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31 de outubro de 2009

O mundo fantástico de Borges no Prosa de sábado

No início da década de 80 o escritor Jorge Luis Borges recebeu, na biblioteca de sua casa, o jornalista e amigo Osvaldo Ferrari para uma longa série de conversas. Os 90 encontros, produzidos para a Rádio Municipal de Buenos Aires e publicados no jornal "Tiempo Argentino", chegam agora integralmente ao Brasil, em três livros lançados pela editora Hedra: "Sobre os sonhos e outros diálogos", "Sobre a filosofia e outros diálogos", "Sobre a amizade e outros diálogos", organizados e traduzidos por John O´Kuinghttons. Que ninguém espere encontrar neles, porém, algo próximo de confissões, ou retratos íntimos. Embora o escritor tenha abordado temas que normalmente evitava, como mulheres (por pudor) ou a política (por aversão), o que as conversas com Ferrari revelam, como conta o repórter Guilherme Freitas, que entrevistou o jornalista argentino, é um escritor no auge de sua capacidade criativa e filosófica, que escolheu o diálogo como gênero literário mais adequado para se manifestar. Por tabela, as conversas revelam muito do universo fantástico e labiríntico criado por um dos maiores escritores do século XX.

Leia mais no PROSA E VERSO

para adquirir os livros, clique na capa:

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Padre Fábio de Melo lança livro de contos sobre a alma feminina

Esse é um livro sobre mulheres. Mulheres que amam, que amaram e que querem amar. Que projetam anseios, choram reminiscências, buscam a plenitude. Mulheres prenhes de graça, absolutamente reais ainda que fictícias, concebidas pela escrita sensível de um homem. Essa seleção de contos inéditos representa um mergulho no oceano de inquietações e aspirações femininas, do qual o autor emerge trazendo à tona personagens e narrativas que giram em torno da graça de ser mulher. Depois do êxito arrebatador de Cartas entre amigos, escrito em parceria com Gabriel Chalita, Mulheres Cheias de Graça é mais uma obra que vem consagrar Fábio de Melo na posição de um dos escritores mais lidos do país.

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Editora dinamiza na web

PublishNews - 30/10/2009 - Por Redação
O endereço é o mesmo, mas o conteúdo, quanta diferença! A famosa frase publicitária criada para divulgar um produto para os cabelos também pode ser aplicada ao novo portal da Cosac Naify, inaugurado nesta semana. Isso porque o conteúdo segue sendo disponibilizado no endereço www.cosacnaify.com.br , mas com seu conteúdo totalmente reformulado. Entre as novidades, a editora passou a disponibilizar livros para download. O primeiro livro escolhido é Flores, do mexicano Mario Bellatin, que consentiu que a obra recém-lançada ficasse a disposição de todos. A editora também aposta na maior interatividade oferecendo canais de diálogo com o seu público. Twitter (@cosacnaify), com mais de 2600 seguidores espontâneos, Facebook, com mais de 800 membros e Orkut. No site reformulado, destaca-se ainda a estreia do Blog da Cosac Naify, com um capítulo inédito do livro Guerra e paz, de Tolstói, traduzido por Rubens Figueiredo, disponível para os leitores com um ano de antecedência ao seu lançamento, previsto para novembro de 2010. O blog continuará adiantando trechos de livros selecionados pelos editores, curiosidades sobre a escolha das capas e mais informações quentes sobre os próximos lançamentos da editora. Além disso, a Loja Virtual ganha nova seção voltada para bibliófilos onde são disponibilizados em primeira mão, somente para aquisição online, livros com diferenciais gráficos que se tornaram raridade no mercado.

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Lançamento de Borges e outros rabinos, de Lyslei Nascimento, Editora UFMG, em Belo Horizonte

Lançamento de A Bíblia e suas traduções, organizado por Carlos Gohn e Lyslei Nascimento, Editora Humanitas/USP.
Lançamento de Borges e outros rabinos, de Lyslei Nascimento, Editora UFMG.
Local: Café com Letras, Rua Antonio de Albuquerque, 781 - Savassi - BH/MG.
Dia: 21 de novembro de 2009 - de 11 às 14 horas.

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Empresa israelense lança meia-calça inspirada no Twitter


Por PLETZ.com
O sucesso do Twitter está inspirando até mesmo o mundo da moda. O passarinho símbolo do serviço de microblog - acompanhado da característica frase "follow me" (ou "siga-me", em português) - estampa uma nova meia-calça da linha Tattoo Socks da empresa israelense Etsy. A coleção que simula tatuagem na pele da usuária traz outras estampas, para quem quer se divertir e surpreender com tattoos provisórias. A meia-calça do Twitter está sendo vendida por US$ 2,80 (cerca de R$ 5), no site da Etsy em www.etsy.com

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Diálogo entre Maquiavel e Montesquieu, por Maurice Joly

Em 1864, o escritor francês Maurice Joly publicou clandestinamente o livro "O diálogo no inferno entre Maquiavel e Montesquieu", uma sátira ao imperador Napoleão. Logo no início, deixa uma "simples advertência" - "Este livro tem traços que podem aplicar-se a todos os governos, mas ele tem um objetivo mais preciso - personifica em particular um sistema político que não variou um dia sequer em suas aplicações, desde a data nefasta e já bem distante de sua entronização", e complementa: "Aqui, tudo se apresenta sob a forma de uma ficção; seria supérfluo dar sua chave por antecipação. Se este livro tem algum valor, se ele encerra um ensinamento, é preciso que o leitor o entenda, sem esperar uma explicação. Aliás, esta leitura não deixará de ter diversões notáveis. Contudo, é necessário agir com cautela, conforme convém aos textos que não são frívolos".

