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EDITH MODESTO: uma voz contra o preconceito

por Ângelo Caio Mendes Correa Jr. *
publicado em 12/01/2008.

Professora universitária, doutora em Semiótica pela Universidade de São Paulo, além de autora de vários livros que se tornaram campeões de vendas entre o público jovem, Edith Modesto nos mostra que sempre vale a pena a luta contra o preconceito.

Fundadora da ONG GPH - Grupo de Pais de Homossexuais lançou, recentemente Vidas em arco-íris, pela editora Record, uma coletânea organizada a partir de 89 depoimentos de homossexuais, trabalho pioneiro na área, um verdadeiro mapeamento da condição homossexual no Brasil.

Abaixo um pouco do pensamento e da trajetória dessa intelectual ,cuja fibra e seriedade parecem inesgotáveis, em entrevista a Angelo Mendes Corrêa.

ACMC: De onde a idéia de fundar o GPH - Grupo de Pais de Homossexuais?

Edith Modesto: Quando eu soube da homossexualidade do Marcello, meu filho caçula, eu me desesperei. Eu não tinha conhecimento dessa possibilidade natural e espontânea do ser humano. A idéia de conversar com outras mães me veio por acreditar que, assim, eu me sentiria melhor. Era a estratégia da identificação com os iguais. Funcionou e continuei com o grupo, agora uma ONG, para ajudar também outros pais. Apesar de os pais saírem do grupo quando já se sentem bem, temos atualmente em torno de 200 pais e mães associados ao grupo, do Brasil todo.

ACMC: Seu livro Vidas em arco-íris surgiu das experiências que vivenciou no GPH?

Edith Modesto: Não. O livro surgiu das entrevistas que fiz ao vivo com 89 homossexuais, homens e mulheres, de 14 a 62 anos. Penso que ninguém melhor do que eles para falar deles mesmos.Hoje sei que a pesquisa durante cinco anos para escrever o livro foi um dos recursos que encontrei para aceitar o meu filho.

ACMC:Quais os aprendizados mais significativos que teve ao longo de seu trabalho no GPH e durante a elaboração do Vidas em arco-íris?

Edith Modesto: Eu me reinventei. Tenho certeza de que hoje sou uma mulher muito melhor do que antes. Aprendi a aceitar as diferenças e, conseqüentemente, sou mais solidária e bem menos preconceituosa.

ACMC : Em que sentido a situação dos homossexuais brasileiros progrediu, sobretudo de uma década para cá, e que caminhos ainda precisamos percorrer para alcançar as conquistas que os homossexuais de vários países europeus já obtiveram?

Edith Modesto : Há alguns meses, o GPH lançou o Projeto Purpurina, um trabalho com adolescentes e jovens homossexuais. Os objetivos principais do trabalho são que eles encontrem seus iguais, façam amigos, conversem sobre assuntos de seu interesse e aproximem-se de seus pais. No próximo ano, pretendemos oferecer-lhes oficinas profissionalizantes, se obtivermos verbas. Hoje, garotos e garotas, de 14, 15 anos, já se aceitam como homossexuais. Há poucos anos isso seria impossível! O Projeto Purpurina só foi possível porque hoje os gays se reconhecem como são muito mais cedo e com mais facilidade e têm mais apoio e mais incentivo para terem uma boa auto-estima. De uma década para cá, fizemos grandes avanços, embora ainda haja um longo caminho a percorrer.

ACMC: A partir das entrevistas que realizou para Vidas em arco-íris, é possível afirmar que os homossexuais brasileiros, em sua maioria, têm consciência de sua condição, estão preparados para novas empreitadas em busca de mais visibilidade?

Edith Modesto: Só o fato de terem vindo ao meu escritório abrir seus corações, com tanta coragem, já mostra que os homossexuais estão tentando se tornarem mais visíveis. De qualquer modo, háainda um grande trabalho a se fazer nesse sentido. Penso que a auto-estima deles ainda não é adequada a grandes empreitadas. Mas o processo já começou e está cada dia mais acelerado.

ACMC: Como avaliar o resultado de pesquisa recentemente divulgada por um programa televisivo da GNT, segundo o qual 89% da população brasileira não vêem como algo normal a homossexualidade?

Edith Modesto: Eu acho pesquisa um instrumento que requer muitos cuidados para que os resultados não sejam deturpados e não sei como essa foi feita. Por isso, me abstenho de comentá-la. As pessoas têm a intuição de que a diferença éa norma do mundo, mas não se lembram disso quando o assunto é a sexualidade. Muitas vezes o que atrapalha está em outra área. Por exemplo, todo mundo tem medo do que desconhece. Talvez o problema seja o desconhecimento sobre sexualidade, principalmente.

ACMC: Em que sentido a mídia brasileira tem contribuído positiva ou negativamente para o debate sobre a homossexualidade?

Edith Modesto: Eu acredito que a mídia acompanha as mudanças sociais, não as inicia. Nesse caso, a mídia mostra como as coisas têm melhorado, mas nem tanto. Por exemplo, o casal gay da novela atual émuito certinho, cheio de qualidades e nenhum defeito. Esse é o tipo de gay e de relacionamento homoafetivo que a população já consegue aceitar.

ACMC: A religião ainda exerce um papel determinante para o reforço de valores preconceituosos em relação aos homossexuais?

Edith Modesto: Certamente. As mães evangélicas são as que mais sofrem. Conseqüentemente, fazem seus filhos sofrer mais.

ACMC: Quais os preconceitos mais recorrentes enfrentados pelos homossexuais brasileiros e o quanto esses preconceitos contribuem para a marginalização, para a formação de guetos?

Edith Modesto: Quando se pensa em homossexualidade, ainda soltam-se os demônios. As pessoas ainda acreditam que a homossexualidade é uma opção, uma escolha. Assim, a homossexualidade ainda estámuito relacionada ao negativo: pessoas com desvio de caráter e/ou sérios problemas psicológicos. Os jovens ainda têm medo de não serem aceitos por seus pais e muitos levam uma vida paralela, sem apoio, nem modelos positivos.

ACMC: Estarão os travestis condenados à discriminação até mesmo por parte dos demais grupos de homossexuais? Como analisar a situação desse grupo em nossa sociedade?

Edith Modesto: A ignorância acerca das questões da identidade de gênero éimensa, mesmo dentro da comunidade homossexual. Os homossexuais, assim como os heterossexuais, tiveram esses preconceitos introjetados desde o seu nascimento. As pessoas travestis, assim como transexuais e transgêneros, sofrem muito. O apoio médico e psicológico para essas pessoas no Brasil também é muito precário. Principalmente as travestis são muito desrespeitadas e empurradas para a prostituição e marginalidade. Isso é muito triste.

ACMC: Novos projetos de livros nos moldes do Vidas em arco-íris e algum novo projeto em andamento pelo GPH?

Edith Modesto: Meu novo livro "Mãe sempre sabe? Mitos e verdades sobre pais e seus filhos homossexuais" vai sair pela Editora Record e seu lançamento seráno primeiro semestre do ano que vem. O Projeto Purpurina, com apenas quatro meses, tem feito muito sucesso, é o mais novo empreendimento do GPH - Associação Brasileira de Pais e Mães de Homossexuais, a primeira do gênero no Brasil.

Sobre o Autor

Ângelo Caio Mendes Correa Jr.: Ângelo Caio Mendes Correa Jr. é professor e mestre em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo. Bibliófilo e articulista, tem vários ensaios sobre livros e escritores já publicados em vários jornais e sites do país. Reside em São Paulo.



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