Crônicas,contos e outros textos

PÁGINA PRINCIPAL LISTA DE TEXTOS Rubens Shirassu Júnior


COMPARTILHAR FAVORITOS ver profile do autor fazer comentário Recomende para um amigo Assinar RSS salvar item em delicious relacionar no technorati participe de nossa comunidade no orkut galeria relacionar link VerdesTrigos no YouTube fazer uma busca no VerdesTrigos Imprimir

São Miguel das Missões Verdes Trigos em São Miguel das Missões/RS - Uma viagem cultural

VerdesTrigos está hospedado no Rede2

Leia mais

 




 

Link para VerdesTrigos

Se acha este sítio útil, linka-o no seu blog ou site.

Anuncie no VerdesTrigos

Anuncie seu livro, sua editora, sua arte ou seu blog no VerdesTrigos. Saiba como aqui

Sérgio e Stanislaw Ponte Preta

por Rubens Shirassu Júnior *
publicado em 17/08/2003.

Para reunir tantas esquisitices em sua coluna diária na imprensa carioca, Sérgio Marcos Rangel Porto (nascido a 11 de janeiro de 1923, no Rio de Janeiro) contava com a colaboração dos amigos, que depositavam em sua gaveta na redação frases tiradas de banheiros públicos. Qualquer fato inusitado entrava no Febeapá (Festival de Besteiras que Assola o País), um catálogo de episódios grotescos que faziam rir e pensar. No Diário Carioca, nos anos 50, adotou o pseudônimo Stanislaw Ponte Preta (inspirado no personagem Serafim Ponte Grande, de Oswald de Andrade) para assinar uma coluna social. A notoriedade só veio na revista Manchete, onde inventou a seção “As Mulheres mais bem despidas do ano” – para contrapor “as mais bem vestidas” – em que apresentava as “certinhas do Lalau”, beldades da época que desfilavam com o umbigo de fora.

Os amigos diziam que se apaixonava até por manequim de boutique. Mas ele avisava: “Ninguém entende de mulher, nem o diabo. Se ele entendesse não tinha chifre.” Teve duas esposas, três filhas e inúmeras amantes. “Era um pai severo. Não nos deixava brincar na rua nem dormir na casa de amigas”, contou a ISTOÉ a filha mais velha, Gisela. Após 23 anos no banco, pediu demissão e assumiu um ritmo de trabalho frenético. Chegava a passar mais de dez horas datilografando notas para programas de rádio e a coluna no Último Hora, que estreou em 1954. Só se levantava para mudar o disco de jazz da vitrola ou ir ao banheiro (tinha a estranha mania de, às vezes, urinar na pia e não no vaso sanitário).

De Bandeira Arriada

À noite, tornava-se galã de tevê – ou “máquina de fazer doido”, como preferia chamar – e apresentava suas “certinhas” no programa de Flávio Cavalcanti. Também fazia comentários mordazes sobre política na TV Excelsior. Na hora de dar boa-noite e listar as próximas atrações, certa vez Stanislaw recomendou o filme Os Sete Pecados Capitais, em especial uma cena em que havia um strip-tease num táxi. “Acho que vocês não podem perder. Pelo menos para saber se o motorista fica de bandeira em pé ou arriada.” Sérgio encontrava tempo para desbravar madrugadas nos bares. Mão aberta, pagava rodadas e rodadas de cerveja e não se recusava a emprestar dinheiro aos amigos – mas não sabia cobrar. E batia ponto no Maracanã, todos os domingos, para ver seu Fluminense.

Era muito pique para um coração frágil demais. O primeiro infarto veio aos 36 anos. “Em casa, cumpria a dieta alimentar e tomava os remédios. Abolimos a banha de porco e passamos a usar só óleo Mazola, que era a última palavra em combate ao colesterol”, lembra a filha Ângela. Na rua, porém, a vida lhe reservava fortes emoções. “Não é nenhum tabu que, quando o uísque dele virou xarope, começou a cheirar cocaína”, afirma Ângela. Sérgio sobreviveu a outros quatro infartos, até morrer de insuficiência cardíaca, a 30 de setembro de 1968, aos 45 anos. “Prefiro viver assim até os 40 do que vegetar até os 80”, dizia.

Frases Feitas

“A prosperidade de alguns homens públicos do Brasil é uma prova evidente que eles vêm lutando pelo progresso de nosso subdesenvolvimento”.

“Uma feijoada só é realmente completa quando tem uma ambulância de plantão”.

“Certos produtores de televisão dão tanto em cima das artistas que deviam receber ordenado de reprodutores”.

“No Brasil a imunidade parlamentar existe para muitos poucos deputados. Para a grande maioria o que existe mesmo é a impunidade parlamentar”.
(Do livro “Máximas Inéditas de Tia Zulmira”, Editora Codecri, 1976.)

“Estava mais duro do que nádega de estátua”.

“Carro é como mulher: só é bom pra quem tem dois”.

“Consciência é como vesícula, a gente só se preocupa com ela quando dói”.

"Difícil dizer o que incomoda mais, se a inteligência ostensiva ou a burrice extravasante”.

“O terceiro sexo já está quase em segundo”.

“Dono de cartório de protesto é uma espécie de cafetão da desgraça alheia”.

“Mulher e livro, emprestou, volta estragado”.

“Os valores morais são os únicos que conservaram os preços de antigamente”.

“O sol nasce para todos, a sombra pra quem é mais esperto”.

Sobre o Autor

Rubens Shirassu Júnior: Designer artístico, jornalista e autor entre outros de Religar às Origens (Ensaios, 2003) e Oriente-se: Manual de Procedimentos no Japão, 1999.
É o autor da coluna OLHO MÁGICO na VERDES TRIGOS.

Contato: jrrs@estadao.com.br

Veja também o "ORIENTE-SE: Manual de Procedimentos no Japão"
Edição Independente de Rubens Shirassu Júnior
Site do Livro: http://www.stetnet.com.br/orientese/

< ÚLTIMA PUBLICAÇÃO | TODAS | PRÓXIMA>

LEIA MAIS


Sofisma da divisão, por Airo Zamoner.

Antonioni não conheceu Antônio, por Márcia Frazão.

Últimos post´s no Blog Verdes Trigos


Busca no VerdesTrigos