Leia mais no Digestivo Cultural

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Simpatias para crentes e descrentes, 5/11/2009, 19h, Argumento, Leblon

O livro foi escrito a quatro mãos pelas irmãs Monique e Nicole de Larragoiti Sasso. Apesar de possuírem trajetórias diferentes, ambas têm vários interesses em comum, como as simpatias, o que resultou neste livro com mais de 120 para todos os fins. O livro apresenta dicas separadas por temas, como Lua Boa; Ervas e Plantas; Banhos; Amuletos; Velas; Amor; Saúde; Dinheiro e Prosperidade; Beleza; Crianças; Simpatias de Ano Novo e Onze Simpatias para se fazer sempre!

Lançamento previsto: 5/11/2009
Previsão de envio a partir de: 5/11/2009

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30 de outubro de 2009

Conversas com Woody Allen

O biógrafo de Woody Allen, Eric Lax, reuniu 36 anos de conversas com o cineasta em "Conversas com Woody Allen". No livro, Allen fala sobre a elaboração de roteiros, formação de elenco e representação, filmagem e direção, montagem e escolha da música. Todo o processo cinematográfico é contemplado nas reflexões do cineasta.

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[abismo poente] a verdade é você, helena, farejando as divisas de um presságio inexplorado ......

Abismo poente é uma narrativa ou um conjunto de contos sobre a imigração libanesa para uma pequena cidade do interior mineiro. É por meio de impressões e lembranças do narrador, mediadas pela personificação do exótico, do estrangeiro, do diferente, representados por Helena e Afif, que o leitor começa a compreender uma história de preconceitos e de incompreensões. A obra está dividida em nove partes, construídas de maneira que podem ser lidas em seu conjunto, como um romance ou individualmente, como um livro de contos. Algumas narrativas foram premiadas em importantes concursos literários e, a priori, não são inéditas, pois figuraram em antologias oriundas destes certames. Entretanto, estes textos, agora reapresentados em "Abismo poente", aparecem revisados e profundamente modificados. As nove histórias aqui reunidas foram agraciadas com um prêmio da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo e é graças a este incentivo que o livro chega ao leitor. O autor da obra não é nenhum iniciante em literatura e neste seu sexto livro insere definitivamente seu nome entre os bons escritores contemporâneos de nosso país.

Whisner Fraga
nasceu em Ituiutaba, no interior mineiro, em 1971. É engenheiro e escritor. Participou de inúmeras antologias literárias, frutos de premiações em concursos literários. Tem contos publicados na Revista E, do SESC, na Cult, e no jornal Correio Braziliense. Seu livro A cidade devolvida foi destaque da revista Bravo! Escreveu resenhas literárias para o Jornal do Brasil, Estado de Minas e Rascunho. Foi resenhista do site Leia Livro, apoiado pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.
Seu romance As espirais de outubro foi finalista do I Prêmio SESC de Literatura e premiado pela União Brasileira de Escritores - RJ em 2004. Venceu também o concurso PAC, da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, e foi editado pela Nankin Editorial, em 2007. Abismo poente foi vencedor do PAC 2008 - as narrativas i, iv e vi foram premiadas, respectivamente, nas edições de 2006, 2007 e 2008 do Concurso Luiz Vilela, um dos prêmios literários mais importantes e disputados do país

"Li há pouco tempo o Abismo poente e me impressionei com o vigor da linguagem. Ou melhor, com o efeito da linguagem, que me pareceu uma prosa muito poética, dilacerante e, ao mesmo tempo, com um grande poder de convencimento. Influências não são maléficas, e sim necessárias, sobretudo quando um autor encontra uma voz própria, como é o seu caso. No conto que me enviou, bem como nesse relato, percebi algo da prosa de Raduan, mas num tom que é seu, como deve ser o estilo de cada narrador de ficção. Parabéns pelo livro". (Milton Hatoum, escritor)

[livro encaminhado pela Ficções Editora]

Um livro para ser lido, estudado e saboreado em cada palavra. Concordo com a Carla Dias, a prosa de Whisner Fraga, já conhecida dos leitores do VerdesTrigos, também me "prende pelo ritmo a ela inserido e pela capacidade do escritor de dizer a realidade crua, e muitas vezes dolente, sem comprometer a vontade do leitor em continuar a jornada que está sendo contada. A destreza com que ele aborda a realidade com metáforas ora cândidas e ora pungentes, é o que o torna um contador de histórias que não teme o desconhecido, nem da trama, tampouco da linguagem que lhe serve de ferramenta".

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Abrindo os códigos do Verdes Trigos: 523.308 assinantes do feed

Abrindo os códigos do Verdes Trigos:

URL do feed: http://www.verdestrigos.org/agora/atom.xml

Inscritos: 523.308 Última atualização:00:18 (13 minutos atrás). O último a perguntar-me sobre este número de inscritos foi Alexandre Inagaki, com quem tive o prazer de debater Literatura e web no úlitmo final de semana em São Paulo.

A audiência diária varia de 3000 a 5000 visitantes/dia, sendo que o pico ocorre às quartas ou nas segundas-feira, nunca sábado ou domingo.

