me apóia e me ajuda, e à ela minha especial gratidão".

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Consciência de forma e de classe num romance visceralmente paulista, por Chico Lopes

Uma noção que parece arraigada nas fileiras da crítica literária, hoje em dia, causa a impressão contínua de que há duas correntes editoriais em atividade: uma em que os escritores cuidariam de enredos, personagens e histórias bem contadas e outra em que a preocupação seria acima de tudo com a linguagem, a invenção e a fragmentação narrativa sem preocupação com linearidade. Dentro deste raciocínio, a primeira daria em livros populares, candidatos a best-sellers superficiais e descartáveis ou então irremediavelmente anacrônicos com seu realismo inteligível, e a segunda desembocaria em livros lidos só pelo autor e seus no máximo cinco ou seis amigos de algum boteco em moda, com volumes destinados a formar pilhas fracassadas em garagens particulares desses escritores que, decididamente, jamais poderiam aspirar a ser conhecidos. Porque a qualidade que suporiam ter seria violentamente desmentida por resultados em livros de peito estufado, mas estruturalmente pífios, ou talvez bons, mas inatamente impopulares.

A divisão tem suas verdades, mas em certa medida é estanque - há muita gente procurando contar boas histórias sem abrir mão das liberdades e conquistas formais obtidas pela modernidade literária e há muitos livros ditos experimentais, ousados ou "transgressivos" que são simples e irremediavelmente chatos, paradoxalmente envelhecidos em sua diluição das vanguardas, destinados a "morrer na praia" menos por injustiça do mercado editorial que pela sua presunção e seu descuido metido a vanguardeiro - a julgar por eles e pelas declarações de seus autores, todos uns gênios injustiçados e ressentidos, o Mercado (assim, com maiúscula) é, decididamente, um vilão hediondo.

Por isso a situação no mundo literário parece tão controversa e tensa - há grupelhos e egos demais, patotas que exigem adesão ou condenam o resistente à morte e à invisibilidade de tal modo que escritores mais sérios e cuidadosos, com exigências mais profissionais, são vistos como vendidos ao tal difuso Mercado ou violentamente condenados por amadores displicentes que não amam senão a literatura que eles próprios fazem e acham de uma importância descomunal renegar todas as outras.

Tudo isso tem sido um terreno propício demais à clássica e óbvia "inversão dos valores" e prolonga o clima tenso que sempre se verificou na chamada "vida literária" brasileira, com gerações e escolas, pedantes e intuitivos se digladiando, rangendo dentes, bradando calúnias e clamando vinganças e cometendo notórias e cegas injustiças. Raramente conseguindo chegar a um patamar estável de profissionalismo (que dispensaria muitas polêmicas ardentes e fúteis), o escritor brasileiro simplesmente interessado em escrever bem parece totalmente perdido em meio a tantos tiroteios de gente que se improvisa literata prematuramente demais e quer justificar sua mediocridade e displicência na razão ou na histeria. Sair chamuscado é praticamente infalível.

Daí, surpreendo-me quando encontro a primeira obra de ficção de uma autora que, decididamente, parece não se importar muito com esses antagonismos e futilidades endêmicos. Ela é Ivone C. Benedetti e o livro se chama "Immaculada" (edição da Martins Fontes, 379 páginas).

O livro pode dar a impressão superficial de se filiar a um tipo mais tradicional de leitura com sua capa e aspecto sóbrio. Mas eu o peguei e não consegui largá-lo. Porque, acima de tudo, é um romance bem contado e tem esse mérito nada desprezível de ter uma história com começo, meio e fim que de modo algum é desinteressante ou "careta". É apenas uma excelente história. E seus personagens estão longe de qualquer maniqueísmo - mesmo seu quase monstruoso personagem principal, que ocupa mais espaço que a própria personagem-título, é um ser humano de quem de vez em quando sentimos compaixão. A escritura de Benedetti é sutil e não tipifica - sempre que se pensa que um dado personagem cairá no clichê, ele se prova vivo, contraditório e matizado e até mais compreensível, à luz do contexto histórico, do que se imaginaria. Por outro lado, em livros ditos inventivos e experimentais, sem enredo ou direção que não os caprichos de linguagem do "inventor", não raro encontramos personagens mais estereotipados que nos livros mais tradicionalmente armados como este. Os que em geral acusam os livros com enredo e personagens definidos de retrógrados não saberiam construir coisas assim, não têm o cuidado e a humildade da verdadeira arte literária.

