Obra será lançada no dia 29 de julho, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional

Em pouco mais de seis meses, com ajuda de um microcomputador plugado na internet, o editor sorocabano Douglas Lara conseguiu o que parecia impossível: reunir escritores de quatro continentes numa obra de caráter global. O livro "RODA MUNDO, Roda-Gigante - Antologia Internacional 2004" já está sendo composto pela Editora Ottoni, de Itu, e não pára de crescer: até hoje, 27 de maio, já foram fechadas nada menos que 490 páginas, que acomodarão as crônicas, contos e poesias de 39 autores. Mas a obra deverá ser ainda maior, pois o projeto comporta mais uma cota - e, neste momento, ela está sendo cortejada por alguns pretendentes.

A idéia de uma antologia mundial surgiu depois do sucesso do projeto "Onze Autores da Web" (Ottoni, 2003), que atraiu a atenção de escritores de outros países. Utilizando a internet, Douglas lançou a idéia para todas as partes do mundo, e as respostas foram surpreendentes. Além do Brasil, "Roda Mundo, Roda Gigante" terá autores do México, Espanha, Portugal, Peru, Holanda, Chile, Colômbia, Argentina (autora radicada nos Estados Unidos), Angola e Israel (autora radicada no Brasil). Os textos aparecem em português e espanhol. Para fazer jus à multiculturalidade da obra - cujo título é uma homenagem ao poeta brasileiro Chico Buarque de Hollanda - a capa, uma criação da publicitária sorocabana Jéssica de Almeida Bastida, traz uma imagem do mundo estilizado, como que amparado por duas mãos, e os nomes dos países participantes.

Eis os autores que assinam os textos: Adhemar Molon, Alípio Valadão, Antonio Leal (México), Arlinda Lamego, Clevane Pessoa, Diana Lima, Diógenes Pereira de Araujo, Douglas Mondo, Érica Monteiro Nunes, Everardo Torres (México), Hector Naupari (Peru), Hector Sommaruga (México), Henrique Chagas (da VerdesTrigos.Org), Ivone Carvalho, J.W. Macedo, Jéssica de Almeida Bastida, José Geraldo Neres, Julio Alves Filho, Laura Limeira, Leni Chiarello Ziliotto, Luis Carlos Mordegane, Luizeta Carolina, Manuel de Sousa (Angola), Marcelo Domingues D' Ávila, Margarita Drago (Argentina/EUA), Maria Luisa de Lujan (Chile), Mary Maia, Regina Lyra, Ridamar Batista (Espanha), Rivkah Cohen (Israel), Rosangela Borges, Sandra M. Julio, Selma Amaral, Sergio Godoy (Holanda), Silas Correa Leite, Vanderley Caixe, Vânia Moreira Diniz, Violeta Lima, Winston Morales Chavarro (Colombia) e Zeca Soares (Portugal).

O livro "Roda Mundo, Roda Gigante - Antologia Internacional 2004" será lançado no dia 29 de julho, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo. Depois dessa data, poderá ser adquirido na Livraria Cultura ou diretamente com os autores participantes, ao preço de R$ 35,00.

Gaúchos terão participação intensa na feira

O Rio Grande do Sul e um dos maiores expoentes da literatura brasileira, Érico Veríssimo, serão homenageados na 4ª Feira do Livro de Ribeirão Preto. As homenagens darão início às comemorações do centenário de nascimento do escritor, que será festejado em 2005. Além de um estande especial, com decoração típica, e muito chimarrão, os gaúchos prepararam uma ampla programação cultural que inclui palestras, sessões de autógrafos, shows e exibição de curtas e longas.

Alguns destaques serão o painel sobre Érico Veríssimo, no dia 25 de junho com: Sérgius Gonzaga, Luís Fernando Veríssimo e Maria da Glória Bordini, seguido de sessão de autógrafos, e o show de encerramento da feira no dia 27 de junho, com Luis Carlos Borges na gaita e Yamandú Costa no violão. Os autores Carlos Urbim, Luís Augusto Fischer, Martha Medeiros, Antônio Hohlfeldt e Moacyr Scliar já confirmaram presença no Salão de Idéias. Durante todo o período da feira serão apresentados oito filmes gaúchos: os curtas - Barbosa, Ilha das Flores , Memória, Esta Não é Sua Vida, Três minutos, Um Homem Sério – e os longas Netto Perde a sua Alma e Anahy de las Missiones.

De acordo com o secretário estadual da Cultura do Rio Grande do Sul, Roque Jacob, a homenagem foi recebida com muita honra em todo o Estado, que tem grande tradição na valorização do hábito da leitura e já lançou grandes nomes da literatura. “Estamos comemorando 50 anos da Feira do Livro de Porto Alegre, que já estimulou a realização de mais de 100 feiras em outros municípios gaúchos e entendemos a grande importância destes eventos. Queremos fazer jus a esta homenagem prestada por Ribeirão Preto, cidade que também tem grande tradição cultural, com uma programação atrativa e bastante intensa”, afirma o secretário, que participará da abertura oficial da Feira.

