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Alta-costura poética

por Celia Pedrosa *
publicado em 14/07/2003.

Fernando Fiorese usa experiência biográfica para criar dicção singular

Desde 1986, Fernando Fiorese escreve os poemas que - antes publicados em suplementos e antologias e coletados em quatro livros dos quais um chegou ao prelo patrocinado pelo autor - agora consegue trazer ao que chama de 'solidão pública' de uma edição mais visível. Para nossa sorte, porque ao longo dessa trajetória, na qual se podem detectar vacilações e irregularidades até certo ponto inevitáveis nesse ofício, como aliás em qualquer outro, Fernando foi esboçando uma dicção imprevistamente singular, até mesmo num panorama como o de nossa literatura de hoje, tão pleno de tantos e tão diferentes poetas.

Tal singularidade se constitui pouco a pouco em meio a poemas ora excessivamente cabralinos, pela combinação de sintaxe larga e procura estrita do símile, ora próximos demais de certa combinação de neologismo, elipse e associação do ínfimo ao non-sense cunhada por Manoel de Barros. Mas quando finalmente se mostra, coloca-nos frente a uma emocionante reinvenção do álbum de retratos - aquele mesmo, embora já outro, por meio do qual Drummond se redescobria a si mesmo e ao enigma da palavra poética.

Só que em vez da ironia drummondiana, a moldura maior das lembranças do passado é aqui o traço onírico-dramático que vem transtornar a redescoberta, sugerindo agora Murilo Mendes, mas sem repetição e esvaziamento de epígono. Com tal experiência da memória - biográfica e poética -, Fernando confirma ser possível ainda garimpar o rico solo da tradição moderna para dela extrair, evitando a estética viciada do pastiche ou da paródia, veios por explorar. Entretecendo de modo imprevisto essas ressonâncias de Drummond e Murilo, inicia-se, e também a seus leitores, em um outro e duplo aprendizado de Minas, de suas paisagens, intimidade doméstica, cheiro acre de história e vida guardadas.

É só conferir, por exemplo, o poema 'Avó depois de morta': 'A avó ainda rega o canteiro/ onde mirraram os brinquedos./ Mesmo morta ainda/ ralha com a tempestade/ que escondeu os meninos/ em outra idade.'

Um dos procedimentos básicos à construção da singularidade na poesia de Fernando é, paradoxalmente, esse esforço de mobilização de signos concernentes à identidade biográfica, à origem familiar, à cor local da cidade interiorana, ao lugar-comum da vida besta, a filamentos voláteis de erudição. Através de imagens como a do corpo portátil que serve de título à antologia - e nela se desdobra na do horizonte portátil, do esconderijo portátil da paisagem, do sol portátil que nasce e morre em cada livro - esse esforço produz um paradigma indicativo do que permanece e ao mesmo tempo se transforma, articulando os signos da origem aos do transitório e supérfluo, como o são quartos de hotel, bagagens, e roupas. Estas últimas se tornam, aliás, responsáveis talvez por alguns dos melhores momentos dessa poesia.

Nela, é certo que, por um lado, a identidade lírica seja afirmada como um efeito de abandono, pois 'escrever exige/aprender a descartar-se', e o livro de linhagens está rasurado, como 'espelho / antigo e turvo/ onde não cabe/ este que me ultrapassa'. Mas, por outro, é justamente de sua história familiar de alfaiates e costureiras que o poeta consegue extrair as linhas de uma reflexão existencial e metapoética em que se entretecem arte e artesanato, prosaico e dramático: 'o que um livro sabe/ é desmontar-se/ até a costura'.

Assim, em 'Nelsa, enquanto costureira', aprendemos que 'De corpo entendo./ O que me escapa/ são os remendos/ que amiúde pedem,/ como se eu pudesse/ costurar para dentro./ Um alfinete/ é a dor que posso.' E em 'Filho de costureira': 'Calças não desmereço,/ mas destino às camisas/ um apreço de domingo. / Tias me cerziram/ por dentro essa elegância/ de depois do banho./ Cerziram o vazio/ antes que os vizinhos vissem/ os alinhavos se desfazendo/ nas mãos de minha mãe/ - para sempre à procura/ da linha que se partiu.' Intrínseco e simultaneamente descartável como roupas, retratos e 'mortos que hospedamos/ íntimos', o eu lírico nessa poesia então se impõe e ao mesmo tempo demite como efeito de uma autoria que se tece e remenda e desalinhava em versos feitos de ontem e de nada, de medos e assombros cotidianos, de miudezas da caixa de costura da avó e do armarinho dos outros. Por isso esses versos se dizem apócrifos, sendo, no entanto, intensamente próprios.

Fundada assim na transformação da raiz em bagagem, da história em viagem, da paisagem do quintal em presságio de tempestade e perda ('Morrer é aquela árvore'), a poesia de Fernando Fiorese afirma negando, nega afirmando, e, o que é mais importante, consegue fazê-lo de modo a evitar tanto já desgastados efeitos de ludicidade minimalista e cética quanto qualquer excesso de eloqüência sentimental. Sua poesia por isso mesmo se faz, ao contrário do que afirma em um de seus 'Apócrifos enganosamente verdadeiros', de 'frases e febres'. Porque encena o hábil retorno ao verso e ao poema que sabem ora se contrair ora se estender, de modo a figurar a pulsação do intenso e reescrever o banal como quem o adoece e revitaliza, nele instalando a dramaticidade da morte mas também sugerindo algo da re-insurreição poética proposta por Valéry: 'poucos lançaram o corpo/ nos ofícios da casa/ - até a palavra mãe/ é preciso adoecer/ ainda que a rota seja outra', pois 'escrever é para órfãos' , é 'desfazer bagagens'.

(publicado no JORNAL DO BRASIL - 12/07/2003)

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Sobre o Autor

Celia Pedrosa: Professora de Literatura Brasileira e Teoria da Literatura e coordenadora da Pós-Graduação em Letras da UFF

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