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A história do lixo

por Efraim Rodrigues *
publicado em 06/06/2008.

Até duas décadas atrás, a história do lixo em Londrina era igual a qualquer outra. Tínhamos um lixão bem longe da cidade onde ninguém ia. Curitiba, por exemplo, também tinha o seu, que há bem mais que duas décadas ficava onde hoje é o teatro Guaíra. Daí para frente, muita coisa diferente aconteceu nas duas cidades

Há mais de uma década o ex-prefeito Cheida comprou uma usina de compostagem por coisa de milhão de reais e não a instalou. Nenhum dos sucessores tampouco o fez. Ainda que o destino da usina de compostagem pudesse ser igual ao da usina de reciclagem de entulho que foi desativada, pelo menos isto causaria o incômodo de ter que parar algo que estava funcionando. Nem isto.

A usina de compostagem londrinense enferruja na indústria que a construiu, aguardando que o cliente a retire, e o cliente não vai retirá-la porque está muito mais preocupado com a próxima eleição que com o bem da cidade, e não irá investir em projeto de um concorrente à Prefeitura. A história nos conta situação similar. O prestígio de Nero andava em baixa em Roma quando ele preferiu colocar fogo na cidade a ver seu poder discutido.

Recentemente um grande empresário da cidade, ao que parece unido com um dos vereadores da “Câmara onde nem tudo tem propina” citando frase deles próprios, montou uma empresa de tratamento de resíduos. Ótima medida, comemorada por todos ambientalistas. Agora, ninguém mais pode dizer que não tem o que fazer com seu lixo.
A mesma prefeitura cujo ex-secretário do ambiente falou a pérola que “Londrina não precisa compostar porque recicla” agora vem impedir grandes produtores de lixo de colocarem seu lixo na calçada e isto logo após o início das atividades do tal empreendimento.

Apoio totalmente a decisão do Juiz Aurênio Silva de obrigar a prefeitura a recolher o lixo. Ainda que ela vá contra o princípio fundamental do poluidor-pagador, ela força a prefeitura que não quer compostar a resolver o problema de outra forma. A prefeitura não quer compostar ? Então que chafurde no lixo criado por si própria.

Se por outro lado, ela quiser compostar, que faça como os educadores do nosso projeto ligados na pilha de compostagem em escolas. Primeiro aprendemos a compostar o lixo de nossas casas, para só daí ensinar para uma escola como ela deve fazer.

Cada um dá o exemplo que pode. Enquanto uns compostam, outros se queimam.

Sobre o Autor

Efraim Rodrigues: Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim@efraim.com.br) é doutor pela Universidade de Harvard, Professor Adjunto de Recursos Naturais na Universidade Estadual de Londrina, Consultor do Programa Fodepal da FAO-ONU e Editor da Editora Planta, sem fins lucrativos.

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