Para Eduardo Mendes, secretário municipal da cultura e presidente da Feira, essa troca de informações e experiências culturais é muito enriquecedora para todos os envolvidos. “Além, é claro, da satisfação de receber em Ribeirão Preto representantes da sólida tradição cultural gaúcha”, observa.


Estaremos em Ribeirão no final da Feira: de 25 a 27/06/2004.
A gente se encontra em Ribeirão.

Fé na bola

Santo mais forte que São Jorge é Dom Paulo Arns.

Há quem diga que política, futebol e religião não se discutem. Dom Paulo Evaristo Arns contraria esta regra. Durante os anos de chumbo, foi ferrenho opositor do regime militar. Em 1973, posou com uma bandeira e uma flâmula do Corinthians para uma célebre capa da revista Placar. Agora, em Corintiano Graças a Deus! (Planeta, 140 pp., R$ 29,90), o arcebispo emérito de São Paulo mostra que a sobriedade esperada de um religioso pode ser conciliada com os furores causados pelo esporte que é a paixão nacional. Entre outros casos curiosos, o livro revela que o cardeal, assim como intercedeu diretamente com generais para livrar os presos da tortura no período da ditadura, também fez a ponte com o papa Paulo VI para evitar que São Jorge, padroeiro do Corinthians e da Inglaterra, não tivesse o título cassado em um reordenamento do calendário oficial da liturgia. Dom Paulo alcançou seu intento, e guarda até hoje o bilhete em que o pontífice deu seu veredicto: "Não podemos prejudicar nem a Inglaterra nem o Corinthians".

Caminho das Pedras: O senhor dos jardins

Felipe Chaimovich
crítico da Folha de S.Paulo

Roberto Burle Marx (1909-1994) fez nossa paisagem moderna. Encontrou no jardinismo a expressão completa das múltiplas habilidades de pintor, escultor e botânico. Agiu politicamente como pioneiro da ecologia nacional. Nascido em São Paulo, seu pai era alemão, e a mãe, brasileira de Pernambuco. A família mudou-se para o Rio de Janeiro em 1913.

Burle Marx introduziu a pintura moderna no desenho de jardins. Buscava as florações e os formatos mais variados para compor manchas abstratas. A colagem de canteiros coloridos reinterpretava, em termos da estética vanguardista, as vistas pitorescas dos jardins tradicionais, dos tempos de Glaziou. Em São Paulo, Burle Marx plantou seu legado no parque Ibirapuera (1953/54) e, em Belo Horizonte, no complexo da Pampulha (1942). Encomendas pelo país afora, somadas às do estrangeiro, espalharam suas obras por espaços públicos e privados.

Assim, os jardins brasileiros começaram a exibir as mais novas descobertas sobre nossa própria natureza, pois o paisagista Burle Marx era também pesquisador em botânica e colecionador da flora nacional. Como colaborador do Patrimônio Histórico, despertou a atenção para a necessidade de leis de preservação de ecossistemas nacionais. Foi membro do Conselho Federal de Cultura do Brasil a partir de 1966. Em 1976, discursou perante o Senado em defesa da politização do debate ecológico.

Escritor israelense Amós Oz defende imaginação contra o fanatismo
CASSIANO ELEK MACHADO
da Folha de S.Paulo

No meio do deserto existe um oásis. Nele não há árvores frondosas, odaliscas, lagos frescos e frutas grávidas do melhor sumo. No meio do Deserto de Neguev, em Israel, existe um deserto chamado Amós Oz e nele tudo o que podemos beber são algumas talagadas de esperança, liberdade, imaginação e paz, sem nada do pieguismo que muitas vezes acompanha tais conceitos.

Foi com esses elementos que este israelense, nascido em Jerusalém há 65 anos, construiu uma das literaturas mais sensíveis de hoje sobre o "humano, demasiado humano", para emprestar a expressão de Nietzsche.

Lei a entrevista.


Como sempre tenho dito, desde quando o li pela primeira vez, Amos Oz merece prêmio Nobel. Tenho fé de que um dia o receberá, não o de Literatura, que também é merecedor e não me surpreederia, mas o da PAZ.

CONTRA O FANATISMO
Amós Oz

O fanatismo e a intolerância são os temas principais deste livro, resultado de três conferências realizadas por Amós Oz no Fórum de Literatura da Universidade de Tübingen, na Alemanha, onde atuou como professor convidado em 2002. O ponto de partida é, evidentemente, o mundo pós-11 de setembro, com a disseminação do terror e o acirramento dos conflitos entre árabes e israelenses. O escritor israelense vai, no entanto, muito além do noticiário ao tentar investigar as motivações mais profundas – e universais – daqueles que matam e morrem apegados cegos por suas certezas. “Pessoas que explodem clínicas de aborto nos Estados Unidos, que queimam mesquitas e sinagogas aqui na Alemanha diferem de Bin Laden apenas em escala, mas não na natureza de seus crimes”, argumenta.