Quer anunciar em VerdesTrigos? Entre em contato: hcha@terra.com.br

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29 de outubro de 2009

O joio do trigo no Kindle, por Noga Sklar

- A senhora tem jornais aí? - escuto vindo lá de fora a voz do pintor que chega, de manhã bem cedo, para retoques na casa, enquanto Alan emerge sonado do quarto, ainda de robe e já rindo dos mais recentes desencontros que a tecnológica humanidade impõe a nosso dia-a-dia cada vez mais empobrecido (haja grana pra manter-se parte, não é?).
- Agora imagine - ele adverte se divertindo - cobrir o chão da sala inteirinho com Kindles pra proteger a pedra verde dos pingos brancos de tinta...
Isso, pra não mencionar que até na feira o jornal impresso já vem perdendo parte importante de seu uso: meu peixeiro de Itaipava, por exemplo, usa um papel finíssimo - de um lado seda, do outro uma versão suavizada de pardo rosado - para embrulhar seu peixe.
Não foi ainda no leitor de ebooks da Amazon.com que li O Globo esta manhã, lá isso é verdade, ansiosa demais pra ver meu nome registrado na fila da frente dos brasileiros publicados no Kindle, eu e Machado, pois é, se andei sumida do blog por um ou dois dias - e do Facebook, e do Twitter, e até do Globo Online -, vocês já sabem por quê: é que eu estava desbravando corajosamente, exilada de tudo o mais na mesa do escritório do andar de cima (e arrancando, desesperada, os longos cabelos brancos, com tantos bugues de linguagem me atacando no preview da tela, sabe-se lá como e vindos de onde), a selva do formato no Amazon Kindle.
Mas estou chegando lá, isto é: entre tantas outras coisas - como, por exemplo, o excitante trabalho novo como editora do VerdesTrigos Digital -, muito em breve completarei meu longo ciclo de amor e ódio como leitora do Globo: fui assinante por anos da edição em papel, depois conformei-me (ui) com as manchetes online, pra terminar com final feliz como assinante no Kindle, taí, muito em breve tudo que vale a pena ler nessa nossa apressada vida conectada estará no Kindle - ao alcance de um clique, e, claro, de um bom débito em dólares no cartão de crédito (vocês sabem, tudo tem seu preço, e enquanto não chega a cesta chinesa de tarifas, todo preço ainda tem sua base em dólares americanos), quem sabe o Kindle salvará a economia? Hein?
Pelo menos a minha espero que salve, já que estou correndo na frente, podem conferir desde já publicadas lá, sob o novíssimo VTD, as obras literárias classe A da familia Sklar.

***

Quer publicar? Vem pro VTD você também. Você não vai querer ficar de fora, né?

Noga Sklar nasceu em Tibérias, Israel, em 1952. Graduou-se em arquitetura no Rio de Janeiro. Desde 2004, dedica-se exclusivamente à literatura e escreve diariamente no Noga Bloga, seu bem-sucedido blog de crônicas. O gozo de Ulysses - As múltiplas línguas de James Joyce é seu terceiro livro publicado.

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Cheiro de e-book

O Globo - 29/10/2009 - Por André Miranda
Como se empresta um livro virtual? Se o dono de um leitor digital morrer, quem herda sua biblioteca? O que acontece com as editoras regionais se uma grande editora estrangeira traduzir obras para outras línguas e as vender pela internet? Como fica o direito autoral na rede? São muitas as perguntas e poucas as respostas trazidas pelo avanço dos e-books. As alterações se intensificaram com a chegada do Kindle, leitor digital da megastore Amazon, a mais de cem países no último dia 19. Além dele, outros leitores virtuais, como o Sony Reader e o recém-anunciado Nook, este lançado pela livraria americana Barnes & Noble, ajudam a aumentar a sensação de que o livro físico pode ser superado pelo virtual em breve. "Se o contrato com o autor permitir, nada impede que um livro de língua portuguesa seja lançado num país de língua inglesa", diz Marcos Souza, diretor de Direitos Intelectuais do Ministério da Cultura (MinC). Assim como as editoras, o governo brasileiro também vem acompanhando a migração de obras culturais para a internet. O MinC vai enviar, em novembro, um novo projeto de lei do direito autoral para consulta pública. A necessidade de uma revisão é urgente: a lei atual data de 1998, um dos primeiros anos de internet no Brasil. Por isso, há questões nebulosas sobre o ambiente digital.

VTD está nesta matéria do O Globo.

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28 de outubro de 2009

Vicentini Gomez é o italiano de "Cama de Gato"

O ator Vicentini Gomez volta à TV Globo, na novela Cama de Gato, com mais um personagem italiano; será Paolo Bianchi, um empresário romano, dono da distribuidora de perfumes  Firenze, da Itália. Ele vem ao Brasil para assinar contrato com a Aromas.


O encontro acontecerá num jantar com Alcino (Carmo Della Vechia) e Rose (Camila Pitanga).


Paolo encanta-se com Rose mas, no dia seguinte, quando recebe o contrato, perceberá que os valores estão alterados, numa armação feita por Verônica (Paola Oliveira). Paolo (Vicentini Gomez) decide não assinar contrato com a Aromas, mas Rose o convence a reconciderar.


A participação de Vicentini Gomez na novela Cama de Gato vai ao ar, na terça (02/11) e quarta-feira (03/11).


Em breve, Vicentini Gomez inicia as filmagens de mais um documentário sobre as cidades.

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Ensaio sobre o fanatismo, por João Pereira Coutinho

Em termos literários, a narrativa de "Caim" é pobre e, nas descrições sexuais, vulgar e risível 


