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Pulso instantâneo

por Manoel Hygino dos Santos *
publicado em 30/03/2009.

Quando JK resolveu inventar Brasília, transformando em realidade um sonho pluricentenário de governantes desde o Império, prestou, com a indispensável colaboração de Israel Pinheiro, eminentemente um construtor, uma relevante contribuição extra: criava um polo literário e intelectual no Planalto, além da sede de governo.

Formou-se um polo no coração geográfico do país, ao longo das primeiras décadas da capital federal. O que poderia parecer mais dificultoso aconteceu, pois Brasília hoje abriga e vê florescer e sedimentar um dos mais expressivos núcleos de inteligência e das artes brasileiras. Entidades ali fundadas exercem primorosamente o seu papel, movidas pela inteligência, pela sensibilidade e pela cultura de numerosos e competentes profissionais.

Com alegria, sempre registro a produção dos homens e mulheres que moram em Brasília, e em Brasília se entregam a tão nobres ofícios: de laborar com as letras. É gente que veio, às vezes, de longe, e hoje amam Brasília.

Alguns são mineiros, que se transferiram de suas cidades e das capitais maiores, como São Paulo e Rio de Janeiro, e realizaram uma espécie de estágio na terra abençoada por Dom Bosco. Transformaram o acampamento de candangos do planalto em verdadeira metrópole, dedicando-se a misteres administrativos na área pública, mas também às letras.

Entre os autores nascidos neste Estado mais atuantes e fecundos, está Ánderson Braga Horta, que lançou, em 2008, "Pulso instantâneo", pela Thesaurus. Mas tesouro é também esta nova criação de Ánderson, que - aos 14 anos - decidiu tomar o caminho já trilhado pelos pais.

Ánderson Braga Horta é "especialista" em clínica geral. Poeta de excelente nível, contista, cronista, crítico, ensaísta, é ainda tradutor de elevado conceito. Sua bibliografia é ampla e conceituada, desde que se decidiu pelas letras, a partir de 1954, quando viu publicado o seu primeiro conto, aliás incluído em "Pulso instantâneo".

Agora são 21 contos, que exigem do leitor atenção e sensibilidade, por que não são simples relatos de situações e episódios. São páginas de rara beleza, expressas no tom e tessitura exigidos conteúdo, que revelam o bom escritor nascido em Carangola. Não resta dúvida de que a genética funciona também na literatura, como se evidencia.

Vejamos: Ánderson de Andrade Horta, nascido em Tombos, MG, pai de Ánderson, formou-se em Direito. Desde estudante escreveu, editou o jornal literário "Átomo", exerceu a profissão, foi professor, deixou uma série de poemas e um romance inédito.

A mãe, Maria Braga Horta, nasceu no arraial de Bom Jesus da Cachoeira Alegre, município de Muriaé. Com 12 anos, já fazia versos, publicando-os em "O Manhumirim", mas também em jornais do Rio de Janeiro, Espírito Santo e outros estados. Figurou em antologias e, postumamente, publicou-se o seu "Caminho de Estrelas".

Em "Pulso Instantâneo", encontram-se vários Ándersons: o lírico, o surrealista, o dramático, o misterioso, todos com a marca do exímio prosador. Há, ainda, o autor marcado pelo regionalismo das gerais, como em "A jardineira", em que se revivem as águas barrentas de um rio refletindo tristemente o sol pálido. E o drama contido na narração.

"Um vulto na estrada" evoca um território especial do Brasil, terra de tão bons escritores: "Entardece na pequena cidade mineira. Na praça deserta, um homem sob a chuva. Homem? Pouco mais que uma criança. No entanto, exibe já na fronte os vincos do muito imaginar, e na pele as cores da insônia. Está fatigado, viajou de perua todo o dia".

Em muito do livro, a busca do homem à indagações maiores. "Já soam tambores", num trêmulo sinistro. Marcho com a dignidade dos cegos, em vão me empurram. Mãos atadas às costas, venda nos olhos. Pressinto o muro à minha frente, param-se, voltam- se o dorso contra ele. Mas o muro verdadeiro não é este..." E o amor: "Ei-la de novo, linda! Creio que estou ficando louro, sim, louco de amor por ela. Mergulho no lençol de seus cabelos..." Para quem aprecia boa literatura, eis aí.

Sobre o Autor

Manoel Hygino dos Santos: *Jornalista e escritor. Membro da Academia Mineira de Letras, cadeira n. 23.

Livros publicados:
Vozes da Terra , Ed. do Autor , Belo Horizonte , 1948 , Contos e Crônicas
Considerações sobre Hamlet , Ed. Imprensa Oficial de Minas Gerais , Belo Horizonte , 1965 , Ensaio Histórico – Literário
Rasputin – último ato da tragédia Romana , Ed. Júpiter , Belo Horizonte , 1970 , Ensaio
Governo e Comunicação , Ed. Imprensa Oficial , Belo Horizonte , 1971 , Monografia
Hippies – Protesto ou Modismo , Ed. Júpiter , Belo Horizonte , 1978
Antologia da Academia Montes-Clarense de Letras , Ed. Comunicação , Belo Horizonte , 1978 , Coordenação de Yvonne de Oliveira Silveira
Sangue em Jonestown, uma tragédia na Guiana , Ed. Júpiter , Belo Horizonte , 1979 , Ensaio
No rastro da Subversão , Ed. Faria , Belo Horizonte , 1991 , Ensaio
Darcy Ribeiro, o Ateu , Ed. Fumarc , Belo Horizonte , 1999 , Biografia
Notícias Via Postal , Ed. do Autor , Belo Horizonte , 2002 , Correspondências


E-mail: colunaMH@hojeemdia.com.br
Matéria originalmente publicada no Jornal "Hoje em Dia", Belo Horizonte/MG

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