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FHC e a salvação da lavoura

por Noga Lubicz Sklar *
publicado em 12/02/2009.

Não sei se vai dar José Serra. Não se vai dar Aécio Neves. Ou quem sabe um brilhante terceiro (ainda desconhecido do público eleitoreiro). Mas, mesmo assim, sim, tucanei: resolvi me declarar uma fã de FHC de primeira hora. E não é por causa da liberação da maconha não, gente, não me entendam mal que eu nem fumo faz um bom tempo, mas, cá entre nós, entendo perfeitamente o transtorno criminoso causado em nossa sociedade pela longevidade de mais este tabu inútil: quem quer se drogar, se droga. Não importa o preço. Não importa o tiro.

O caso é que ontem mesmo eu estava conversando com meu marido Alan (ui) sobre nossas pátrias de origem. Os Estados Unidos, segundo ele - e, claro, segundo as estatísticas também -, abrigam não sei quantas das melhores faculdades do mundo, enquanto o nosso Brasil, tsk tsk, mesmo com a "poderosa" USP está lá pelos quatrocentos e tanto, se tanto. "Mas, Alan", eu perguntei, "como é que um país de mentes tão brilhantes, e tão bem preparadas, não consegue por fim a tantas trapalhadas?" E me arrisquei: "No Brasil, por exemplo, esse paisinho chinfrim de terceiro mundo, quando FHC era Ministro da Fazenda juntou uma turma, pensou um plano, botou pra funcionar e... voilà: foi adeus à hiperinflação de um dia para o outro. E olhe que a coisa foi tão bem feita, a trama tão bem urdida, que até hoje, 15 anos depois do ocorrido e, pasme, com todos os absurdos já cometidos... a inflação continua baixa."

Alan segue explicando porque nos maravilhosos Estados Unidos as coisas não funcionam, ou, pelo menos, tem relutado tanto em funcionar. Entre os motivos alegados estão a ganância da classe política, a infecção consumista, mais um câncer econômico, digamos, que afeta os cidadãos a nível nunca imaginado (na Oprah, no outro dia, vi uma mulher que tinha 30 cartões de crédito e devia uma fortuna a todos eles... no Brasil, imaginem, isso jamais aconteceria) e outras muitas picuinhas capitalistas que tenho preguiça de lembrar.

Talvez, no fundo no fundo, a coisa seja outra. Tenho lido bastante nestes últimos dias, por exemplo, sobre a vida e a obra de Darwin, um pioneiro de 200 anos (hoje é o aniversário dele) que até hoje não foi superado. Leio a respeito no NY Times (mas está também na Veja), e descubro fascinada que o "bottom line" (pra não fugir à expressão da moda) das descobertas dele foi o tempo que ele tinha pra pensar, para elaborar, pra chegar com toda a calma do mundo às conclusões geradas por minuciosas observações, numa falta absoluta de pressões e sem sofrer por carência de verbas, males que assolam a ciência moderna e, pelo que se viu, também a política, a economia, a vida normal de todos os dias: reflexão; tempo pra pensar. Ah. Tudo bem. Tem gente que até hoje rejeita totalmente a teoria da evolução das espécies, prefere acreditar que o mundo foi feito mesmo em apenas sete dias. Ops: seis. E nem vou entrar no mérito da "vontade divina" sobre todas as coisas.

Agora. É claro que nem todo o tempo do mundo fará refletir sobre os destinos do mundo (sim, repeti) aquele cuja mente inculta desconhece, por absoluta falta de prática e exiguidade de aprendizado, o hábito vago do pensamento, taí: um infortúnio que assola, em tempos de inform(ação) frenética, quase que a humanidade inteira. E não: diferente do que muita gente pensa, refletir, meditar e, em última instância, optar por um jeito de viver que permita isso na rotina diária, não tem nada a ver com a posição das estrelas, com o espírito nova-era ou coisa que o valha. Neste ponto, imagino, a maconha liberada talvez até ajudasse: fumar maconha, todo mundo sabe, predispõe a uma certa leseira e, segundo alguns, a uma realçada criatividade.

O que sei é que Fernando Henrique, nosso trigésimo quarto, é bem este tipo de personalidade pensadora: um sociólogo, um professor e um sujeito de destaque em nossa sociedade brasileira. Já salvou uma erva (na gíria da minha época, está no aurélio: erva=dinheiro) da morte certa. Tomara que acabe salvando outras. Vida longa (e bem-pensada) à tucanada, dá um jeito aí nessa turma indisciplinada, FHC.

Sobre o Autor

Noga Lubicz Sklar: Noga Lubicz Sklar é escritora. Graduou-se como arquiteta e foi designer de jóias, móveis e objetos; desde 2004 se dedica exclusivamente à literatura. Hierosgamos - Diário de uma Sedução, lançado na FLIP 2007 pela Giz Editorial, é seu segundo livro publicado e seu primeiro romance. Tem vários artigos publicados nas áreas de culinária e comportamento. Atualmente Noga se dedica à crônica do cotidiano escrevendo diariamente em seu blog.

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