O ATEÍSMO de Saramago faz lembrar uma história. Um dia perguntaram a Kingsley Amis por que motivo ele não acreditava em Deus. Amis fez cara de enfado e, razoavelmente sóbrio, explicou: "Não é bem não acreditar em Deus; é mais detestá-lO".
Tal como Amis, Saramago não descrê em Deus; ele simplesmente detesta-O com uma força só comparável à devoção dos verdadeiramente fanáticos. Nos seus livros "heréticos", o Mal não está apenas na religião tradicional e organizada. O Mal está na fonte. Leiam "O Evangelho Segundo Jesus Cristo": Deus é o vilão, não Jesus. Pelo contrário: Jesus só merece a empatia do autor, que descreve o destino daquele homem, condenado a sofrer às mãos do Pai, com verdadeira caridade "cristã". 
Deus, como sempre, é o supremo criminoso. A atitude é profundamente religiosa. E Saramago é, ironia, a criatura mais religiosa da literatura contemporânea. Não somos religiosos apenas porque amamos Deus. Somos religiosos até quando O detestamos: o nosso ódio, como Graham Greene mostrou no magistral "Fim de Caso", é também uma forma de afirmação. De afirmação pela negação. "Eu sou o espírito que nega!", exclama Mefistófeles ao dr. Fausto. 
Saramago também. É por isso que Saramago e os fanáticos religiosos que ele tanto critica falam a mesma linguagem. Ainda que habitem pontos opostos do diálogo. Essa atitude está novamente presente no último romance, "Caim". Em termos literários, a narrativa é pobre e, sobretudo nas descrições sexuais, vulgar e risível. Razão tinha o escritor português Francisco José Viegas quando dizia há tempos que os lusos trepavam mal na literatura. 
"Caim" revisita a história bíblica do irmão que mata o irmão. Por inveja? Por maldade? Saramago tem uma opinião diferente: porque Deus é caprichoso e, aceitando as ofertas de Abel, recusa as de Caim. 
O Deus de Saramago é assim: uma caricatura das divindades pagãs. É um Deus colérico, mesquinho, traiçoeiro, cruel. E, em matéria de onipotência e onisciência, uma verdadeira anedota: ele não pode tudo, ele não sabe tudo. Ele é deus, sim, mas com minúscula. Ou, nas palavras do autor, um "filho da puta". 
Esse rol de vícios é desfiado em "Caim" com uma infantilidade raramente vista na literatura. Depois de matar Abel por culpa exclusiva do divino, o inocente Caim vai viajando pelo Antigo Testamento como testemunha dos crimes de Deus. 
Os episódios são escolhidos com precisão cirúrgica: temos o sacrifício de Isaac por Abraão, evitado "in extremis" por Caim, prova definitiva de que Caim é bom e Deus é mau. Tão mau que, por ciúmes, destrói a Torre de Babel; permite a crueldade infanticida em Sodoma e Gomorra; tortura Job; e submerge o mundo no episódio da arca de Noé, momento final que permitirá a Caim exterminar as criaturas e confrontar-se diretamente com o Criador. 
Para Saramago, Caim é uma espécie de bolchevique "avant la lettre", um terrorista disposto a combater e a sabotar um sistema absurdo e demencial. Uma visão dessas só é possível na cabeça maniqueísta de um fanático. 
Mas Saramago não assume apenas as vestes do fanatismo ateu. Ele partilha com os fanáticos religiosos o mesmo tipo de interpretação literalista dos textos sacros, incapaz de ver neles qualquer dimensão alegórica, metafórica ou evolutiva. Disse "evolutiva"? Reafirmo. O Antigo Testamento só será compreensível se o lermos como um todo. Porque só a leitura do todo permite cartografar a evolução da própria ideia de Deus: um longo processo de composição milenar que, sobretudo com as contribuições dos grandes profetas entre os séculos 6 e 8 a.C., oferece uma visão do divino que é o oposto da visão iletrada, maniqueísta e literalista de Saramago. Uma visão que seria complementada pelo Novo Testamento. 
E Caim? Um mero executor de um crime autorizado e até precipitado por Deus? Não vale a pena tentar explicar que é impossível discutir Caim sem discutir primeiro o arcano problema do Mal. Mas é possível dizer que o problema do Mal é indissociável da liberdade constitutiva dos homens. 
Para Saramago, o livre-arbítrio não existe. O que existe é a velha visão determinista que apresenta os homens como meros joguetes das forças inexoráveis da história. E, como joguetes, obviamente absolvidos de qualquer ato ou crime. 
Enganam-se aqueles que afirmam que a ideologia política de Saramago deve ser separada da sua criação literária. Em Saramago, ideologia e literatura cumprem o mesmo papel. Doutrinar. 

jpcoutinho@folha.com.br


Sobre o Autor 
jcoutinho Vestes, corpos e sombras, por João Pereira CoutinhoJoão Pereira Coutinho: 32, é colunista da Folha, nasceu em 1976 na cidade do Porto (Portugal). Formado em História, na variante de História da Arte, é pós-graduado em Ciência Política e Relações Internacionais pela Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, onde também ensina como professor convidado. Entre 1998 e 2003, foi colunista do jornal “O Independente”. As colunas desse período foram reunidas no livro “Vida Independente: 1998-2003&Prime, editadas em Portugal em 2004. É colunista do jornal português “Expresso” e da Folha Online, entre outros. Na Folha, assina coluna na Ilustrada às quartas-feiras. Reuniu seus artigos para o Brasil no livro “Avenida Paulista” (Ed. Quasi), publicado em Portugal, onde vive. Escreve quinzenalmente, às segundas-feiras, para a Folha Online.

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27 de outubro de 2009

Barnes & Noble lança e-reader

O Globo - 26/10/2009 - Por Carlos Alberto Teixeira
Na semana passada, a rede de livrarias americana Barnes & Noble apresentou o nook, com "n" minúsculo mesmo, o primeiro leitor de ebooks funcionando com o Android, sistema operacional da Google, ao preço de US$ 259. Ele estará nas prateleiras americanas no fim de novembro. A Amazon, líder no segmento, sentiu o golpe e reagiu, tomando duas providências. A primeira delas foi anunciar o aplicativo gratuito "Kindle for PC", a ser lançado em novembro, que permitirá que ebooks comprados na loja online Kindle possam ser lidos por PCs rodando Windows. Para quem já possui o leitor Kindle, esse mesmo aplicativo usará a tecnologia Whispersync da Amazon para sincronizar dados com outros dispositivos, tais como um outro Kindle, e também Kindle DX, iPhone, iPod touch e um PC. Assim, o camarada poderá começar a ler o ebook no Kindle e continuar lendo em um desses outros aparelhos, sem perder os ponteiros. O aplicativo também funcionará em modo multitoque em tablets rodando Windows 7. O "Kindle for PC" foi mostrado pela primeira vez semana passada, no lançamento do Windows 7 em Nova York. A segunda reação da Amazon contra o nook foi reduzir o preço do Kindle, de US$ 279 para US$ 259.

