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Saudade das Cartas

por Rubens Shirassu Júnior *
publicado em 26/07/2004.

Trocar cartas é cada vez mais raro na era do e-mail. Trocar cartas é uma questão de resistência. E resistência é para quem tem coragem. Coragem para por a mão na caneta e sujar o papel, coragem para colocar as cartas nos correios. Mais que epístolas, desafiadores da pressa, desafiadores da tecnologia. Para ser bem sucedido nessa função, é preciso rapidez no gatilho; cinco cartas por dia, dez cartas, vinte...É preciso também constância. Muitos escritores, poetas, tradutores ou ensaístas foram grandes epistoleiros. Mais de séculos trocando palavras envelopadas e assim, com amor, ódio, revolta, reflexão, alegria, tristeza, sentimentos que perpassam as letras. Mas, desde a época mais remota tanto os museus como as grandes bibliotecas do Brasil possuem um imenso acervo sobre a correspondência de autores como Fernando Pessoa, Mário de Andrade, Drummond, Manuel Bandeira e tantos outros. Nas cartas, a marca individual dos artesões do verbo em rotação, a chama que não se apaga num frio e breu que é além dos que nos tenham separado as geografias. Talvez, seja assim que escritores e pessoas comuns, mesmo os mais díspares esteticamente, conversavam – longa e verticalmente. Não sei de outro modo que não a carta para oferecer as faces da alma no coração do homem.

No momento, o brasileiro está esquecendo do hábito de escrever cartas. Está escrevendo mensagens curtas, secas e truncadas via e-mail (correio eletrônico). E por quê? Porque os compromissos e o dinheiro ficaram pesados na vida, tornando as pessoas mais preocupadas. E a tradicional carta de papel, pouco a pouco, perde expressão e influi na estrutura dos correios no mundo, por sinal, hoje oferecem outras opções de serviços. Uma vez ou outra, você recebe um bilhete dentro de um livro, como um cartão postal, de Natal ou Ano Novo.

Alguns “moderninhos” perguntam sobre a necessidade de nos desvencilhar de uma certa angústia da palavra escrita, que pode conter, inclusive, um certo autoritarismo estético, algo como esforçando para cumprir uma missão, que não deixa de ser uma catequese. Outros argumentam que o ambiente da descontração e do entretenimento nos domina e o impulso do desfrute nos chama.

Quantas impressões estufaram envelopes, sobrando pelas laterais da pasta de plástico que o elástico mal contém. Séculos de epistolagem nos andaram a vida vadia. E como aéreo do ar que nos move os dias, trocar correspondências é igual à garrafa que lançada no mar guarda para si o inenarrável mistério de seu destino.

Sobre o Autor

Rubens Shirassu Júnior: Designer artístico, jornalista e autor entre outros de Religar às Origens (Ensaios, 2003) e Oriente-se: Manual de Procedimentos no Japão, 1999.
É o autor da coluna OLHO MÁGICO na VERDES TRIGOS.

Contato: jrrs@estadao.com.br

Veja também o "ORIENTE-SE: Manual de Procedimentos no Japão"
Edição Independente de Rubens Shirassu Júnior
Site do Livro: http://www.stetnet.com.br/orientese/

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