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Passividade ou Conivência?

por Airo Zamoner *
publicado em 30/01/2006.

Onde estamos? Os crimes aí estão, escancarados, claros, desavergonhadamente confessados em nossa cara. Por que nada acontece? Por que ninguém reage? Que dormência é esta? Que catatonismo avassalador amortece o país? Ninguém fará nada? Estamos todos loucos? Estamos cegos? Estamos surdos? Ou fazemos parte desta quadrilha?

Os poderosos deste país confessam abertamente os delitos mais abomináveis e continuam livres! Continuam sorrindo. Continuam a fazer discursos. A fazer conchavos, a sussurrar nos corredores. Supostos inimigos de idéias, encontram-se nas madrugadas para acertar vantagens e, no dia seguinte, continuam a encenação, enganando os trouxas. Há uma hipnose coletiva a proteger bandidos?

Estamos todos de rabo preso? Fazemos parte de um pacto macabro e desavergonhado: o pacto da impunidade? Todos conjugam escorreitamente o verbo punir, como se oração fosse. Eu não o punirei. Tu não me punirás. Ele não te punirá. Nós não os puniremos. Vós não nos punireis. Eles não vos punirão. E pronto! Estamos acertados! Agora vamos dividir o dinheiro e enterrar os cadáveres! É isto mesmo?

As autoridades que agem como facínoras não só continuam livres, mas transitam cinicamente pela república como se nada jamais fosse atingi-los. E nada indica que serão realmente atingidos. É assim que será?

E nós? E nós aqui do banhado? Que silêncio é este? Por que esta cumplicidade com salteadores confessos, supostas autoridades que nos governam? Há algum gás demoníaco sendo espalhado no ar? O que colocaram em nossa água? Está contaminada por alguma alquimia de bruxos aliados? E a justiça? E o ministério público? E a polícia? E o cidadão de bem?

Tirem a venda da justiça! Ela não quer enxergar o que acontece? Por que ela deixa que a lei seja vilipendiada e continua cega, surda, indiferente, preguiçosa? Por quê?

Tenham a coragem de mudar os símbolos para mudar esta realidade abjeta. Demitam esta estátua ridícula, vendada e com uma balança que ela não vê. Não quer ver, portanto, qual prato afunda. Para quem pendem os pratos desta cômica balança?

E nós aqui, pagando civilizadamente, obedientemente em dia, os polpudos salários desta gente desprezível! Gente que não gera um centavo. Apenas consome o nosso. De olho no que produzimos para abocanhar sempre um naco maior.
Até quando, meu Deus? Até quando? Até quando nossa ingenuidade, nossa preguiça, nosso desalento, nossa paciência irá suportar esta trama diabólica?

Estou de saco cheio de ver governo, oposição, justiça, polícia e o diabo nos achacando sem parar. Estou de saco cheio de ver a autoridade, seja ela qual for, sem esboçar um único esgar pelas culpas que carrega.

Nossas autoridades que me ouçam bem! Elas, de todas as espécies e poderes, são culpadas até a medula pelas mortes que ocorrem nas estradas, nas ruas, nos assaltos, nos seqüestros, nos hospitais escangalhados, nas filas da vergonha, nas escolas violentas. Meu Deus! Até nas escolas a violência campeia. Facas e armas empunhadas por nossos meninos e meninas! Quem é culpado por isto? Quem fez e faz deste país esta miséria? Sou eu? São vocês? Somos nós? Não! São eles!

Eles, que se apresentam para dirigir esta república, mas que, na verdade, querem outra coisa. Eles, que destroem um pouco por dia tudo o que construímos. Eles, que não criam riqueza. Nós a criamos. É a nossa parca riqueza que vai para eles se locupletarem em falcatruas, em contas no exterior, em fraudes, em sonegação, em não contabilizados de toda ordem, em mentiras sem conta. E continuamos a pagar estes bandidos que nos arrombam com palavras, palavras dos infernos. Até quando vamos aturar estas almas leprosas, estes espíritos de porco, estas mentes assassinas, esta falta de caráter, de honra, de vergonha?

Ouçam os discursos desta gente de mente emporcalhada. O cinismo, o caradurismo, a mentira, a culpa vasa por todos os poros e nós não vemos? Ainda somos a criança ingênua de ontem, acreditando e nutrindo sonhos com fadas e princesas e à espera burra de que aparecerá um dia, alguém sincero?
Nossa passividade beira à conivência.

Sobre o Autor

Airo Zamoner: Airo Zamoner nasceu em Joaçaba, Santa Catarina, criou-se no Paraná e vive em Curitiba. É atualmente cronista do jornal O ESTADO DO PARANÁ e outros periódicos nacionais. Suas crônicas são densas de conteúdo sócio-político, de crítica instigante e bem humorada. Divide sua atividade literária entre o romance juvenil, o conto e a crônica, tendo conquistado inúmeros prêmios e honrosas citações.

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