início da navegação

RESENHAS

(para fazer uma pesquisa, utilize o sistema de buscas no site) VOLTAR IMPRIMIR FAZER COMENTÁRIO ENVIAR POR E-MAIL

Ensaio sobre a História trágico-marítima

Angélica Madeira*

Ensaio multidisciplinar sobre a coletânea de relatos portugueses de naufrágio do século XVI, compilados e publicados por Bernardo Gomes de Brito em Lisboa, em 1735 e 1736. As narrativas, embora sigam regras rígidas do gênero, são muito variadas pois foram escritas por narradores de diferentes origens sociais e diferentes níveis intelectuais. São padres, leigos, um historiador, um cosmógrafo, um boticário e há mesmo duas narrativas anônimas. Esses relatos são examinados ora pela ótica da sociologia histórica, ora à luz da teoria literária, ou ainda em uma perspectiva etnográfica. O resultado é um texto que integra e transcende os enfoques parciais.

O ensaio pretende ser mais um relato entre os relatos comentados. Daí emerge um pequeno mundo flutuante, síntese da sociedade em terra firme, com escravos e homens livres, fidalgos e plebeus, marinheiros que trabalham e cantam, ou doentes, gemendo nos porões, capitães dando ordens, damas, aias e crianças e capelães que orquestram novenas a Nossa Senhora. Todas as hierarquias são mantidas e bem demarcadas no espaço do navio, até o momento do naufrágio quando o sistema de atitudes sofre alterações pela proximidade da morte. O desenho do livro foi sugerido pela própria estrutura das narrativas, explorando-as, na primeira parte, como fontes históricas que permitem restaurar o cotidiano da vida a bordo, a cultura dos marinheiros e a própria Carreira das índias, o mais complexo roteiro marítimo da modernidade. Na segunda parte, o naufrágio é explorado como alegoria barroca, levantando-se a hipótese de os relatos prenunciarem uma matriz estética da prosa européia, com regras próprias de ficcionalização e de estilização do real. Na terceira parte, o foco incide sobre a errância dos náufragos em terras africanas, sequência que permite uma reflexão sobre a alteridade cultural além do grande interesse estético das alegorias e imagens.

Este é o livro, em traços gerais. Apesar da exaustividade da pesquisa, ele buscou um texto simples, evitando o uso de termos técnicos, visando a um público acadêmico e não acadêmico que se interesse por cultura marítima, viagens e naufrágios.

Sobre o Autor

Angélica Madeira: Angélica Madeira é formada em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e concluiu o mestrado e o doutorado em Paris, onde freqüentou a Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, Vincennes e Jussieu, focos de debates no campo das ciências humanas. Hoje é professora e pesquisadora do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília.

 

< ÚLTIMA RESENHA PUBLICADA | TODAS | PRÓXIMA RESENHA >

LEIA MAIS

Cinemaginário,  por RICARDO CORONA.
Nos poemas desse livro de estréia, o autor paranaense assinala a força da imagem em movimento, da marcação nervosa dos roteiros de histórias em quadrinhos e da palavra cantada da música brasileira.  Leia mais
Buena-dicha...,  por Neide Maganhas.
O livro Buena-dicha de Neide Maganhas é a saga da família espanhola que começa no ano de 1860 e se estende até o início do século passado, já aqui no Brasil. Os brasileiros trazem consigo grandes histórias e romances vindo de alguma parte do mundo, repletas de beleza e magia, que devem ser compartilhadas - diz a autora.
 Leia mais

Faça uma pesquisa no sítio

Utilizando-se uma palavra no formulário, pesquisa-se conteúdo no Sítio VerdesTrigos.

Ir ao início da página