* * *

Ivone C. Benedetti, que primeiro dedicou-se ao magistério e depois às traduções (de italiano e francês), constrói seu enredo com paciência e congruência. E, além de tudo, escreveu um romance visceralmente paulista, cuja história, cobrindo os fins dos anos 20, a revolução de 32, a tomada de poder por Getúlio (que descontenta facções poderosas da elite paulistana) e avançando sutilmente no tempo e no espaço, traz um panorama que mexe com quem, de uma geração mais recuada, informada e politizada, nasceu no interior ou na capital do estado. Além de tudo, há um vaivém sutil dos personagens entre campo e cidade, mostrando aquilo de que a gente vem suspeitando intuitivamente há muito tempo - que o coronel do campo, prepotente, autoritário, machista e racista ao cubo, continua vivo na alma de grande parte no empresário moderno que forma, junto com outros "jagunços envernizados", grupos influentes de pressão e lobbies junto aos políticos, das grandes cidades. Entre a injustiça e o atavismo, o passo é curto.

Francisco, advogado e fazendeiro, é bem isso. Sem nenhuma comparação com o "São Bernardo", de Graciliano Ramos, ele é o homem que "fez coisas ruins que deram lucro e coisas boas que deram prejuízo", o Paulo Honório dono de terras e triturador de almas prepotente e egoísta que não consegue enxergar um palmo além de seus interesses. Ademais, tem sua Madalena na mulher, Lucinha, o que resulta em episódios dramáticos e absorventes na primeira parte.

Só na segunda parte é que veremos surgir Immaculada e entenderemos a razão de seu nome ter valido para título do romance. Na primeira parte, a ambientação em fazendas paulistas dos anos 20 e 30 é muito correta, do ponto de vista sociológico e reconstituição histórica, Benedetti tem perícia nas descrições e a criação de uma atmosfera fica garantida por todos os cuidados bem visíveis de uma autora sem pressa. Mas, saltando para a cidade grande, ela não é menos habilidosa.

Dois personagens frutos do machismo, o velho Evaristo e seu filho também Evaristo, ilustram muito bem o que mencionei quanto à ausência de maniqueísmo e traços tipificados em Benedetti. São dois mulherengos, o filho de maneira mais debochada e óbvia que o pai - são os machões clássicos para quem as mulheres são uma distração e, caso independentes e infiéis, um senhor problema. Com eles, vamos vagar por uma região entre Botucatu e Ribeirão Preto, mergulhar no atavismo dos fazendeiros com suas "amigadas", sua arrogância de donos de consciências políticas e comerciantes de pequenas cidades num Brasil que muito lentamente deslocava seu eixo vital do campo para a cidade (e que até hoje não perdeu seu atavismo de atraso mental roceiro, sob muitos aspectos; o fantasma do Arcaico entre nós é muito vigoroso e isso torna o livro de Benedetti atual). O Evaristo filho se perde por puro sensualismo, lascívia, bebedeira, pusilanimidade e vadiagem irresponsável de filho de rico, mas não deixamos de compreendê-lo por isso - suas fraquezas são muito humanas. O Evaristo pai, até certa altura um vilão aparente, é mais simpático e vivo (o que resulta em sua atração sexual) que o personagem principal, seu filho Francisco, e assim Benedetti, habilidosamente, evita que o leitor se plante num terreno previsível. Tudo isso faz com que fiquemos presos à movimentação da narrativa, interessados o tempo todo.