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The Kindle experience, por Noga Sklar

Um pequeno passo para o homem, um salto gigantesco para a humanidade
Neil Armstrong, primeiro astronauta [americano, claro] a pisar na Lua

Embora assim pareça, ainda não sou eu pondo as mãos e os olhos gulosos de consumidora no mais novo e cobiçado brinquedinho eletrônico da praça, não, gente. Mesmo assim, já vou cuidando de aprimorar a incrível experiência pra você, leitor afortunado, que já tem o seu: sexta-feira à noite foi celebrada a parceria entre esta autora e o competentíssimo Portal Verdes Trigos para a edição de títulos brasileiros no Kindle, você sabia? Que apesar de estar sendo vendido para o mundo inteiro e o Brasil incluído, o Kindle somente oferece três livros em português? Dois deles de Machado de Assis, e em cópia aparentemente pirata? (ou seria de domínio público? hein? cala-te boca.)
Bom. Quero dizer. Oferecia. Até na última sexta à noite, já que a partir daquele solene momento os quatro títulos desta que vos fala já estão à venda lá, sob o selo VerdesTrigos, marcando território intelectual para as nossas letras: um pequeno passo para Noga Sklar, um salto gigantesco para a literatura brasileira, já pensaram nisso?
Livros em português para o mundo inteiro à distância de um clique? (alô, editores, tradutores, leitores estrangeiros, raros versados na bela e tão vilipendiada língua portuguesa, olhem o Brasil produzindo aqui, ó)
E por falar em quatro, sim, é isso mesmo: timidamente, sem nenhum estardalhaço por enquanto e meio assim, digamos, em formato de testes, dou meu ousado primeiro passo (crucial pra me libertar da ditadura de capa e tinta com seus cheiros e toques e possíveis riscos de degradação física [do livro] e mental [do autor mais ansioso], além de, vocês sabem, depredar por pura ambição de papel a preciosa natureza) e publico, direto ao público no Kindle - sem meios ou fins de dolorido e tortuoso acesso que me impeçam, daqui por diante, o acesso direto a quem quiser me ler -, meu mais novo livro de crônicas, "Luau Americano", pode clicar pra ver.
Sei que, por enquanto, essa coisa de Kindle Editions ainda está engatinhando, em outras línguas, claro, já que em inglês são mais de 350 mil títulos à venda e alguns milhões de Kindles já vendidos, mas me acreditem, estamos chegando lá, escritores, editores e leitores - e eu entre eles em todas as posições possíveis desse excitante jogo literário, ah, tudo bem: somos poucos por enquanto, mas o importante nisso é estar presente desde o início, é ou não é?
Não estou querendo dizer com isso que a criação do Kindle equivale à conquista da Lua nem nada, claro que não, gente: vai ser muito mais importante para a história da humanidade - e põe romance nisso -, como tem sido até hoje a tecnologia da informática. Acredito mesmo que entramos realmente na Nova Era dos Livros, uma mudança tão marcante quanto partir pra prensa mecânica vindo do papiro manuscrito, vocês se lembram: aquele de cujas fibras os egípcios faziam livro e que hoje em dia não passa de planta ornamental doméstica, como no espelho d´água aqui de casa, por exemplo, se é que vocês me entendem. Tenho certeza que sim.

Noga Sklar nasceu em Tibérias, Israel, em 1952. Graduou-se em arquitetura no Rio de Janeiro. Desde 2004, dedica-se exclusivamente à literatura e escreve diariamente no Noga Bloga, seu bem-sucedido blog de crônicas. O gozo de Ulysses - As múltiplas línguas de James Joyce é seu terceiro livro publicado.

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26 de outubro de 2009

Guido Viaro colocou seis dos seus livros para download gratuito, entre eles o "No Zoológico de Berlim"

O modus operandi de Viaro distribuir seus livros é mais do que peculiar. De cada romance publicado, com tiragem de mil exemplares, incluindo o mais recente, ele envia 800 cópias para bibliotecas públicas de vários pontos brasileiros. Os bibliotecários, de Pirapora a Xapuri, agradecem. Inclusive, passam a recomendar as obras para eventuais leitores indecisos. E os frutos já amadurecem.

Em 2006, recebeu apenas um e-mail. No ano seguinte, foi um e-mail por mês. Ano passado, um toda semana. "São leitores, de todo o Brasil, de 18 a 80 anos." A batalha rumo a maior interlocução possível tem no site http://www.guidoviaro.com.br mais uma arma: é possível fazer download gratuito de todos os seis romances.

Todos os livros dele estão à disposição no site, download gratuito. Estou destacando No Zoológico de Berlim porque é o trabalho mais recente dele, mas peço desde já que todos aqui do Meia deem uma conferida no trabalho dele e ajudem a divulgar (meia palavra)

Dowload de obras: http://www.guidoviaro.com.br/livros.htm

Recebemos o livro "No zoológico de Berlim" de Guido Viaro, com uma agradável e simpática carta, onde ele agradece a acolhida pelos dois livros anteriores, cuja repercussão foi ótima, rendendo ao seu site inúmeras visitas. Eu é que me sinto agradecido por proporcionar-lhe algo bom. Compartilho dos seus ideais e recomendo aos leitores visita, download e leitura dos seus livros.

"Não vejo a literatura como um fim. Sou uma pessoa que acredita em suas idéias e acha importante contá-las ao mundo , mesmo que apenas uma em cada milhão de pessoas esteja disposta a ouvi-las. Escrevo histórias de ficção que estão repletas das coisas em que acredito. Não quero ser um doutrinador e nem ter seguidores , essas idéias não são minhas e já foram ditas por muitas pessoas ao longo dos séculos de diversas maneiras. Quero ajudar , ser um instrumento de mudança que não espera e nem acredita em recompensas.