Em 1967, Amós Oz foi à guerra por entender que seu país, Israel, estava ameaçado. Na década seguinte já militava no Paz Agora, principal movimento pacifista israelense. Por isso, este texto traduz mais do que idéias: sua substância é a vivência de quem rememora a infância, quando atirava pedras nos blindados britânicos que ocupavam Jerusalém assim como os palestinos o fazem hoje contra as tropas israelenses.

Com um texto claro e muitas vezes irônico, como quando fala de fanáticos “mais civilizados”, como antitabagistas e vegetarianos radicais, Amos Oz receita doses de bom-humor contra o fanatismo, recorrendo a escritores como Shakespeare, em cujas obras “toda forma de fanatismo acaba em tragédia ou comédia”. Para o autor, quanto mais você tem razão, mais engraçado fica.

O tom leve do livro, mesmo quando trata de temas polêmicos, pode ser exemplificado no conselho dado pela avó do escritor sobre as diferenças entre cristãos e judeus quanto à chegada do Messias. “Se o Messias vier e disser ‘oi, é muito bom revê-los’ os judeus vão ter que reconhecer seu engano. Se, de outro modo, o Messias chegar dizendo ‘muito prazer, é um prazer conhecê-los’, todo o mundo cristão terá que pedir desculpas aos judeus”.

Contra o fanatismo é apresentado no entusiasmado prefácio de Nadine Gordimer, escritora sul-africana premiada com o Nobel de Literatura em 1991, como “a voz da sanidade que ultrapassa a confusão, a mentira, a baboseira histérica e a retórica existente no mundo sobre os conflitos atuais”.

Amós Oz nasceu em Jerusalém em 1939. Sua obra já foi traduzida para mais de 30 idiomas. É autor, dentre outros romances, de Meu Michel, A caixa preta, Pantera no porão e O mesmo mar.

FRASE

"Se o redentor viesse, ele viria contando piadas (...). No momento em que aprendermos a rir de nós estaremos imunes ao fanatismo"
AMÓS OZ

Escritor israelense Amós Oz defende imaginação contra o fanatismo (Folha de São Paulo, 24/05/2004)

Belo
Rogério Miranda
Recebido em 23/5/2004

Rogério Miranda encaminha seu livro de crônicas: BELO, o retrato e os sentimentos à cidade de Belo Horizonte, que me fez sentir saudades dos tempos em que lá vivi. Minha BH da Esplanada, da Pompéia, das margens do Ribeirão Arrudas. Hoje já tem até uma avenida marginal ao ribeirão. Lembro das agruras e do horror das enchentes de 1979.

A leitura de Belo me tira das margens do Ribeirão Arrudas e me leva para frente da Igreja de Lourdes, aos pícaros da Piedade, às escadarias da São José ou ao alto das Mangabeiras, de onde vejo a cidade.

Uma leitura agradável, que vai do jornalismo aos relatos afetivos do Autor.

Leia escrita por Miguel Sanches Neto.

Tom Lisboa
Tom Lisboa comunica que tem link da VERDES TRIGOS no Portfolios Virtuais do sinTOMnizado. Fato que deixou-me muito feliz. Afinal estamos no site do TOM LISBOA. Estou muito agradecido.

O Bom do Tom
Tom Lisboa pinta, fotografa, é cenógrafo, bacharel em informática e expert em Comunicação e Linguagem. E um apaixonado por cinema. Seu trabalho e arte estão na Web, no Sintomnizado. São páginas simples mas substanciosas. Vale clicar nos links que levam às novidades cinematográficas e ler sobre a reestréia de 2001: Uma Odisséia no Espaço e o inesperado sucesso de 'Os Outros', novo filme de Nicole Kidman. Teatro, literatura, música e fotografia são assuntos tratados também com muito zelo por esse curitibano versátil e ativo. Vale ver seu diário online, que traz comentários inteligentes, saborosos mesmo, e suas criações plásticas, a exemplo da série 'Vôo', inspirada em brinquedos de papel - cata-ventos, barquinhos e aviões. Muito interessante também é o 'Documentário Pop de uma Metróple Qualquer', com imagens capturadas da televisão. Tom exibe perfis de celebridades em todas áreas artísticas abrigadas pelo site. Destaque para um livro sobre James Dean, que pode ser lido na íntegra. Há ainda um link para uma instituição que desperta a curiosidade: a Sociedade Brasileira das Pessoas-Livro. O que é? Confira no site.