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Paradigmas

por Noga Lubicz Sklar *
publicado em 12/01/2008.

"A arte" - afirma A.E., o poeta George Russell, no nono episódio (dialética) de "Ulisses" - "deve nos revelar idéias, essências espirituais informes. A questão suprema sobre uma obra de arte é a profundidade da vida que brota dela."

"O resto" - conclui - "é especulação de um colegial para outros."

Bons tempos. O que é que escapa hoje em dia ao rótulo maldito de pura especulação? Hein? Pelas mãos de quem faz tempo já passou de seus tempos de colegial? Não a arte. Certamente que não. E o espírito? Ainda menos.

Ah. O espírito. Que perda de tempo. A vida esotérica não é pra qualquer um, diagnostica Joyce - pela irônica boca idealista de Stephen Dedalus, seu alter-ego jovem quando artista - antes que a dor da vida o transforme num Bloom traído qualquer. Entre ovos áuricos cintilantes e um corpo de carne que muda, completamente, a cada seis meses - ops. exagero. hoje em dia, todo mundo sabe: a cada seis anos - J.J. oscila hilário entre crente e sarcástico, entre o ridículo e o radical.

Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Arte. Dinheiro. Crise. E entre um e outro exercitar o espírito quando tudo o mais, ao contrário do que parece, se encolhe na esfera da intangibilidade.

Nada mudou desde então. Embora a alma, por vezes ridícula, anseie interminavelmente por mudanças radicais: o fim dos tempos; os novos tempos. Ascenção. Aposcalipso. Mulatas calipígias em tempo de carnaval, ops. De vênus a vênias, o corpo uma mercadoria. Mercadoria de segunda mão que inevitavelmente "se esvai na impalpabilidade através da morte, através da ausência, através da mudança de hábitos".

Estranhamento... seres por descobrir-se... grandes, estranhas palavras. Hum. Já escrevi isso antes. Menos, Noga, fuja do advérbio como o leitor do debate! Ninguém hoje em dia dispõe-se a pouco mais que monossílabos. Nada de devaneios. Seja prática. Pragmática. Esporádica. Ops.

Leio ao mesmo tempo o relato perplexo de Oliver Sacks em "Alucinações Musicais", analisando as transformações de gosto de um paciente após ter sido atingido por um raio: uma iniciação xamânica clássica. Antes indiferente, o médico de agora, mero sobrevivente, vive para a música, como e mora em música. Ele é que é feliz: difícil é não creditar a uma causa sobrenatural o enlevo de tal mudança. Abaixo as teorias de plasticidade do cérebro.

Afirmam os profetas do improvável que temos vivido no fio da navalha do fim do mundo como o conhecemos, no limiar de uma grande, definitiva transformação. Para pior? Não sei pra onde vamos. Não sei o que deixamos. Não é certamente o aspecto acomodado de commodity. Se há algo que precisa, anseia, procura renascer de nós é a possibilidade de sentar-se à biblioteca num fim de tarde com dois ou três amigos pra jogar conversa fora, debater os destinos do mundo e antecipar o recrudescimento da arte.

Transformado em espectro pela morte do corpo, relegado a espectro pela ausência do espírito, regenerado enquanto espectro pela mudança do amor à arte e à literatura, James Joyce nos envia do além a receita da pós-modernidade. Tem gente por aqui que a consome com gosto.

Sobre o Autor

Noga Lubicz Sklar: Noga Lubicz Sklar é escritora. Graduou-se como arquiteta e foi designer de jóias, móveis e objetos; desde 2004 se dedica exclusivamente à literatura. Hierosgamos - Diário de uma Sedução, lançado na FLIP 2007 pela Giz Editorial, é seu segundo livro publicado e seu primeiro romance. Tem vários artigos publicados nas áreas de culinária e comportamento. Atualmente Noga se dedica à crônica do cotidiano escrevendo diariamente em seu blog.

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