Na segunda parte, veremos um movimento social e histórico definido, quando colonos italianos expulsos em decorrência de truculências e arbitrariedades dos fazendeiros do interior se fixam na capital e vão engrossar as fileiras da esquerda sindical e da oposição ao fascismo (se bem que não faltem os politicamente omissos ou direitistas) num mundo paulistano italianizado perfeitamente conhecido por todos nós que conhecemos primeiro, no interior, os emigrantes fixados nos cafezais paulistas, e depois, em São Paulo, os que provieram tanto das roças interioranas quanto da própria Itália com ambições mais citadinas pelo perfil industrial da metrópole, por assim dizer.

Não é surpreendente, no segundo caso, encontrar-se aí tipos que evocarão até o Matarazzo tão economicamente importante para a capital e variações. Francisco, numa ótima cena, se reencontra com um italiano conhecido de seu pai no campo (venerador de Mussolini) instalado como fornecedor de frios e iguarias e, não resistindo aos muitos queijos que ele lhe oferece numa longa conversa à noite, padecerá de uma intoxicação alimentar violenta que quase o matará de madrugada. Punido pela gula? Não apenas: a sutileza da escrita de Benedetti mostra que, afeito a tudo que é estrangeiro por achar mais refinado, assim como acha que só na capital há pessoas cultas o bastante para conversar com ele, o advogado, intoxicado por tanto produto importado, revela aí seu colonialismo grosseiro e primário. Na verdade, é um deslumbrado, um ingênuo diante daquele mundo "sofisticado", como é ingênua e pretensiosa culturalmente grande parte da classe dominante que ele frequenta.

Em lances de interesse político e econômico, a ainda garota Immaculada entrará como objeto de venda descarado, e será oferecida a Francisco, a esta altura viúvo da infortunada Lucinha, como esposa. Na verdade, ele está mais interessado é na sua mãe e quem lhe aponta a menina, ironicamente, é seu pai, com quem, aliás, num outro lance de decisiva ironia, a menina simpatiza muito mais. De equívoco em equívoco, de dominação em dominação, de homens realmente desejados a homens social e politicamente impostos a mulheres submissas, este é um livro em que o feminismo, militante ou não, encontrará muitos motivos para teses.

As mulheres estão escravizadas aos seus papéis domésticos decorativos e não podem dar um passo além daí e às vezes parecem autênticos zumbis teleguiados por patriarcas arbitrários - os adultérios e falhas que ficariam muito evidentes são encobertos hipocritamente por reclusões forçadas em conventos ou terminam em suicídios. Mulher como pessoa não existe, para esses homens - qualquer esboço de emancipação dá em tragédia (para elas) - classicamente, claro, eles têm as suas concubinas, vivem sua falocracia à vontade e uma delas, aliás, muito amada pelo Evaristo pai (e parece sinceramente amada), se prova de uma astúcia muito maior do que a das esposas oficiais. Uma outra, de classe baixa, italiana, Annunziata, que parece uma vilã tenebrosa, mostra uma tão completa consciência de classe diante dos desmandos da patroa, mãe de Immaculada, que sua manobra vitimizando Immaculada com ajuda de seu irmão, Paolo, sedutor italiano, não chega nem a parecer tão terrível. É, aliás, uma das grandes qualidades do romance a sua consciência de classe que, não forçando na ideologia, é dramaticamente utilizada e artisticamente muito coesa. Essa aguda consciência de classe faz com que o sentimentalismo untuoso típico de telenovela ou folhetim barato vá para o ralo, graças aos céus. Todo mundo parece consistente e lucidamente plantado em seus papéis sociais e econômicos e o mundo se divide entre empregados e patrões em posições hostis que correspondem à realidade.

