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RESENHAS
Baú de Memórias
Maria Dalva Junqueira Guimarães*
"Lá estava o cenário delirante, (...) aquela imensidão de invernada. (...) Uma represa insinuando-se pelas pedras e pela vegetação. (...) Quase um mar. Rabiscos de paisagens afogadas gotejando tempo. Ondas que envolviam tudo: barragem crescendo na fazenda Vazante, dormindo meio amorfa, meio triste, em meio a ruídos e ecos, e o vento, onde se encontravam homens e máquinas (...) invadindo um território vazio, espaços um pouco mais que nada (...) e os retirantes como quem acorda de um pesadelo. E o pesadelo lá, feito montanha, beliscando a polpa das nuvens. (...) Tudo isso, imaginem, para estender fios (fios elétricos) em postes de madeira. (...) Só ficou o nada na imensidão das águas. A alegria sumida no horizonte das lembranças. (...) Rio, cinturão de paisagens afogadas. Nada diz, exceto o indizível." Madelon, in Baú de Memórias.
BAÚ DE MEMÓRIAS
"O discurso de uma obra literária requer que o leitor consiga situar-se, historicamente, na pesquisa que o autor levantou para discorrer sobre os fatos, personagens, lugares e a transcrição da veracidade ambiental a que se propõe na escrituração do texto.A leitura deve ser atenta para alcançar o objetivo comum, onde o agradável sabor possa ter no aspecto narrativo sua beleza entre o tempo e o espaço.
No livro Baú de Memórias, a escritora Madelon alcança o objetivo a que se propõe, pelo linguajar e maturidade nos segredos que a obra literária apresenta. A narrativa é marcada pelo agrupamento familiar, onde o Cavaleiro do Sol, o pai, personagem impar, campeia pelos caminhos do sonho, destacando o espírito marginalizado de um local e de uma época já distantes.
Inova na sistemática do discurso da obra, dando a beleza necessária ao tema, embora já velho, mas conseguindo o interesse pela leitura, tornando-a mais amena, acessível, fácil e bastante criativa. Alcança nos diálogos o conhecimento vivencial da época, descrevendo com absoluto realismo a experiência dos problemas da sociedade rural, sem degradação ou exagero, de tal monta que a forma da linguagem, por si só, demonstra a conhecimento da autora em sua pesquisa histórica. É importante para as novas gerações o brilho e a visão da autora, importante para o conhecimento dos costumes e linguajar não usual dos dias atuais.
O livro merece ser lido pela criatividade, beleza, forma e temática, engrandecendo a literatura brasileira feita em Goiás. É um trabalho, que merecidamente, foi premiado pela qualidade e esperamos que outros venham com a mesma força de Baú de Memórias" (apresentação de Geraldo Coelho Vaz: é poeta, historiador e presidente da União Brasileira de Escritores - UBE/GO).
Sobre o Autor
Maria Dalva Junqueira Guimarães: Madelon nasceu em Monte Alegre de Minas. É licenciada em pedagogia e graduada em Psicopedagogia. Como educadora, exerceu as funções de Coordenadora Pedagógica e Orientadora Educacional. Hoje, aposentada, dedica-se exclusivamente à criação literária. Como intelectual, encontra-se filiada a diversas instituições que congregam escritores em vários estados e no Distrito Federal. Publicou trabalhos em inúmeras antologias nacionais e internacionais nos gêneros de prosa e poesia.
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