Quinta-feira, 10 de Fevereiro de 2005

Religião e Imprensa: de que lado você está?

Depois da folia, a eucaristia, já dizia a minha falecida avó. Pela primeira vez em 26 anos de pontificado, o papa João Paulo II não participou das preces da Quarta-Feira de Cinzas. Entretanto, mesmo combalido pela doença mandou a sua mensagem (com a ajuda de toda a cúpula do Vaticano, é claro) à CNBB, que lançou mais uma Campanha da Fraternidade com o tema Solidariedade e Paz (a de número 43). E, pela segunda vez o CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil) adotou a linha ecumênica. Além da Igreja Católica Apostólica Romana, a campanha deste ano contará com as participações da Igreja Católica Ortodoxa Siriana do Brasil, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Igreja Cristão Reformada, Igreja Metodista, Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil e a Igreja Presbiteriana Única.

Os confrades podem estranhar falar de religião neste saite (tem gente que prefere sítio). Mas vale como uma provocação. A bem da verdade, como todos sabem, o Brasil é um país religioso. E ....

[hipertexto] ==> Religião e Imprensa: de que lado você está?, por José Aloise Bahia.

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Quarta-feira, 2 de Fevereiro de 2005

"Deus é amor" antes e depois do tsunami

"Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza, auxílio sempre presente na adversidade. Por isso não temeremos, ainda que a terra trema e os montes afundem no coração do mar, ainda que estrondem as suas águas turbulentas, e os montes sejam sacudidos pela sua fúria" (Sl 46.1-3).

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Com maremoto ou sem maremoto

Nota: Recebi este texto de Elben César, da Editora Ultimato. Achei muito interessante.

O fundamentalismo religioso põe Deus em tudo e o fundamentalismo secularista tira Deus de tudo.

Todas as vezes que nós tentamos incluir ou excluir Deus nos tornamos indecentemente arrogantes. Os chamados fundamentalistas religiosos têm o costume de incluir Deus em tudo. Os chamados fundamentalistas secularistas têm o costume de excluir Deus de tudo.

No que diz respeito à tragédia asiática, o fundamentalismo religioso dirá arrogantemente que foi Deus quem provocou o maremoto e o fundamentalismo secularista dirá arrogantemente que Deus nada tem a ver com o maremoto. Ambos estão tomando o nome de Deus em vão.

Quando um xiita qualquer se diz enviado por Alá para derrubar as torres gêmeas e humilhar a nação mais poderosa do mundo, isso é fundamentalismo religioso (no caso, muçulmano). Quando o presidente da nação mais poderosa do mundo se diz instrumento de Deus para acabar com as forças do mal e implantar a democracia em Cuba, no Iraque e na Coréia do Norte, isso é fundamentalismo religioso (no caso, lamentavelmente, cristão). Tanto Bin Laden como Bush estão cometendo a arrogância de incluir Deus como lhes convém.

Quando o brasileiro Tales Alvarenga, da revista Veja, levanta dúvida sobre a existência de Deus e declara arrogantemente que se existir, Deus não interfere nunca (Veja, 19 jan. 2005, p. 55), isso é fundamentalismo secularista. O escritor está cometendo a arrogância de excluir Deus como convém ao seu raciocínio.

As duas posições são radicais e se opõem. E, como se sabe, uma fortalece cada vez mais a outra, abrindo caminho para a fermentação tanto de um como do outro.

O fundamentalismo religioso dirá que toda tragédia é castigo de Deus e o fundamentalismo secularista dirá que nenhuma tragédia é castigo de Deus. À luz das Escrituras (que o fundamentalismo religioso tende a manipular e o fundamentalismo secularista tende a ridicularizar), há tragédias provocadas claramente por Deus para coibir o pecado em seu estado mais cínico e generalizado. Sem sombra de dúvida, é o caso do dilúvio e da destruição de Sodoma e Gomorra, como se vê nesta passagem: "[Deus] não poupou o mundo antigo quando trouxe o Dilúvio sobre aquele povo ímpio... Também condenou as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-as a cinzas" (2 Pe 2.5,6).