Coloco à disposição seis dos meus livros para download gratuito. Também disponho-me a enviar gratuitamente para qualquer biblioteca que tiver interesse e ainda não possuir , uma cópia dos livros "Glória", A mulher que cai", "A praça do diabo divino", " Embaixo das velhas estrelas", "No zoológico de Berlim" e "Flores coloridas". (Guido Viaro)

"No zoológico de Berlim":

• Sinopse do livro:
M´ ba Nkumrah é um africano que foi capturado em sua tribo para ser exposto ao público que visita o zoológico de Berlim. No cativeiro decide escrever um diário que descreve o que viu e sentiu durante seu período de confinamento.
A história é uma ficção baseada em fatos reais, no final do século 19 e começo do 20, era muito comum a exposição de seres humanos em zoológicos europeus. Capturados na África, América do sul e até no Pólo norte, muitos deles morriam na viagem, outros durante o cativeiro, somente alguns poucos sobreviviam para conhecer a liberdade.

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A história na laxa de lixo, por Moacyr Scliar

Ele não estava interessado em sustento; interessavam-lhe os enigmas do passado, e era isso o que queria estudar

O concurso público para a seleção de garis para a cidade do Rio atraiu 45 candidatos com doutorado, 22 com mestrado e 1.026 com nível superior completo, segundo a Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana). Cotidiano, 22 de outubro de 2009

HISTÓRIA foi uma coisa que o atraiu desde criança. O pai, descendente de uma família antiga, tradicional (e arruinada), guardava uma infinidade de cartas, de documentos, de gravuras, de fotos, coisas que praticamente davam testemunho da trajetória do Brasil e que ele mostrava ao filho com melancólico orgulho: "Este aqui é o meu tataravô conversando com o Imperador... Esta aqui é minha bisavó num jantar no Palácio do Catete..." Muito cedo, ele estava lendo sobre o tema; e, na hora do vestibular, não hesitou: fez história. A mãe, mulher prática e sofrida, ainda lhe advertiu: "Meu filho, história é muito bonito, mas não sustenta ninguém".
Ele, contudo, não estava interessado em sustento; interessavam-lhe os enigmas do passado, e era isso que queria estudar.
Foi um aluno brilhante, e, por sugestão dos professores, fez mestrado e depois doutorado no exterior, e ainda um pós-doutorado. Os anos foram passando, anos de estudo e de pesquisa; os cabelos começaram a ficar grisalhos e ele simplesmente não conseguia arranjar um emprego decente, um emprego que lhe garantisse um salário razoável. Tinha uma namorada que amava e bem que gostaria de casar e constituir família, mas onde poderia arranjar os recursos para isso?
Foi então que leu no jornal a notícia do concurso público para garis. O que lhe chamou a atenção foi o salário, muito maior do que aqueles que já lhe tinham sido ofertados. Depois de uma noite de insônia, decidiu: inscreveu-se na prova. No dia marcado, lá estava ele. Encontrou muitos conhecidos, entre eles dois colegas do mestrado e um do doutorado.
Para quem, como ele, tinha uma vasta cultura, a prova não era difícil. Foi aprovado e apresentou-se para trabalhar. O chefe do setor ficou constrangido; perguntou se não seria melhor encaminhá-lo para um serviço burocrático. Sua resposta foi categórica: tinha se inscrito em um concurso para gari e como gari trabalharia.
Era um trabalho pesado, como logo descobriu. Horas percorrendo as ruas, recolhendo sacos de lixo e jogando-os no caminhão. Para quem, como ele, tivera uma vida absolutamente sedentária, aquilo era um desafio. Que acabou resultando num acontecimento inesperado.
Uma noite, ao recolher o lixo de um prédio, encontrou um grande e pesado saco plástico. Obviamente, continha livros, e ele, intrigado, abriu-o.
Eram livros, sim. Livros de história, alguns clássicos, alguns muito raros. Por alguns instantes, hesitou: afinal, e por um motivo que não estava claro (desilusão?), alguém tinha rotulado aquelas obras como lixo, e, portanto, ele deveria jogá-las no caminhão.
Mas optou por guardar os livros. Livros são história. E ele continua acreditando na história, que nos dá lições inclusive através do lixo. Quem sabe um dia, inspirado por essa constatação, escreverá uma obra monumental sobre o lixo na história do mundo?

MOACYR SCLIAR escreve, às segundas-feiras, um texto de ficção baseado em notícias publicadas na Folha.

Moacyr Scliar: Nasceu em Porto Alegre, em 1937. É formado em medicina, profissão que exerce até hoje. Autor de uma vasta obra que abrange conto, romance, literatura juvenil, crônica e ensaio, recebeu numerosos prêmios, como o Jabuti (1988 e 1993), o APCA (1989) e o Casa de las Americas (1989). Já teve textos traduzidos para doze idiomas. Várias de suas obras foram adaptadas para o cinema, a televisão e o teatro.

O centauro no jardim, A majestade do Xingu, A mulher que escreveu a Bíblia e Contos reunidos são alguns dos livros marcantes de sua vasta obra literária, que soma hoje mais de 70 títulos publicados. Entre os recentes, destacam-se o romance Na noite do ventre, o diamante e o juvenil Um menino chamado Moisés, uma reconstituição imaginária da infância do famoso personagem bíblico.

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Lançamento virtual para contornar a censura

O Globo - 26/10/2009 - Por Redação
A polêmica sobre a vinda da blogueira cubana Yoani Sánchez ao Brasil para o lançamento do livro De Cuba com carinho (Contexto, 208 pp., R$ 29,90) teve o final esperado: mesmo com a interferência do Senado e do Itamaraty, o governo da ilhanão autorizou a viagem de Yoani. Ela apresentará seu livro aos leitores brasileiros através de um vídeo que será exibido durante o evento "Encontros O Globo", que acontecerá no auditório do jornal (Rua Irineu Marinho, 35. Rio de Janeiro/RJ) na próxima quinta-feira, dia 29, às 19h. O debate reunirá o deputado Fernando Gabeira (PV), os jornalistas Carlos Alberto Teixeira (O Globo) e Pedro Dória ("O Estado de S. Paulo"), e Paulo Uebel, diretor executivo do Instituto Millenium. A mediação será do jornalista Renato Galeno, do Globo. É a segunda ocasião neste mês em que Yoani é proibida de deixar o país. A blogueira também foi impedida de ir aos Estados Unidos receber o prêmio de jornalismo Maria Moors Cabot, oferecido pela Universidade de Columbia no dia 14.

