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Grito de Alerta

por Rubens Shirassu Júnior *
publicado em 18/09/2004.

A vida intensa de Diógenes Magalhães foi permeada pela associação constante de seu registro sobre a impunidade e violência dos pseudo-profissionais. E nesta via escreve Acuso! (170 pgs, 4ª. Edição, pela Edições Coisa Nossa, Rio de Janeiro, 2003) como meio de exaltar a capacidade de receber pelos poros o impulso necessário para se atingir uma tal capitulação de vida e ideal. Porque através da vivência plena de humilhação (no caso, os treze anos e meio de psicanálise), ou, mesmo que o ideal de fazer justiça através da denúncia, posto que não mente, tem a esperança de conscientizar o seu público leitor para uma outra vida.

Suas cartas-depoimento repletas de violência, crueldade e ironia, pretendem dilacerar um ramo da Saúde (a Psicologia) uma instituição que condiciona e até suicida o homem na sociedade e, ao mesmo tempo, ele sonha com a possibilidade de uma nova consciência na sociedade brasileira. Assim, a trilogia psicanálise, prisão e tortura se confundem. Pode-se tentar anular a vida de um ser que reflete e questiona o sistema opressor, para fazer nascer, metafisicamente, a nova vida que, por mais escusa, sufocada e evitada, existe em latência, em energia e força.

Em seu Acuso!, Diógenes Magalhães recupera a verdadeira razão de ser. O livro é muito mais do que uma história de violência, arrogância e autoritarismo da psicologia no Brasil. É, sobretudo, um relato pungente do efeito de aniquilação a que a fragilidade das instituições e a crescente desigualdade social impõem aos habitantes da sociedade global. Basta lembrar, para tanto, a contundente análise feita por Antonin Artaud sobre o assassinato implícito de Van Gogh - situação essa, aliás, vivida pelo próprio Artaud, que durante boa parte de sua vida viveu confinado em hospícios e definhou com câncer depois de, já consagrado, ver sua peça radiofônica "Para Acabar com o Juízo de Deus" impedida de difusão por um censor que a considerou ofensiva demais para os ouvidos franceses. O drama de Artaud, repetição do drama de Van Gogh, como de Diógenes Magalhães, no Rio de Janeiro, igual de Austregésilo Carrano Bueno, em Curitiba, vem-se repetindo no decorrer da história e, certamente está ocorrendo hoje, agora, com não poucos criadores de pintura, poesia ou prosa.

Magalhães dá um soco no estômago do leitor, apesar da sua lucidez e vigor, o grito de surpresa e indignação do homem e intelectual ao se perceber vítima e sufocado pelo combalido sistema de relações pessoais e institucionais do mundo atual. No entanto, graças às cartas-capítulos seguras e emocionadas do autor, é possível identificar o desejo e as suas frustrações, demonstrando talento e perseverança pelos 26 livros editados, entre contos, poesias, estudos psicanalíticos e político-sociais, 4 em inglês e 3 de estudos lingüísticos.

Acuso! coincide no mesmo ano de lançamento do filme "Bicho de Sete Cabeças", de Lais Bodansky, inspirado no relato autobiográfico "Canto dos Malditos", de Austregésilo Carrano Bueno, escrito no final dos anos 70. Depois de três anos internado, Bueno tornou-se militante do movimento antimanicomial. Ironicamente, a denúncia de Diógenes Magalhães, que ninguém queria editar, sai do forno como um grande relato/reportagem e tem tudo para se tornar um dos maiores sucessos do gênero depoimento da literatura brasileira deste ano. Com toda justiça!

Sobre o Autor

Rubens Shirassu Júnior: Designer artístico, jornalista e autor entre outros de Religar às Origens (Ensaios, 2003) e Oriente-se: Manual de Procedimentos no Japão, 1999.
É o autor da coluna OLHO MÁGICO na VERDES TRIGOS.

Contato: jrrs@estadao.com.br

Veja também o "ORIENTE-SE: Manual de Procedimentos no Japão"
Edição Independente de Rubens Shirassu Júnior
Site do Livro: http://www.stetnet.com.br/orientese/

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