Segunda-feira, Julho 05, 2004

Na noite vazia iniciada

Ñande Ru Pa-pa Tenondé
guete rã omo-jera
pyt~u yma gui.

Nosso Pai Primeiro
criou-se por si mesmo
na Vazia Noite iniciada.


Gn 1-2: E a terra era vã e vazia, e (havia) escuridação sobre a face do abismo ....

Muito interessante a novidade da tradição oral guarani sobre a criação do universo, da terra e do homem exposta pelo indio Kaka Werá Jecupé. Expressa com autenticidade a essência da cosmovisão e dos valores de um povo e de suas formosas palavras de sabedoria. Evidentemente buscando aprimorar minha fé é justo que também encontre sossego e paz na sabedoria guarani.

Tupã Tenondé é a revelação dos ensinamentos secretos da tradição oral Guarani, antes só divulgados aos pajés. Os cantos que compõem esse hino sagrado, denominados porã-bei, ganham forma de verso na transposição para a escrita. Ainda que não nos torne pajés, Tupã Tenondé certamente vai cumprir sua missão original: formar corações valorosos, preparados para respeitar e valorizar a diversidade cultural num mundo em que, cada vez mais, alguns povos pretendem impor a outros sua maneira de ver e de viver.

Sobre o Autor:
Kaká Werá Jecupé é índio txucarramãe (guerreiro-sem-armas), batizado entre os guaranis. Desde 1989 participa de ações voltadas para o resgate, defesa, difusão e desenvolvimento da cultura indígena brasileira; tendo realizado projetos sociais com os povos nativos, mais especificamente a Nação Guarani e Nação Krahô. Trabalha como terapeuta, fazendo uso da medicina nativa (a cura através das plantas), com as danças sagradas indígenas, e workshops voltados para a integração do homem com a mãe Terra e coordena a Nova Tribo Cultura. Realiza palestras e participa dec seminários no Brasil e no exterior. Autor de: Awé Roirua-ma (Todas as vezes que dissemos adeus); Os Filhos da Terra; A Terra dos Mil Povos, 1998.

Domingo, Julho 04, 2004

O Senhor é meu Pastor

Leonardo Boff e Henrique ChagasNo último dia 30/06 estive em São Paulo e não perdi a oportunidade de estar presente na palestra e lançamento do livro "O Senhor é meu Pastor", com o subtítulo: "Consolo Divino para o Desamparo Humano", de Leonardo Boff, que além de escritor fantástico é um excelente orador. Ouví-lo é um prazer enorme, ainda mais quando se fala de consolo divino para o desamparo em que nos encontramos enquanto humanos falíveis e frágeis.

Leonardo Boff nos oferece neste livro uma nova dimensão ao salmo do bom pastor e do hospedeiro generoso, ajudando-nos a assimilar uma mensagem que vem inspirando, através dos séculos, pessoas de todas as tradições religiosas. 'O Senhor é meu Pastor' nos mostra que o medo é o reflexo da condição humana, feita de esperanças, desamparo e busca por conforto. Nós nos desesperamos achando que estamos abandonados, até que a força da fé transforma nossos sentimentos. Leonardo nos permite experimentar a libertação e o alívio presentes no salmo 23. Deus se anuncia como um bom pastor para nos conduzir a pastagens verdejantes e a fontes de águas cristalinas, permitindo reparar nossas forças.

Foi fantástico conhecer este escritor que tenho lido desde os meus 18 anos, quando peguei pela primeira vez: "Destino do Homem e do Mundo", depois "Jesus Cristo Libertador" e, acabei lendo todos os seus livros, todavia nunca tinha estado antes com Leonardo Boff.

O homem que apenas crê

"O homem que apenas crê e não procura refletir esquece-se de que é alguém constantemente exposto à dúvida, seu mais íntimo inimigo, pois onde a fé domina, ali também a dúvida está sempre à espreita. Para o homem que pensa, porém, a dúvida é sempre bem recebida, pois ela lhe serve de preciosíssimo degrau para um conhecimento mais perfeito e mais seguro".(C. G. Jung)

As donas do púlpito

Aumenta o número de mulheres que assumem postos como sacerdotes e pregadoras em diversas correntes religiosas

À primeira vista, Inamar Corrêa de Souza, de 33 anos, parece uma mulher comum. Cabelo nos ombros, batom leve, brincos, pulseira, anel, sorriso discreto e fala mansa. É o colarinho que chama a atenção: Inamar dirige a igreja anglicana mais importante do Rio de Janeiro, a Catedral de São Paulo Apóstolo. Como reverenda, realiza casamentos, batizados e missas, tarefas sempre associadas à figura masculina. No púlpito, relaciona a mensagem do dia a algum fato da semana e esboça sorrisos. 'Cada missa é única', garante. Depois que os fiéis se vão, amamenta o filho de 1 ano e 3 meses enquanto analisa o bordado que a filha de 11 anos está aprendendo a fazer com uma integrante da igreja.

No Brasil, as igrejas Metodista, Anglicana, do Evangelho Quadrangular, Exército da Salvação e Universal do Reino de Deus, por exemplo, ordenam pastoras. No fim do ano passado, a paraguaia Sandra Kochmann, de 33 anos, tornou-se a primeira rabina do Brasil e virou rabina-assistente da Associação Religiosa Israelita (ARI). Outras igrejas ainda discutem o assunto. (Leia matéria completa na REVISTA ÉPOCA - Edição 318 - 21/06/2004)