Immaculada, na verdade, terá um papel aparentemente pequeno em toda a história, se comparado ao do advogado Francisco, seu marido. Aparentando uma passividade mórbida, ela será objeto de troca e não poderá amar quem verdadeiramente a atraiu como homem, Paolo, o irmão de Annunziata, senão de modo inocente e desajeitado, sendo premiada com uma revelação desalentadora mais à frente. Mas tampouco o "cafajeste" bonitão que Paolo parece ser é um personagem estereotipado e detestável. Ele tem uma centelha de consciência que malogra os planos da irmã. Immaculada, a despeito de sua rebeldia, é encaminhada para o casamento como para um matadouro e é tida como "sonsa" por Francisco, que a quer como ornamento social e instrumento de ascensão política e econômica, mas é assim, "sonsamente", que espalhará a sua subversão e seu veneno em atitudes que terão um peso decisivo na narrativa. O conceito implícito em seu nome, de pureza feminina ideal, é uma carga injusta e humanamente absurda que toda mulher, sob a tirania do patriarcalismo hipócrita, cristão-utilitário e mórbido do Brasil, bem conhece. Deixo isso, claro, para conhecimento dos leitores.

Este é um livro que recomendo a todos. Ivone está iniciando sua carreira de ficcionista muito bem, virá com um livro de contos provavelmente no próximo ano e elabora um segundo romance, sempre com as preocupações sócio-políticas que a orientam. Um romance digno de ser esperado por todos que conhecerem "Immaculada".

Chico Lopes é autor de "Nó de sombras" (IMS, SP, 2000), e de "Dobras da noite" (IMS, SP, 2004), contos prefaciados o primeiro por Ignácio de L.Brandão e o segundo por Nelson de Oliveira. Tradutor, publicou também nova tradução do clássico "A volta do parafuso", de Henry James (Landmark, SP, 2004). Tem vários livros inéditos de ficção, poesia e ensaio.

Mais sobre Chico Lopes, clique aqui. Mais CRÔNICAS ou ENSAIOS, clique aqui. Mais RESENHAS, clique aqui.

Email: franlopes54@terra.com.br

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A bolha, por Luis Felipe Pondé