Mas, de forma alguma, este não é o caso do desabamento da casa do filho primogênito de, que ocasionou a morte de sua prole toda, nem dos outros infortúnios do homem da terra de Uz. Não havia razão para qualquer castigo, pois era "homem íntegro e justo, temia a Deus e evitava fazer o mal" (Jó 1.1). Também não é o caso do desabamento da torre de Siloé, que causou a morte de 18 pessoas, "pois elas não eram mais culpadas do que todos os outros habitantes de Jerusalém" (Lc 13.4). Muitas tragédias são causadas pelo crime, pela guerra, por falha humana, por erro técnico, pela ganância, pela poluição do planeta.

Para todos os apressadinhos que querem explicar tudo o que acontece, sacrificando o bom senso, tanto religioso como científico, aumentando a confusão mental e deixando de socorrer as vítimas da catástrofe, há uma leitura obrigatória. Trata-se daquela peça que a Bíblia de Jerusalém chama de "conclusão hínica" ou "lírica", como prefere a Bíblia de Genebra:

"Ó profundidade da riqueza, da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e inescrutáveis os seus caminhos!" (Rm 11.23)

A versão popular desse minúsculo "hino" de Paulo, que J.B. Philipps coloca em seu Cartas às Igrejas Novas, é muito comunicativa:

"Francamente, estou perplexo com a insondável complexidade da sabedoria de Deus! Como poderiam explicar-se seus métodos de trabalho, ou compreender as razões que o levam a agir e em que circunstâncias?"

Assim como um analfabeto que nunca viajou, nunca viu a luz elétrica, nunca andou nem sequer de carro, nunca ouviu o barulho de um avião, nunca se aproximou do mar, nunca se encontrou com mais de 100 pessoas de uma só vez jamais poderá entender a famosa equação e = mc² o ser humano não tem como entender agora a profundeza ou o abismo (como querem a Bíblia de Jerusalém e a Bíblia do Peregrino) da riqueza, da sabedoria e da ciência de Deus. Tudo isso, pelo menos por enquanto, é insondável, inescrutável, imperscrutável, impenetrável, inexplicável. Há uma boa razão para tudo, mas nós não a conhecemos no presente momento. Pois não temos a altura de Deus. Somos as criaturas e não o Criador. Somos o vaso e não o Oleiro. Somos os aprendizes e não o Professor. Somos os vassalos e não o Soberano Senhor. Qualquer tentativa para entender, qualquer interpretação que tentemos dar é pura arrogância.

Basta-nos saber o que se encontra no finalzinho da tal "conclusão hínica":

"Todas as coisas vêm dele [de Deus], por meio dele e vão para ele". (Rm 11.36, EP)

Segundo a Bíblia de Genebra, essas palavras mencionam a vontade soberana de Deus ("todas as coisas vêm dele"), a atividade soberana de Deus ("todas as coisas vêm por meio dele") e a glória soberana de Deus ("todas as coisas vão para ele"). Portanto, sem maremoto ou com maremoto, "A ele seja a glória para sempre! Amém".

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O próximo

"Que compreendemos de nosso próximo, senão suas fronteiras, quero dizer, aquilo com que ele se inscreve e se imprime em nós e sobre nós? Nada compreendemos dele, senão as mudanças em nós que são por ele causadas - nosso conhecimento dele semelha um espaço oco a que se deu uma forma. Nós lhe atribuímos as sensações que os seus atos despertam em nós,dando-lhe, assim, uma falsa positividade inversa. Nós o construímos segundo o que sabemos de nós, dele fazendo um satélite de nosso próprio sistema: e, quando ele nos ilumina ou se escurece, e somos a causa última de ambas as coisas - nós acreditamos o contrário! Mundo de fantasmas, este em que vivemos! Mundo invertido, virado, vazio e, no entanto, sonhado cheio e reto!" (Nietzshce, Aurora, 118)

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