Crônicas,contos e outros textos

PÁGINA PRINCIPAL LISTA DE TEXTOS Gabriel Perissé


COMPARTILHAR FAVORITOS ver profile do autor fazer comentário Recomende para um amigo Assinar RSS salvar item em delicious relacionar no technorati participe de nossa comunidade no orkut galeria relacionar link VerdesTrigos no YouTube fazer uma busca no VerdesTrigos Imprimir

São Miguel das Missões Verdes Trigos em São Miguel das Missões/RS - Uma viagem cultural

VerdesTrigos está hospedado no Rede2

Leia mais

 




 

Link para VerdesTrigos

Se acha este sítio útil, linka-o no seu blog ou site.

Anuncie no VerdesTrigos

Anuncie seu livro, sua editora, sua arte ou seu blog no VerdesTrigos. Saiba como aqui

Nenhum assassino é imortal

por Gabriel Perissé *
publicado em 18/05/2005.

A, digamos assim, crítica que o novo livro de Jô Soares recebeu no Jornal do Brasil do dia 1º de maio, foi, no mínimo, complacente. Marcelo Pen, da Folha de S. Paulo, também não critica o livro do autor, nem o autor do livro. Entrevista-o apenas. Na IstoÉ, Luiz Chagas não toca na ferida, apenas alisa o fardão que, por mais que negue querer vestir, com vesti-lo Jô Soares sonha.

Poderíamos descartar toda e qualquer crítica, de fato, alegando tratar-se de romance para entreter. Mais ainda por ser o autor humorista consagrado. Uma brincadeira com os imortais, cuja posição social dá trela à piada, como também é irresistível não brincar com o peso do próprio Jô.

A mortalidade dos imortais é prato cheio para uma fácil boutade cultural. O falecido jornalista e escritor Austregésilo de Athayde (presidente da ABL ao longo de 36 anos), só podia ter um apelido: Austregésilo de Ataúde. Jô menciona a frase jocosa de Olavo Bilac: “Sou imortal porque não tenho onde cair morto...”. E por aí vamos.

O poema criado no livro, paródia da Canção do exílio, diz o que muitos literatos pensam: “Não permita Deus que eu morra / Sem brilhar na Academia”. Este sonho, dentro e fora do livro, e dentro do livro homônimo pertencente à trama do livro, é o sonho que move o assassino, e o que leva Jô Soares a ter escolhido a ABL para lançar este seu novo título, a exemplo do que Paulo Coelho fez em 2000, lançando lá O Demônio e a Srta. Prym, dois anos antes de candidatar-se a uma vaga.

O problema fatal, a meu ver, em Os assassinatos na Academia Brasileira de Letras, é sentir em suas linhas o fruto de um trabalho minucioso, premeditado passo a passo, escrito calculadamente, realizado com a precisão de quem quis cometer um crime perfeito.

O crime está, por exemplo, em ostentar, como quem não quer nada, e no fundo tudo quer, um conhecimento detalhado, enciclopédico, do ambiente em que a história se passa. Referências, nomes, dados, datas... Tudo transpira pesquisa. Mais do que inspiração...

Pelo menos conta-se uma história! Mas uma história policial meio forçada, sem a originalidade, sequer, de autores considerados de segunda, como Agatha Christie ou Simenon.

Sobre o Autor

Gabriel Perissé: Gabriel Perissé é professor universitário, escritor e palestrante. Doutor em Filosofia da Educação pela USP, publicou em 2003 o livro Filosofia, Ética e Literatura - uma proposta pedagógica, em 2004, A Arte de Ensinar, e em 2005 o livro Elogio da Leitura, pela Editora Manole. Desde 1983, ministra palestras e cursos em escolas, faculdades, empresas, ongs, livrarias, bibliotecas e editoras, sobre temas relacionados à arte de ler, pensar, escrever e ensinar.

Site: www.perisse.com.br
Blog: www.oprofessordofuturo.blogger.com.br/

< ÚLTIMA PUBLICAÇÃO | TODAS | PRÓXIMA>

LEIA MAIS


Escola, hora da escolha, por Gabriel Perissé.

Estilo maduro, por Antonio Calloni.

Últimos post´s no Blog Verdes Trigos


Busca no VerdesTrigos