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A Agricultura em Casa

por Efraim Rodrigues *
publicado em 14/02/2005.

Veja hoje o terceiro e último episódio da trilogia “do saquinho de supermercado à salada na mesa”

Nas duas últimas colunas (com uma breve parada para o carnaval) eu falei sobre como podemos evitar o desperdício de plástico das sacolinhas, e na coluna seguinte eu falei sobre como também evitar o excesso de lixo em casa, que torna necessárias as sacolinhas de supermercado como saco de lixo. O composto orgânico que eu faço aqui em meu apartamento precisava daí ser utilizado em algum lugar. E daí vem o episódio de hoje; Agricultura em casa.

Tudo começou meio que por acaso, aliás como provavelmente começou a agricultura há 10000 anos. Eu coloquei um pouco de composto em uma vaso aqui em casa, e em pouco tempo, a planta que estava no vaso abriu lugar para um luxuriante pé de tomate. Com direito a tomatinhos, bem pequenos, vermelhos e doces.

Mas criar tomates em solo é uma coisa, em vasos é outra. Em um vaso, as raízes ficam apertadas, e não tem a água do solo também. Deixe um pé de tomate sem água por dois dias e ele morre. O problema é que eu viajo muito, aí já viu a desgraça... Sempre que eu chegava em casa, tinha alguns defuntos me aguardando.

Um dia eu tive a idéia de colocar vários vasos de tomate em uma bandeja, feita nas dimensões da largura da minha varanda, onde cabem dezenas de deles. É uma idéia banal (assim como a agricultura, aliás), mas que resolveu o caso.

Para tornar a coisa ainda mais ambiental, há pouco tempo passamos a usar saquinhos de leite. Eu compro o leite não pasteurizado, de saquinho, que não tem os problemas nutricionais daquele da caixinha, e de quebra ganho um vaso. Adequadamente cortado e ainda por cima virado do avesso, o saquinho de leite vira um vaso interessante. Mas aí veio outro desenvolvimento tecnológico. Um litro de solo é muito pouco para um pé de tomate. O morango, que temos aqui também, vive bem neste espaço, mas o tomate não.
Inventamos então um super-saquinho de leite, que é feito da união de dois saquinhos.

Agora temos um vaso de mais de três litros de solo. Como dois saquinhos de um litro se unem para dar um de mais de três, é matemática muito complexa para este espaço...

Naturalmente eu estou longe, mas longe mesmo, de conseguir atingir a autosuficiência nos tomates, morangos e maracujás. Mas eu prefiro gastar meu tempo regando tomates, morangos, maracujás, e uvas do que samambaias. Planta por planta, aqui pelo menos tem umas que pagam um pouco o trabalho que temos com elas.

No meu trabalho, inclusive, a parreira que temos lá não se paga só com uva, mas com sombra também. No inverno caem as folhas e bate sol, no verão temos sombra. É uma cobertura destas que se abrem, mas que funciona sozinha !

Afora todas estas vantagens, tem o benefício pedagógico. As crianças adoram ver os tomatinhos, morangos e maracujás, e algumas já levaram suas mudinhas para casa. Estas crianças estão assimilando a idéia que lugar de plantar para comer não é só na “roça”.

As cidades seriam mais humanas se cada um cuidasse de algumas plantinhas úteis, e dividissem a produção com seus amigos e parentes. Daqui do meu apartamento, eu vejo o grande jardim de uma casa simples, cujo dono não teve dinheiro nem para termina-la direito. De vez um quando, eles até pagam um senhor para cortar o mato. Este jardim poderia estar produzindo verduras para consumo próprio e para vender, se o pai e a mãe, ao invés de ficar gritando com seu filho o dia inteiro, fizessem algo de produtivo para eles e também para seu filho.

Mas além da extensão territorial que já temos neste país, ter também um mínimo de cabeça talvez seja pedir demais...

Sobre o Autor

Efraim Rodrigues: Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim@efraim.com.br) é doutor pela Universidade de Harvard, Professor Adjunto de Recursos Naturais na Universidade Estadual de Londrina, Consultor do Programa Fodepal da FAO-ONU e Editor da Editora Planta, sem fins lucrativos.

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