SUMÁRIO INTRODUÇÃO

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"Malone Morre", por Luiz Felipe Pondé

Muitos acham que Beckett serve só para teses complicadas; o pessimismo é quase uma ciência exata

NUM DESSES dias cinzentos, quando o mundo parece alimentar em você aquela certeza de que a lógica do pior é a lógica do mundo, tropecei na citação: "Antes de mais nada, quero dizer que não perdoo ninguém. Desejo a todos uma vida atroz nos fogos do gélido inferno e nas gerações execráveis que hão de vir". É Samuel Beckett em "Malone Morre".

Muita gente acha que a literatura de Beckett existe pra escrevermos teses complicadas sobre como a época em que ele viveu foi descrente porque só se pensava em ganhar dinheiro numa Europa que se afundava no capitalismo americano, pós-Segunda Guerra.

E aí passamos a xingar a burguesia e sua breguice famosa e vazia. Eu nunca xingo a burguesia porque temo que o faça por inveja. Eu acho que textos como esse servem para nos manter de olhos abertos para o risco de que o coração resvale na descrença absoluta acerca da vida fora da miséria que escorre pelos muros do mundo. O pessimismo é meu pecado capital.

O pessimismo é uma geometria do mundo, quase uma ciência exata. Não acredito que a questão de Beckett fosse apenas um desespero "político-social". Se assim fosse, ele seria um escritor menor. O desespero só merece respeito quando vai muito além do político-social e escurece o Sol.

Em meados dos anos 1990, quando vivia em Paris por conta do meu doutorado, encontrei-me um dia com o filósofo Alain Finkielkraut num daqueles "cafés-cabeça" do Boulevard Saint German. Ele se dizia um pessimista. Discutíamos a literatura e a tendência, já forte na época, de afogar as letras no desejo brega de felicidade que hoje em dia satura o ar com seu fedor.

Para ele e também para mim, era claro que grande parte da culpa disso era da esquerda e sua natural vocação para esperanças bobas, quando se afasta de autores mais pessimistas como Adorno. Sempre suspeitei que o pessimismo fosse um regulador de caráter. A esquerda sempre teve uma vocação para o terror, para o desbunde, para a incompetência ou para a preguiça.

Seu argumento era muito parecido com o do escritor tcheco Milan Kundera: um romance deve criar dúvidas sobre o mundo, deve gerar um surto de insegurança e não passar esperanças em si mesmo ou no mundo. Como diz Kundera, "a burrice das pessoas vem delas terem resposta pra tudo". Finkielkraut comparava então romances como "Madame Bovary" e "Educação Sentimental" (ambos de Flaubert) a romances que oferecem soluções para a vida.

Se Emma Bovary nos ensina que o desejo é um companheiro destrutivo, ao mesmo tempo nos pega pela mão e nos leva a uma vida insípida onde não há desejo e da qual ela foge.

O confronto entre as duas formas de vida, sem solução, é a força da personagem. Mesmo que Emma tenha se transformado, para muitos de nós, naquele arquétipo da mulher de 40 anos com uma taça de vinho branco nas mãos, com os seios já caídos, que aborda homens em lançamento de livros ou em exposições, falando como sua vida está aquém de sua alma, ou mesmo desvalorizando o parceiro que tem, a verdadeira Emma Bovary encarna o risco que é apostar no desejo.

Mas uma vida sem desejo não vale a pena ser vivida, por isso ela é uma grande heroína: sua grandeza mora ali onde mora sua maldição.

Que distância dessas bobagens que psicólogas de recursos humanos gostam de ler e recomendar para seus funcionários ou que estes conferencistas motivacionais e de liderança gostam de citar como exemplo de vida para suas plateias atordoadas pelo pânico da vida.

Por exemplo, o que dizer a uma mulher ou a um homem que vê sua energia se apagar diante do sorriso de alguém mais jovem, oferecido docemente ao seu parceiro ou sua parceira? Nesse momento, a insegurança sobe à boca, inundando-a de uma saliva azeda, mas com aquele insuportável sabor que a verdade tem.

A solução ridícula então vem aos olhos, e eles falam: "Posso eu competir com essa fisiologia fresca e bela?". E aí vem o socorro da má literatura. Mas, quando em casa, à noite, no espelho, você se olha, dificilmente conseguirá esconder o desejo de que ninguém jamais seja perdoado porque você é infeliz, e de que todos que nasceram depois de você sejam execráveis, pela simples razão que ainda têm mais vida. Talvez Finkielkraut, Kundera e Beckett sejam excessivamente duros conosco, mortais. Às vezes parece que a consciência que eles nos cobram é excessiva. Uma certa dose de inconsciência se faz necessária para enfrentar as horas.

ponde.folha@uol.com.br


ponde A volta das freiras feias, por Luis Felipe Pondé
Luis Felipe Pondé é filósofo e psicanalista, doutorado em Filosofia pela USP/Universidade de Paris e pós-doutorado em Epistemologia pela Universidade de Tel Aviv. Atuou como professor convidado nas universidades de Marburg (Alemanha) e de Sevilha (Espanha). Atualmente é professor do programa de pós-graduação em Ciências da Religião e do Departamento de Teologia da PUC- SP, da Faculdade de Comunicação da Faap (Fundação Armando Alvares Penteado) e professor convidado da pós-graduação de ensino em ciências da saúde da Universidade Federal de São Paulo e da Casa do Saber.
Autor, entre outros títulos, de " O Homem Insuficiente ", " Crítica e Profecia ", " Filosofia da Religião em Dostoievski", " Conhecimento na Desgraça " e " Ensaios de Filosofia da Religião". É articulista da Folha de S. Paulo, com coluna semanal às segundas-feiras.

