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Mosca Azul

por Manoel Hygino dos Santos *
publicado em 26/04/2006.

Frei Betto lançou "A mosca azul", uma reflexão sobre o poder, como aparece no subtítulo. Mas, como observa Marisa Lajolo, ensaísta e professora titular de Teoria Literária da Unicamp, a tese do livro é também a recusa categórica em aceitar a miséria.

Ao apresentar Cristo e Sócrates, "punidos por suas posições e práticas políticas, Frei Betto estabelece uma tentadora genealogia da militância libertadora, que tem seus descendentes mais atuais em movimentos de base".

Nada a ver com "A mosca azul", um dos poemas machadianos em que mais evidente se mostra a feição parnasiana de sua poesia, no julgar de Sânzio de Azevedo. "Era uma mosca azul, asas de ouro e granada,/ Filha da China ou do Industão,/ Que entre as folhas brotou de uma rosa encarnada,/ Em certa noite de Verão." Tudo, todavia, se desfez cruelmente e o pária, dizem, ensandeceu, e não sabe como perdeu a sua mosca azul.

O pária sonhara alto e longe, pensou-se rei, o da Caxemira, que tinha sobre o colo nu um imenso colar de opala, e uma safira, cem mulheres em flor, cem naíras superfinas aos pés dele e todo amor para lhe dar. Mero engano. O sonhador quis dissecar a sua ilusão e, fazendo-o, descobriu que a mosca, era rota, baça, nojenta, vil, sentindo esvair-se a visão fantástica e sutil que tivera.

O sacerdote mineiro, culto, intelectual, corajoso, possivelmente tenha se movido pela mosca azul de empreender algo em favor dos homens deste país, em privação, provação e miséria. Não ficou todo o quatriênio no Planalto, onde tinha um gabinete próximo ao do presidente. Enfim, todos temos a nossa mosca azul, em algum tempo, com alguma idade.

Há os que quiseram demais, os ambiciosos, os vorazes em poder, em todos os governos e oportunidades, em todos os lugares. Pode-se identificá-los pela simples leitura dos jornais, por notícias e por entrevistas. Também para eles, a mosca azul falece algum dia, decepciona. No meio destes, há os que não se inclinam às evidências e aos fatos, insistem, persistem.

Mas chama a atenção acordar-se hoje para Sócrates. Para que se compreenda o seu papel e as causas de sua condenação, acaba de ser lançado no Brasil "O julgamento de Sócrates" (Companhia das Letras), do americano I. F. Stone, jornalista falecido em 1989, com 82 anos.

Para escrever seu trabalho, Stone evidentemente não recorreu a Sócrates diretamente, eis que nada deixou escrito, como aconteceu com Jesus. Recorre-se a Platão e Xenofonte, para extrair a verdade, já que Sócrates fora acusado de corromper a juventude, o que levaria a admitir sexo na questão, o que não corresponde à realidade.

A fim de entender a decisão, tomada por um tribunal democrático, que obrigou Sócrates a renunciar às suas idéias ou a beber a letal cicuta, Stone teve de enfiar-se na sociedade grega, na polis em que o filósofo viveu.

Mais do que isso, busca saber e transmitir, num debate intelectual de alto nível, o que havia ou há de Sócrates em Platão e Xenofonte, que tentaram captar seu pensamento, assimilá-lo e resumí-lo em suas obras.

Henrique Chagas diz que o livro se torna polêmico ao politizar o pensamento e a obra de Sócrates, criando interessante discussão intelectual. Stone é uma figura no cenário de imprensa e intelectual dos EUA. Condenou o macarthismo com veemência, posicionou-se contra os motivos de Washington para entrar na guerra da Coréia.

Terminou a brilhante carreira editando um boletim de 8 páginas, em papel ofício, com no máximo 30 mil exemplares, mas muito respeitado nos círculos políticos e culturais de Tio Sam. No fundo, Stone deixa a imagem de um Sócrates elitista, até antidemocrático, omisso nos períodos ditatoriais de Atenas.

Sobre o Autor

Manoel Hygino dos Santos: *Jornalista e escritor. Membro da Academia Mineira de Letras, cadeira n. 23.

Livros publicados:
Vozes da Terra , Ed. do Autor , Belo Horizonte , 1948 , Contos e Crônicas
Considerações sobre Hamlet , Ed. Imprensa Oficial de Minas Gerais , Belo Horizonte , 1965 , Ensaio Histórico – Literário
Rasputin – último ato da tragédia Romana , Ed. Júpiter , Belo Horizonte , 1970 , Ensaio
Governo e Comunicação , Ed. Imprensa Oficial , Belo Horizonte , 1971 , Monografia
Hippies – Protesto ou Modismo , Ed. Júpiter , Belo Horizonte , 1978
Antologia da Academia Montes-Clarense de Letras , Ed. Comunicação , Belo Horizonte , 1978 , Coordenação de Yvonne de Oliveira Silveira
Sangue em Jonestown, uma tragédia na Guiana , Ed. Júpiter , Belo Horizonte , 1979 , Ensaio
No rastro da Subversão , Ed. Faria , Belo Horizonte , 1991 , Ensaio
Darcy Ribeiro, o Ateu , Ed. Fumarc , Belo Horizonte , 1999 , Biografia
Notícias Via Postal , Ed. do Autor , Belo Horizonte , 2002 , Correspondências


E-mail: colunaMH@hojeemdia.com.br
Matéria originalmente publicada no Jornal "Hoje em Dia", Belo Horizonte/MG

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