Coitadinho do Obama, a mídia está falando mal dele e tirando seu sono de Messias

PROMETI PARA mim mesmo que não ia falar sobre o ridículo prêmio Nobel dado ao Obama, mas como não tenho palavra mesmo e como nunca cumpro promessas (principalmente feitas a mim mesmo, alguém que, afinal de contas, não merece todo esse deferimento moral), estou eu aqui capitulando e falando desse populista chamado Obama.
Quando foi eleito, escrevi nesta coluna que ele era uma bolha que provavelmente não ia dar em nada. Posso estar enganado, como quase sempre estou (sou um péssimo profeta), mas, até agora, responda-me, caro leitor, a que veio ele? Deveria sim se candidatar a secretário-geral da Unicef e ficar visitando crianças famintas na África. Seus dias estarão contados quando os americanos descobrirem que seu verdadeiro sonho é ser o primeiro presidente negro da Noruega.
Recém-chegado de Israel, local marcado pela necessidade de paz, lá tive a oportunidade de acompanhar um pouco o que a mídia local sente diante desse ridículo Nobel da Paz dado a alguém que nada fez além de blablablá até agora. Obama só conseguiu fazer discursos por aí, deixando todo mundo com gosto de coito interrompido na boca.
No Egito, ele falou de como a cultura muçulmana foi importante para o mundo. Será que os egípcios nunca estudaram a Espanha medieval? Iraque e Afeganistão estão piorando nos últimos meses. Sua incapacidade em resolver o problema do Irã se assemelha à incompetência de Jimmy Carter no caso da captura da embaixada americana em Teerã. E olha que o Carter fez Camp David (acordo de paz entre Israel e Egito)! Coreia do Norte vai mal, obrigado. O que mudou de Bush pra cá? Os aeroportos americanos estão mais dóceis com os turistas?
Na minha humilde opinião de não especialista em paz mundial (entendo um pouco melhor sobre a guerra, porque a julgo um estado mais natural da condição humana), arriscaria dizer que os líderes da oposição iraniana mereciam mais esse prêmio, ou mesmo nosso querido Lula nos seus esforços de evitar males maiores causados pelo bobo venezuelano El Chavez e seus anões bolivarianos.
Ou quem sabe Tony Blair e Bush, no sucesso em evitar mais ataques terroristas no Ocidente. Ou então declarassem que ninguém merecia o prêmio Nobel da Paz este ano e "acumulassem" (assim como na Mega Sena) dois prêmios para o ano que vem. Quem sabe alguma tragédia inesperada os iluminaria na futura escolha.
O problema é que qualquer decisão tomada na Escandinávia sobre a dureza do mundo parece aconselhamento sexual dado por virgens que detestam sexo para prostitutas, essas nossas parceiras ancestrais. Que Deus as proteja. Quantas vidas solitárias elas já não salvaram?
O grande feito de Obama até agora foi criar uma imagem de si mesmo como a pessoa mais legal do mundo. Além de salvar o mundo em todo café da manhã, aposto que manda flores pra Michelle todo dia.
A impressão que tenho é que ele, antes de falar qualquer coisa, faz uma pesquisa sobre o que as pessoas que vivem de bolhas de esperança querem ouvir. Uma hora dessas vai declarar obrigatório a adoção de cachorros vira-latas pela comunidade internacional.
Sua realização até agora tem sido cultivar sua própria imagem. Algum assessor deveria avisá-lo que a campanha acabou e agora é a hora de acordar cedo e fazer a roda de rato girar, como todo desgraçado que trabalha e não só faz campanha.
Mas o fim da picada mesmo foi a perseguição à mídia e à Fox News. Coitadinho do Obama, a mídia está falando mal dele e tirando seu sono de Messias.
Veja, caro leitor, você se lembra (mesmo que não alimente qualquer simpatia pelo Bush) como a mídia detonou o Bush em seus últimos anos de Casa Branca? Até a Rádio Internacional da República da Banana fez um dossiê de como Bush foi o pior governante depois de Hitler.
Acho que mesmo sua mãe deve ter lamentado tê-lo dado de mamar. Alguém se lembra dele ter declarado a mídia "persona non grata" e buscado soluções tipicamente populistas, como se apresentar como vitima de complôs? E mais: não é só a mídia, mas os empresários também estão atrapalhando sua missão de salvar o mundo.
Você percebe a semelhança com El Chavez na sua atitude para com a Fox News? Claro que ele não pode mandar fechar a emissora como Chavez faz, mas pode difamá-la, tática comum em autoritários fingidos. Sua sorte é que ele é negro (afro-americano para os mais sensíveis), porque, se não fosse, já teria dançado. Como toda bolha, está vivendo de crédito.

ponde.folha@uol.com.br

ponde A volta das freiras feias, por Luis Felipe PondéLuis Felipe Pondé é filósofo e psicanalista, doutorado em Filosofia pela USP/Universidade de Paris e pós-doutorado em Epistemologia pela Universidade de Tel Aviv. Atuou como professor convidado nas universidades de Marburg (Alemanha) e de Sevilha (Espanha). Atualmente é professor do programa de pós-graduação em Ciências da Religião e do Departamento de Teologia da PUC- SP, da Faculdade de Comunicação da Faap (Fundação Armando Alvares Penteado) e professor convidado da pós-graduação de ensino em ciências da saúde da Universidade Federal de São Paulo e da Casa do Saber.
Autor, entre outros títulos, de "
O Homem Insuficiente", " Crítica e Profecia", " Filosofia da Religião em Dostoievski", " Conhecimento na Desgraça" e " Ensaios de Filosofia da Religião". É articulista da Folha de S. Paulo, com coluna semanal às segundas-feiras.

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A pós-graduação e a mais-valia

O que significa, então, para o médico ter mestrado/doutorado? Significa, na melhor das hipóteses, que se trata de uma pessoa com grande interesse em ensino e/ou pesquisa. Digo "na melhor das hipóteses" porque, infelizmente, há uma infinidade de outros motivos menos nobres para almejar esses títulos. Vaidade e marketing pessoal, para começo de conversa. Galgar posições políticas em sociedades médicas, subir na carreira universitária, melhorar o salário, etc.
por Flávio R. L. Paranhos

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