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Henrique Chagas, do VerdesTrigos, fala na TV sobre Ética; veja os vídeos

Henrique Chagas esteve no Programa Neusa Matos, e foi por ela entrevistado sobre Ética. A entrevista foi instigante e proporcionou enormes reflexões sobre o tema. O programa foi transmitido no dia 26/10/2009 no canal 20 da TV Cabo, retransmitido a cada hora. Enorme sucesso na cidade de Presidente Prudente/SP, de grande retorno.

Veja os vídeos:

Henrique Chagas , da VerdesTrigos, fala na TV sobre Ética - Parte I Henrique Chagas , da VerdesTrigos, fala na TV sobre Ética - Parte II
Dr.Henrique Chagas - parte I e parte II (26/10/2009)

Henrique Chagas*, nas suas palestras, busca desenvolver o espaço da ética ao longo da história filosófica da humanidade, conclamando, ao final, para uma ética da responsabilidade para com o futuro: Ética da Sustentabilidade.
Apresenta a problemática da ética a partir dos principais eixos da crise atual: a) a apartação social alarmante, b) o paradoxo trabalho x avanço tecnológico, c) a crise ecológica (escassez de reservas fósseis e água); e d) o lugar do masculino no mundo atual. Os eixos da crise são analisados com foco em conceitos éticos, que são um conjunto de símbolos e códigos desenvolvidos a partir das crenças e da moral.
Segundo Henrique, "ética e moral, todos acham que tem e a grande maioria das pessoas pensam que os outros não tem!". Então, o que é Ética?
Para a discussão e construção da ética pós-moderna, nas suas palestras, desenvolve o estudo da ética desde Aristóteles, Platão, passando por Maquiavel, Kant, Max Weber, desembocando nos pensadores modernos como Hannah Arendt e Hans Jonas. Ao final, é analisado o pensamento de Zygmunt Bauman, com suas críticas à pós-modernidade e suas consequências éticas.

* Henrique Chagas: estudou Filosofia e Direito, com pós-graduação em Direito Civil, com MBA em Direito Empresarial pela FGV. É escritor de contos e crônicas, que publica em sites e revistas eletrônicas. Pratica jornalismo cultural no portal cultural VerdesTrigos.org, do qual é o criador intelectual e mantenedor.

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25 de outubro de 2009

Sensação de perda que mobiliza é tema de livro de Amós Oz

Personagens de "Cenas da Vida na Aldeia" alimentam busca por algo desconhecido que as mantém vivas
Ubiratan Brasil, de O Estado de S.Paulo

SÃO PAULO - Aldeia encravada nas montanhas de Menashé, em Israel, Tel Ilan abriga uma pequena população, formada em sua maioria por pessoas desesperançadas - apesar de uma confortável situação financeira, elas vivem insatisfeitas, sempre em busca de algo ou alguém que não tem um contorno ou perfil definidos. Mesmo assim, não desistem, pois o que as move é o empenho para atingir um objetivo. "O que elas procuram, na verdade, está escondido dentro delas mesmo", observa o escritor israelense Amós Oz, que criou o vilarejo de Tel Ilan como palco dos contos de Cenas da Vida na Aldeia (tradução de Paulo Geiger, 184 páginas, R$ 38), que a Companhia das Letras lança neste fim de semana.

Trata-se de um bem cuidado rascunho de algo tão complexo como a condição humana - ali, no povoado onde todos se conhecem, a médica solteirona alimenta um amor descontrolado pelo sobrinho, o casal que reúne amigos para cantorias tenta, em vão, ultrapassar a morte do filho suicida, um jovem imberbe não consegue controlar sua paixão pela bibliotecária, e o presidente do Conselho, homem admirado por todos, é abandonado pela mulher que simplesmente lhe deixa um bilhete, "Não se preocupe comigo".

São histórias circulares, que Oz começou a escrever em 2006 e terminou dois anos depois. E, como sempre faz questão de frisar, não são alegorias do conflito palestino, mas histórias profundamente humanas de ambiguidade e melancolia. É a obra que apenas um escritor maduro conseguiria conceber. "Se tivesse 20 anos, certamente eu não poderia escrever esses contos", conta o escritor, que completou 70 anos em maio. "A maturidade é decisiva."

O clima desértico inspira Oz - ele se mudou para Arad em 1986, a fim de facilitar o tratamento de asma de seu filho caçula, Daniel. Anos depois, o garoto retornou a Jerusalém mas o escritor decidiu ficar. Com um humor tão seco como o clima, Oz adaptou-se à amplidão desabitada, extraindo dali a fonte de sua inspiração ao habituar-se a acordar cedo para passeios matinais que lhe despertam as dúvidas que movem sua literatura: ao se posicionar na pele dos personagens, ele se questiona sobre o que faria se estivesse em seu lugar.

Tel Ilan, o espaço físico de Cenas da Vida na Aldeia, é uma local fictício, que se soma agora à farta tradição literária de cidades imaginárias, mas Amós Oz insiste em afirmar que não utiliza a ficção para retratar a atualidade - ainda que os habitantes de seus contos tragam vestígios de pessoas com quem convive e o espaço físico se assemelhe a diversos kibutz israelenses, o escritor é enfático: essas páginas contam apenas histórias.

Eterno candidato ao prêmio Nobel de Literatura, Oz prefere militar pela paz entre palestinos e israelenses em artigos ácidos, que não poupam nenhum governo. "O final do conflito depende de nossa atitude", afirma ele ao Estado, em um inglês manso, preciso, mas carregado de determinação.

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