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Drama dos Bóe-Bororo

Paulo Augusto Mário Isaac*

Este trabalho tem por objetivo descrever o processo pelo qual vem sendo ressignificada a experiência escolar, entre 1992 e 1996, descrever como a educação escolar está refletindo o jogo de poder nas relações sociais Bóe-Bororo, em Tadarimana, demonstrar como os índios exploram as condições e as situações que lhe são favoráveis com o fim de alcançar seus objetivos pessoais, faccionais e sociais e interpretar como os Bóe-Bororo de Tadarimana impetram ações intencionais em dois campos de relações sociais diferentes e específicas: o campo das relações Boé-Bororo e o campo das relações interétnicas.

A educação escolar aparece como uma tática do reordenamento estratégico da sociedade Bóe-Bororo. Sua apropriação no campo das relações sociais indígenas constitui-se num foco de tensões em que emergem discussões quanto ao seu papel, à sua localização espacial física e sociocultural e às mudanças que tal apropriação implicará nas relações sociais do grupo.

Nessa situação histórica, a educação escolar se configura como uma alternativa e ao mesmo tempo como uma resistência da sociedade indígena diante da nova conjuntura global.

A escolha teórico-metodológica da dramaturgia social se deu com o objetivo de enfocar os aspectos expressivos das relações sociais e políticas Bóe-Bororo e também as tensões que se concentram no jogo de poder. No entanto, ao invés de focalizar a estrutura social, enfocaram-se as relações sociais, os papéis e as pessoas nesses papéis.


APRESENTAÇÃO

Cada palavra é uma borboleta morta espetada na página: por isso a palavra escrita é muito triste.
(Mário Quintana)


Mais triste ainda torna-se a palavra quando se busca traduzir o sentimento de um povo que vive em meio a uma situação colonial, subjugado em seu próprio território, exilado em seu próprio chão. Este é o caso das etnias indígenas brasileiras, dentre elas a Bororo, outorga senhora de um vasto território hoje reduzido a pequenas ilhas em meio a um mar de violência e opressão.

Dezenas de estudiosos, nacionais e estrangeiros, dentre eles Claude Lèvi-Strauss, voltaram a sua atenção para esse povo que se autodenomina Bóe, pelo esplendor de sua arte, pela requintada elaboração de seu universo de sociabilidade, por seu complexo ritual funerário e trágica história, dentre outras coisas. Mas nenhum deles se dedicou a estudar, de forma sistemática, a questão da educação escolar entre os Bororo. A pesquisa realizada por Paulo Augusto Mário Isaac, enquanto parte integrante de sua formação para a obtenção do título de Mestre, no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade federal de Mato grosso, representa um primeiro esforço no sentido de preencher essa lacuna crítica e muito tem a contribuir para o debate sobre a delicada questão da educação escolar indígena no Brasil.

O tema é instigante, e o autor recorreu a uma abordagem teórico-metodológica conhecida nas Ciências Sociais como análise de drama, para recuperar o cenário, os atores em suas diferentes posições e papéis, as múltiplas vozes, os embates interétnicos, trazendo à tona a dilemática situação de uma nação que resiste em meio a um ambiente que lhe é hostil.

Ainda que as palavras escritas sejam tristes e que os seus conteúdos semânticos sejam insuficientes para traduzir esse drama, fruto de relações entre desiguais e diferentes, a sensibilidade de Paulo Augusto Mário Isaac, a quem eu tive o prazer de orientar, levou-o a buscar um caminho que cedesse espaços aos Bóe-Bororo. Que o leitor faça um bom proveito!

Edir Pina de Barros
Doutora em Antropologia
Universidade Federal de Mato Grosso


Editora UFMT

Sobre o Autor

Paulo Augusto Mário Isaac: Paulo Augusto Mário Isaac nasceu em 1956 na cidade de Presidente Bernardes, Estado de São Paulo. Formou-se em Ciências Sociais pela UNESP de Presidente Prudente. Mestre em Educação Pública pela UFMT e Doutor em Ciências Sociais - Antropologia pela PUC-SP. Docente da UFMT - Campus Universitário de Rondonópolis, trabalha com os Bororo há 14 anos e com os Terena a 7 anos.

 

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